
A Suécia ocupa
uma superfície de 449.964km2 na península escandinava, no extremo norte do
continente europeu. Limita-se a oeste e noroeste com a Noruega, a nordeste com
a Finlândia, a leste com o golfo de Bótnia, a sudeste com o mar Báltico e a
sudoeste com o mar do Norte. No extremo sul, um estreito a separa da Dinamarca.
Geografia
física
Geologia e
relevo. A Suécia apresenta uma topografia de formas relativamente simples, que
reflete uma estrutura geológica bastante uniforme. Todo o território sueco, com
exceção da pequena península de Scania, é constituída de rochas muito antigas,
da era paleozóica. São granitos e gnaisses, formados há dois bilhões de anos ou
mais, que integram o chamado escudo fino-escandinavo, que abrange toda a
península escandinava. Já a Scania é formada de rochas calcárias originadas na
era mesozóica, provavelmente no cretáceo.
As principais
elevações encontradas na Suécia são as cadeias montanhosas que se erguem na
fronteira com a Noruega. São remanescentes de dobramentos caledonianos que
sofreram processos erosivos e tomaram sua forma atual nos levantamentos alpinos
da era cenozóica, posteriormente trabalhados pela erosão glacial. Sentem-se os
efeitos da glaciação em depósitos de morainas, vales em U, lagos glaciais e
todas as demais formas típicas.
Do norte para
o sul, a Suécia é tradicionalmente dividida em três regiões: (1) Norrland, a
região das montanhas e florestas, onde estão os picos mais elevados, o monte
Kebne ou Kebnekaise (2.111m) e o monte Sarek ou Sarektjåkkå (2.089m); (2)
Svealand, uma zona de baixadas (no leste) e planaltos (no oeste), onde estão as
maiores concentrações urbanas e a maioria dos lagos do país; e (3) Götaland,
que abrange os planaltos modestos de Småland, zona de solos pobres e rochosos,
e, no extremo sul, as ricas planícies de Scania, que, graças aos solos ricos
formam a área agrícola mais povoada do país.
Clima. Cerca
de 15% do território sueco está situado ao norte do círculo polar ártico e, até
mesmo Estocolmo, no sul, tem noites curtas no verão e períodos igualmente
curtos de luz solar no inverno. A corrente quente do golfo ameniza as condições
climáticas do território sueco. As baixas temperaturas de inverno conseguem
congelar, porém, as águas do golfo de Bótnia.
A zona
interior do norte do país recebe neve forte e apresenta temperaturas
extremamente baixas, que podem chegar a -40°C, enquanto no sul os invernos
variam mais de ano a ano e trazem temperaturas mais suaves (médias em janeiro
de -5 a 0° C) e muito menos neve. Os verões no sul e no centro tendem a ser
ensolarados e amenos. A precipitação anual oscila entre 1.000mm, na costa
ocidental do sul da Suécia, e 700mm, na costa oriental.
Hidrografia.
Cerca de 90.000 lagos cobrem aproximadamente 8,6% do território sueco. O maior
deles é o Vänern, alimentado pelo rio Klar-Göta; com 5.585km2, é o terceiro da
Europa em superfície. A rede hidrográfica notabiliza-se pelo volume de água e
pela ocorrência de quedas d'água, intensamente aproveitadas na produção de
energia elétrica. Os rios do norte do país atravessam florestas e deságuam no
golfo de Bótnia, geralmente em grandes estuários.
O rio
Torne-Muonio, que faz a fronteira com a Finlândia, tem 570km e é o maior rio
totalmente sueco. Outros rios importantes são o Pite, o Skellefte, o Ume, o
Vindel, o Angerman e o Indals. Os poucos rios meridionais têm curso breve.
Flora e fauna.
A ampla variação de latitude e altitude determina diversificação na flora
sueca. Há quatro regiões vegetais bem definidas: (1) regiões alpinas, acima de
480m ao norte e de 900m ao sul, com espécies arbustivas e gramíneas; (2)
florestas de bétulas, que predominam ao norte, abaixo da faixa alpina; (3)
florestas de coníferas, que são as mais extensas e cobrem toda a área a
nordeste do lago Vänern, do nível do mar até 900m de altitude; são entremeadas
ao sul por carvalhos, freixos, bordos, olmeiros e outras árvores caducas; e (4)
florestas de faias, restritas à região de Scania.
A lebre, o
arminho, a doninha, o esquilo e a raposa são comuns em todo o país, além do
alce, a caça mais importante. O urso é protegido, e, como o lobo e o lince,
acha-se limitado às florestas do norte. A rena selvagem está totalmente
extinta, mas na Lapônia há grandes rebanhos domesticados. Os pássaros são
abundantes, sobretudo no verão e na primavera; em toda a Suécia são muito
comuns narcejas e tarambolas. Os rios e lagos são geralmente piscosos, com
abundância de trutas, salmões e percas.
População
O povo sueco é
etnicamente bastante homogêneo, com exceção da pequena minoria de lapões que
habitam o extremo setentrional da Escandinávia. A língua oficial do país é o
sueco, falado por toda a população. O idioma pertence ao grupo germânico
nórdico das línguas indo-européias. As províncias históricas têm seus próprios
dialetos, que estão desaparecendo gradualmente, ante a influência dos meios de
comunicação de massa. A minoria lapônia de Norrland, cuja ocupação tradicional
é o pastoreio de grandes manadas de renas, conserva seu idioma, da família
fino-úgrica, assim como costumes próprios. Cerca de noventa por cento da
população pertence à Igreja Evangélica Luterana da Suécia. Os restantes são
católicos, ortodoxos gregos ou muçulmanos.
O crescimento
da população foi bastante moderado ao longo do século XX. Para isso contribuiu
o aumento do nível de vida e a industrialização do país. O grupo etário com
mais de 60 anos é maior do que o que tem menos de 15 anos, e a expectativa de
vida é bastante elevada. A maioria dos imigrantes provém de outros países
nórdicos, com pequeno número de representantes da América Latina, Oriente
Médio, Iugoslávia, Turquia e Grécia.
A região de
Norrland é muito pouco povoada: a maioria de seus habitantes vive na costa do
mar Báltico. Mais de oitenta por cento da população sueca é urbana. As
principais cidades do país são Estocolmo, a capital, às margens do Báltico;
Göteborg, à margem do Kattegat; e Malmoe, perto da capital dinamarquesa,
Copenhague. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A Suécia tem
uma economia de mercado desenvolvida e amplamente baseada nos setores de
serviços, indústria pesada e comércio internacional. O produto nacional bruto
tem crescido mais rapidamente do que a população, e a renda per capita está
entre as mais altas do mundo. A maioria das empresas suecas é de propriedade
privada. A Suécia também enfrentou problemas de competitividade que levaram
suas indústrias a investir mais no exterior do que no próprio país. A maioria
das grandes indústrias suecas são transnacionais e algumas empregam mais
pessoas no exterior do que na Suécia, onde os custos de produção são muito
altos.
Agricultura,
pecuária e pesca. A agricultura representa menos de quatro por cento do produto
interno bruto e emprega um percentual equivalente de mão-de-obra. As culturas
mais importantes são trigo, cevada, aveia, batata e beterraba, e o rendimento
agrícola sueco está entre os mais altos do mundo. A criação de gado
(principalmente suíno e bovino) e a produção de leite é altamente desenvolvida.
A pesca é um
setor pequeno da economia sueca. Por acordos internacionais, o país perdeu
algumas de suas áreas pesqueiras tradicionais no mar do Norte. Pesca-se
arenque, bacalhau, linguado, cavalinha, salmão, camarão e lagosta. Göteborg é o
principal porto e mercado pesqueiro.
Extrativismo
vegetal. A madeira é uma das grandes riquezas da Suécia. As áreas florestais
produtivas cobrem mais de dois terços do país e pelo menos metade dessas áreas
pertence à iniciativa privada. A exploração das florestas suecas está cuidadosamente
regulamentada por lei. Além dos produtos tradicionais -- madeira, polpa e papel
--, a extração vegetal interessa à produção de raiom, plásticos, tintas,
resinas e terebintina.
Energia e
mineração. O mais importante recurso mineral da Suécia é o minério de ferro,
cujos maiores depósitos encontram-se nas áreas situadas ao norte do círculo
polar ártico. Existem também importantes jazidas de ouro, cobre, prata, chumbo
e zinco. O governo controla em grande parte a produção de ferro e aço.
A Suécia não
dispõe de grandes recursos de combustíveis fósseis e por isso precisa importar
petróleo, gás natural, carvão e combustível nuclear enriquecido para alimentar
as usinas nucleares. A energia hidrelétrica, contudo, é abundante, graças aos
desníveis dos cursos de água em Norrland.
Indústria. Bem
desenvolvida e diversificada, a indústria sueca é responsável por mais de um
quinto do produto interno bruto e emprega mais de vinte por cento da
mão-de-obra. Predominam indústrias pesadas, voltadas sobretudo para a produção
de veículos, aviões, maquinaria, além de chapas de ferro e aço. A indústria
leve se concentra em produtos eletrônicos, equipamentos de telecomunicações,
processamento de plásticos e metais e vidraria. Outras indústrias produzem
equipamentos farmacêuticos e médicos, petroquímicos e alimentos processados.
Finanças e
comércio. A maior parte dos bancos suecos são privados, assim como as
importantes sociedades financeiras, que controlam grande parte das empresas
industriais. O comércio exterior é vital para a economia sueca, já que as
exportações são responsáveis por mais de um terço do produto nacional bruto. A
ênfase passou da exportação de produtos como polpa de madeira, serragem e aço
para automóveis, equipamentos de telecomunicações e outros produtos acabados.
Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Noruega, Finlândia e Dinamarca compram
mais de metade dos produtos exportados pela Suécia.
Transportes. A
Suécia tem uma rede ferroviária e rodoviária altamente desenvolvida e a maioria
das famílias têm no mínimo um carro. Os aeroportos de Estocolmo, Göteborg e
Malmoe operam vôos domésticos e internacionais. Os portos de Göteborg e
Estocolmo estão entre os mais importantes dos vinte portos que manipulam o
comércio internacional. (Para dados econômicos, ver DATAPÉDIA.)
História
Pré-história.
Ao final do período glacial, por volta de 12.000 a.C., o Báltico era um lago de
água doce, e uma faixa de terra unia a península escandinava ao continente.
Acredita-se que através dela realizaram-se as primeiras migrações humanas,
atraídas pela caça abundante que procurava refúgio nas densas florestas de
pinheiros que cobriam parte do atual território sueco. Os primeiros traços de
vida humana na Suécia datam de 9000 a.C e foram encontrados perto de Malmoe, no
extremo sul do país.
Entre 5000 e
3500 a.C., as águas salgadas do oceano transbordaram para o Báltico, o clima se
amenizou, o carvalho substituiu o pinheiro e um primitivo núcleo de
agricultores deixou vestígios de sua passagem por todo o sul do país. Outras
tribos ocuparam a região, e, por volta de 1500 a.C., estabeleceram-se relações
comerciais entre a Suécia e a Europa continental. A expansão celta, cerca de
mil anos depois, interrompeu esse intercâmbio.
A cultura da
idade do ferro durou de aproximadamente 400 a.C. ao ano 400 da era cristã,
período em que desenvolveu-se o comércio com o Império Romano. O historiador
romano Tácito fez a primeira descrição do povo germânico que vivia na região
centro-oriental da Suécia.
Expansão sueca
e unidade nacional. Os mais antigos textos assinalam a presença de uma
monarquia sacerdotal sueca, com centro em Uppsala, na região de Uppland. Mais
ao sul, os godos ocupavam a Gotlândia oriental (Östergötland) e a Gotlândia
ocidental (Västergötland). Em data incerta, entre os séculos VI e IX, o reino
sueco de Uppsala gradativamente subjugou as áreas godas adjacentes.
Durante o
período viquingue, iniciado por volta do ano 800, os suecos penetraram a região
báltica, a Finlândia e o norte da Rússia e controlaram o curso dos rios Dnieper
e Volga, importantes rotas comerciais com Bizâncio e o Oriente Médio.
A Suécia foi
cristianizada por missões inglesas e alemãs no século XI, embora a resistência
tenaz dos proprietários rurais e viquingues retardasse o desenvolvimento da
igreja. A nova religião firmou-se inicialmente na área do Västergötland, onde
foi batizado o rei Olaf Skötkonung. Seus descendentes, depois de convertidos,
enfrentaram os partidários do culto local, centralizado em Uppsala. Quando esse
importante núcleo cultural e político tornou-se arcebispado em 1164, ficou
assegurado o triunfo da igreja.
Nessa época,
porém, a Suécia ainda era uma frágil federação de províncias, e a monarquia
via-se periodicamente sacudida por conflitos entre dinastias rivais e por
outros choques entre a coroa e a nobreza fundiária. Durante os dois primeiros
séculos de cristianismo, surgiram duas dinastias, uma fundada pelo rei Sverker
e outra pelo rei Erik, mais tarde santo Erik, patrono da Suécia. A despeito de
conflitos internos, os suecos expandiram-se para o leste, pelas rotas
exploradas pelos viquingues, em cruzadas contra finlandeses, estonianos e
russos.
Em meados do
século XIII, as guerras civis chegavam ao fim. A mais importante figura sueca
desse período foi Birger Jarl, da dinastia Folkung, que transformou a Suécia
num estado tão forte quanto seus vizinhos e fixou a capital em Estocolmo.
Sucedeu-lhe o filho Magnus Ladulås e, mais tarde, Birger Magnusson.
Em 1319,
Magnus II Eriksson ascendeu ao trono e herdou também a coroa da Noruega, unindo
os dois reinos. Os anos de paz que se seguiram marcaram uma época de progresso
econômico e cultural. A fronteira com os russos fixou-se em 1323. Nos últimos
anos de seu reino, porém, Magnus II Eriksson empenhou-se em guerras
malsucedidas contra a Rússia e a Dinamarca, e adotou uma política fiscal
contrária aos interesses do clero e da nobreza. O rei da Dinamarca, Valdemar
IV, aproveitou-se do descontentamento que reinava entre os suecos para, em
1360, retomar os territórios cedidos a eles e ocupar a região da Gotlândia.
A paz entre os
dois países foi selada três anos depois pelo casamento de Haakon, filho de
Magnus II Eriksson, com Margarida, filha e herdeira de Valdemar IV. Preocupados
com os problemas que a sucessão de Haakon suscitaria, a nobreza sueca
revoltou-se e proclamou rei a Alberto de Mecklenburg. Após a morte do rei
Valdemar e de Haakon, os líderes da aristocracia entraram em acordo com
Margarida, que se tornou regente da Dinamarca, da Noruega e também da Suécia,
após a deposição de Alberto.
União
escandinava. Em 1397 a rainha Margarida I estabeleceu a União de Kalmar,
confederação dos três grandes reinos nórdicos -- Suécia, Noruega e Dinamarca --
e designou como seu sucessor Erik da Pomerânia, que tentou fundi-los numa
monarquia absoluta. Uma revolta popular, dirigida mais contra o absolutismo
real do que contra a união escandinava, pôs fim ao reinado de Erik em 1439.
O Conselho de
Estado tomou o poder, que manteve mesmo após a eleição de Cristóvão da Baviera.
A participação do povo nas lutas de independência obrigou a sua inclusão no
Parlamento, ao lado dos nobres, do clero e da burguesia. Durante o final do
século XV e início do XVI, os governantes suecos e dinamarqueses disputaram o
controle da união escandinava.
Dinastia Vasa.
Coroado em 1520, Cristiano II da Dinamarca ordenou em novembro do mesmo ano o
chamado "banho de sangue de Estocolmo", um verdadeiro massacre dos
líderes da oposição local. Três anos mais tarde, o filho de uma das vítimas da
matança, Gustavo Vasa, à frente de um exército de mineiros e camponeses,
proclamou a independência sueca, expulsou dinamarqueses e noruegueses do país e
foi coroado rei. Seu reinado, que durou quase quatro décadas, deu origem ao
estado sueco moderno. Seus descendentes mantiveram a dinastia durante cerca de
250 anos, quase sem interrupção.
Gustavo I
criou um governo central forte, apoiado por eficientes forças terrestres e
navais, promoveu o comércio exterior, a agricultura, a mineração e o comércio
interno. Também fundou a igreja nacional sueca, após desapropriar os bens da
Igreja Católica. Aceitando as doutrinas de Lutero e desafiando a autoridade
papal, Gustavo I tornou a Suécia o primeiro país a romper relações com Roma.
Em 1560, com a
morte de Gustavo I, a monarquia sueca, transformada de eletiva em hereditária,
estava consolidada. A coroa foi transmitida a Erik XIV, seu filho mais velho.
Em 1568, porém, João, irmão de Erik, uniu-se a outro irmão, Carlos, depôs o rei
sueco e subiu ao trono como João III. Casado com uma irmã do rei polonês, João III
tentou aproximar-se do catolicismo, apesar da oposição do povo sueco. Seu filho
Sigismundo, católico fervoroso, herdou em 1587 o trono polonês. Ao ascender
mais tarde ao tronco sueco, tentou estabelecer também o catolicismo no país, o
que desencadeou uma revolta que levou ao trono seu tio, Carlos IX, em 1599.
Gustavo II
Adolfo, filho de Carlos IX, foi um dos soberanos mais capazes da história da
Suécia. Herdou o trono, quando o país engajava-se em campanhas militares contra
a Polônia, a Dinamarca e a Rússia. Com a ajuda do chanceler Axel Oxenstierna,
Gustavo II pôde executar uma série de medidas notáveis, que fizeram de seu
reinado uma das grandes épocas da história sueca e graças às quais o país se
elevou à condição de grande potência. Seus esforços conduziram ao fim da guerra
com a Dinamarca (1613) e a Rússia (1617). O armistício com a Polônia (1629)
também favoreceu a Suécia.
À época de sua
morte, na batalha de Lützen, em novembro de 1632, a Suécia já dominava quase
toda a costa do mar Báltico. Sua filha Cristina sucedeu-lhe no trono aos seis
anos de idade. O chanceler Axel Oxenstierna chefiou o Conselho de Regência até
a maioridade da rainha. A paz de Vestfália, concluída durante o reinado de
Cristina, em 1648, pôs fim à guerra dos trinta anos e consagrou a hegemonia
sueca naquele mar. Convertida ao catolicismo, Cristina abdicou em 1654, em
favor de seu primo Carlos Gustavo, que reinou sob o título de Carlos X.
Na guerra
contra os dinamarqueses, durante seu reinado, a Suécia conquistou Scania,
Blekinge, Halland e Bohuslän, com o que estabeleceu suas atuais fronteiras
naturais. Sucedeu-lhe, em 1660, seu filho Carlos XI. Durante a menoridade
deste, o poder foi exercido por uma regência, que fundou o Banco da Suécia e a
Universidade de Lund, em 1668. Entre 1675 e 1679, a Suécia voltou a entrar em
guerra com a Dinamarca e a Noruega, que haviam invadido a região de Scania.
Durante o reinado de Carlos XI, assistiu-se ao florescimento das artes, ao
desenvolvimento de Estocolmo e à plena incorporação das províncias
dinamarquesas e norueguesas à Suécia.
A morte do
rei, em 1697, levou ao trono sueco seu filho Carlos XII, cujo reinado foi
marcado pelos resultados catastróficos de sua derrota na grande guerra nórdica
(1700-1721), contra a Dinamarca, a Polônia e a Rússia. Depois de perder a
batalha decisiva em Poltava (1709), o rei fugiu para a Turquia. Retornou cinco
anos depois, acompanhado por um único soldado. Ao tentar invadir a Noruega,
depois de reorganizar suas forças, morreu em 1718.
Monarquia
constitucional. Com a morte de Carlos XII, subiu ao trono da Suécia sua irmã,
Ulrika Eleonora. As forças constitucionalistas no Exército e na administração,
cuja influência crescera depois da derrota sueca frente à Rússia, forçaram-na a
aceitar a condição de rainha eleita e jurar obediência a uma constituição que
seria elaborada pelo Parlamento. Coroada em 1719, Ulrika Eleonora, de
temperamento autoritário, não se ajustou às novas condições políticas do país e
abdicou, em 1720, em favor do marido, Frederico de Hessen-Kassel. O novo
reinado iniciou-se com a assinatura em 1721, da paz de Nystad, que cedia à
Rússia a Íngria, a Estônia, a Livônia e parte do sudeste finlandês.
No Parlamento
formaram-se dois partidos, o dos "chapéus" (alusão ao formato dos
quepes militares), decididos a recuperar pela força os territórios perdidos, e
o dos "gorros" (alusão aos barretes de dormir), favoráveis a uma
política pacífica. Os "gorros" dominaram o governo de 1738 a 1765 e,
na tentativa de anular as conseqüências do Tratado de Nystad, foram novamente
derrotados pela Rússia, que ocupou a totalidade da Finlândia em 1742.
O problema
sucessório que se criou após a morte de Ulrika Eleonora, sem herdeiros diretos,
permitiu à Suécia negociar a devolução da Finlândia em troca da designação do
candidato da Rússia, Adolfo Frederico de Holstein-Gottorp, como herdeiro
presuntivo. Adolfo Frederico subiu ao trono em 1751, em virtude da morte de
Frederico I. Dominado por sua mulher Luísa Ulrika -- irmã de Frederico o Grande
da Prússia --, o rei tentou sem êxito, mediante um golpe de estado, recuperar o
poder real. O resultado da malograda tentativa foi o completo afastamento da
família real do sistema de governo.
Gustavo III,
filho de Adolfo Frederico, liderou uma revolta popular, em 1772, que conseguiu
recuperar o prestígio da coroa. Com o auxílio de Maria Antonieta, da França,
repeliu os russos e venceu-os na batalha de Svensksund, em 1790. A guerra
deixou como resíduo uma situação de instabilidade interna, agravada por
considerável desgaste financeiro. A dissensão interna atingiu então seu auge, o
que resultou numa conspiração contra o rei, que foi assassinado em 1792 por um
oficial do Exército.
Com 13 anos de
idade, subiu ao trono Gustavo IV, sob a regência de seu tio Carlos, duque de
Södermanland. Quatro anos depois, em 1796, Gustavo IV assumiu o governo.
Uniu-se então a uma coalizão da Inglaterra, da Rússia e da Áustria, contra a
França, com o que terminou por perder as últimas possessões suecas na Alemanha.
Pelo Tratado de Tilsit (1807), Napoleão e Alexandre I da Rússia concordaram em
atacar a Suécia se ela não declarasse guerra à Inglaterra. Ante a recusa de
Gustavo IV, a Finlândia foi invadida. Em março de 1809 o rei foi deposto. O
Parlamento reformou a constituição para limitar os poderes do trono e elegeu
rei o então regente Carlos, sob o título de Carlos XIII, que reinou até 1818.
Dinastia
Bernadotte. Carlos XIII morreu sem deixar descendentes. A escolha do novo
soberano recaiu portanto sobre um dos marechais de Napoleão, Jean Bernadotte,
eleito príncipe da coroa em 1810. Ao invés de atacar a Rússia e recuperar a
Finlândia, como se esperava, o herdeiro designado aliou-se aos inimigos de
Napoleão e atacou a Dinamarca. Como compensação pela perda da Finlândia, exigiu
a Noruega. Os dinamarqueses renderam-se, mas os noruegueses, após declararem
sua independência, escolheram como rei um príncipe dinamarquês, Cristiano
Frederico.
Ante a ameaça
militar de Bernadotte, Frederico renunciou ao trono e endossou a união com a
Suécia, ratificada em 1815. Foi essa a última guerra de que a Suécia
participou. Posteriormente, em 1818, Bernadotte ascendeu ao trono como Carlos
XIV João e fundou a atual casa da Suécia. Depois de um reinado pacífico, foi
sucedido em 1844 por seu filho Oscar I, que deu prosseguimento à política de
paz e progresso interno. Seguiram-se Carlos XV e seu irmão Oscar II, em cujo
reinado se deu a dissolução da união com a Noruega, em 1905, e se consolidaram
no Parlamento os três partidos chaves da vida política sueca durante o século
XX: o Conservador, o Liberal e o Social Democrático.
Século XX.
Coroado em 1907, Gustavo V teve o reinado mais longo da história sueca: 43
anos. Durante a primeira guerra mundial, o país manteve sua neutralidade, mas o
comércio exterior foi seriamente afetado, o que causou graves problemas de
abastecimento. Até 1917, conservadores e liberais alternavam-se no governo. O
período entre guerras foi marcado, contudo, pela ascensão do Partido Social
Democrático, que empreendeu uma ampla política para combater a crise econômica da
década de 1930.
Por ocasião da
eclosão da segunda guerra mundial, o governo social-democrata, liderado pelo
primeiro-ministro Per Albin Hansson (que se elegeria para o cargo outras três
vezes), fortaleceu a defesa e proclamou a neutralidade do país. A guerra
russo-finlandesa levou à formação de um governo de coalizão, com representantes
de todos os partidos. A invasão nazista da Dinamarca e da Noruega isolou do
Ocidente a Suécia, que, muito fraca militarmente, foi obrigada a fazer várias
concessões à Alemanha, sobretudo quanto ao trânsito de tropas e armas.
Terminado o
conflito em 1945, os social-democratas voltaram a governar isoladamente. No ano
seguinte, a Suécia tornou-se membro das Nações Unidas e, com a morte de
Hansson, Tage Fritiof Erlander tornou-se primeiro-ministro. O período 1946-1950
assinalou amplas reformas no campo da previdência e da assistência social,
assim como na expansão das universidades e de todo o ensino superior. Em 1950,
ascendeu ao trono o rei Gustavo VI. As conquistas sociais foram ampliadas em
1959, com a lei que garantia pensão compulsória a todos os trabalhadores, e que
os conservadores viam como uma ameaça de completa socialização do país.
Uma nova
reforma eleitoral, em 1968, estabeleceu o sistema unicameral a ser adotado em 1971.
O último Parlamento bicameral, eleito em 1968, consolidou a supremacia dos
social-democratas. No ano seguinte, a Suécia mudou de chefe de governo pela
primeira vez desde 1946: o primeiro-ministro Tage Erlander renunciou e foi
substituído por Olof Palme. A partir de então os social-democratas não
obtiveram mais a maioria nas eleições, mas sempre formaram o governo com o
apoio dos comunistas. Em 1973, morreu o rei Gustavo VI Adolfo, o último a deter
de fato o poder político, antes da reforma constitucional de 1971. Sucedeu-lhe
seu filho, Carlos XVI Gustavo.
Nas eleições
de 1976 o governo social-democrata foi derrotado. Formou-se uma coalizão de
centristas, liberais e conservadores, e o líder do partido do centro, Thorbjörn
Fälldin, assumiu o cargo de primeiro-ministro, pondo fim a 44 anos de domínio
ininterrupto da social-democracia no país. Fälldin renunciou em outubro de
1978, em virtude de um impasse criado em torno do principal ponto de seu
programa de governo: o uso da energia nuclear para gerar eletricidade. Para
substituí-lo foi escolhido outro representante da mesma coalizão, o liberal Ola
Ullsten.
Após as
eleições gerais de 1979, Fälldin voltou a formar gabinete, apoiado numa coalizão
de centristas, moderados e liberais. Dois anos depois, o Partido Moderado se
retirou, e Fälldin formou novo governo. Os social-democratas triunfaram no
pleito de 1982 e voltaram ao poder. Seu líder, Olof Palme, realizou, como chefe
de governo, uma política de rigorosa contenção de despesas e, no plano externo,
enfrentou problemas nas relações com a União Soviética, acusada de realizar
manobras submarinas em águas suecas.
Os
social-democratas foram confirmados no poder nas eleições de 1985, mas tiveram
que se aliar aos comunistas para conquistar a maioria parlamentar. Em fevereiro
de 1986, Palme foi baleado por um desconhecido em Estocolmo e morreu pouco
depois. O vice-primeiro-ministro, Ingvar Gösta Carlsson, assumiu o poder.
Quatro anos depois, depois que os comunistas e o Partido Verde recusaram-se a
apoiar as medidas de austeridade propostas pelo governo para conter a inflação,
Carlsson renunciou, mas depois de preparar um conjunto de medidas mais
moderado, formou novo governo.
Nas eleições
gerais de 1991, porém, os social-democratas saíram derrotados e foram
substituídos no governo por uma coalizão de quatro partidos não-socialistas,
encabeçada pelo líder do Partido Moderado, Carl Bildt. As primeiras medidas
econômicas do novo primeiro-ministro destinaram-se a fortalecer a economia de
mercado e reduzir os gastos do governo, com a finalidade de tirar o país da
recessão. No mesmo ano, iniciaram-se as negociações para a admissão do país na
União Européia.
Nas eleições
gerais de setembro de 1994, os social-democratas voltaram ao poder, com Ingvar
Carlsson como primeiro-ministro. Dois meses depois, os suecos aprovaram, em
plebiscito, o ingresso do país na União Européia, programado para 1º de janeiro
de 1995. A decisão pôs fim a um longo período de distanciamento do país com
relação ao continente europeu, em que se manteve uma política de neutralidade e
de defesa dos países do Terceiro Mundo.
Instituições
políticas
A Suécia é uma
monarquia constitucional e hereditária, com forma parlamentar de governo. Sua
constituição data de 1809 e foi revista em 1975. O monarca é o chefe de estado,
mas não exerce poder político. Suas responsabilidades são apenas cerimoniais. O
poder legislativo é exercido pelo Parlamento unicameral (Riksdag), cujos
membros são eleitos por voto direto para um mandato de três anos. O poder
executivo é exercido pelo gabinete, sob a liderança do primeiro-ministro, que é
escolhido de acordo com sua capacidade de controlar a maioria votante no
Riksdag. O partido político mais importante do país, o Social Democrático, está
aliado aos sindicatos.
O sistema
judicial consta de três níveis e é presidido pela Corte Suprema. O código civil
sueco apresenta grande semelhança com os da Noruega e da Dinamarca. A figura do
ombudsman (defensor do povo) é uma instituição originalmente sueca e tem sido
imitada por muitos países, como o Reino Unido e a Espanha. Sua principal tarefa
é controlar os possíveis excessos da administração e garantir o respeito aos
direitos dos cidadãos.
A Suécia é um
estado unitário dividido em 24 län (condados), à frente de cada um dos quais há
um governador nomeado pelo executivo. Em cada län há também um conselho
eletivo, assim como em cada um dos 284 municípios do país. Parte dos serviços
de saúde e bem-estar social são controlados pelos län e municípios. Estes
últimos administram também o ensino primário.
Sociedade
A imagem da
Suécia no exterior é a de um estado moderno que promove o bem-estar de seus
cidadãos, mediante políticas quase socialistas destinadas a garantir segurança
ao povo e uma distribuição igualitária da renda. O país montou uma das mais
abrangentes redes de serviço social do mundo, financiada também por um dos mais
altos impostos de renda. O sistema de seguridade social oferece benefícios
bastante abrangentes.
Praticamente
toda a população sueca é alfabetizada. Público e gratuito, o sistema de ensino
é obrigatório entre os 6 e os 15 anos. A educação de adultos é uma importante
característica do sistema educacional sueco. Pelo menos metade da população
adulta está matriculada em algum curso de extensão. Das 13 grandes
universidades suecas, as mais importantes são as de Uppsala, Estocolmo e
Göteborg.
As condições
de saúde na Suécia são boas se comparadas às de outros países. A mortalidade
infantil é baixa e a expectativa de vida ao nascer, alta. O número de médicos
disponíveis para atender a população também é elevado. Todas as comunidades
dispõem de centros de atendimento médico primário. Para atendimento altamente
especializado, o país divide-se em seis grandes regiões, cada uma das quais tem
no mínimo um grande hospital com vários especialistas e está ligado a uma
escola médica para pesquisa e ensino. (Para dados sobre sociedade, ver
DATAPÉDIA.)
Cultura
O nível
educacional e cultural dos cidadãos suecos é muito alto. Numerosas instituições
culturais, como a Ópera Real Sueca de Estocolmo, a Academia Sueca, a Real
Academia de Letras, História e Antiguidades, a Biblioteca Real e a Real
Academia Sueca de Ciências, foram fundadas na capital, no século XVIII.
A Fundação
Nobel, criada pelo químico e industrial sueco Alfred Nobel, organiza anualmente
a cerimônia de concessão do Prêmio Nobel a nomes da ciência, da literatura e da
política. Os químicos e físicos laureados são escolhidos pela Real Academia
Sueca de Ciências, enquanto a indicação para o prêmio de literatura é feita
pela Academia Sueca.
Literatura. O
primeiro nome da literatura sueca aclamado internacionalmente foi o de August
Strindberg. No início do século XX a romancista Selma Lagerlöf tornou-se a
primeira escritora do país a ganhar o Prêmio Nobel de literatura. Muitos outros
autores contemporâneos, porém, mereceram reconhecimento internacional. Podem
ser citados entre eles Hjalmar Bergman, romancista e dramaturgo de tendência
introspectiva; Pär Lagerkvist, ganhador do Prêmio Nobel de 1951; Carl Artur
Vilhelm Moberg, romancista de tendência socialista; e, na poesia, o escritor
proletário Harry Edmund Martinson.
Artes.
Inspirada no nacionalismo romântico do final do século XIX, a arte moderna
sueca produziu pintores como Carl Larsson, Bruno Liljefors e Anders Leonard
Zorn. Carl Milles, que dominou a escultura monumental na década de 1920, é
igualmente famoso no exterior. Na Feira Mundial de Paris, em 1925,
estabeleceu-se uma importante conexão entre a indústria sueca e os designers,
que revolucionou o desenho industrial. Criou-se a partir de então um estilo
cujas principais características são a funcionalidade e a seriedade aliada a
uma extrema elegância de linhas.
O cinema
sueco, apesar de sua produção reduzida em termos quantitativos, apresenta uma
longa tradição e é uma das mais importantes da Europa. O cineasta Ingmar
Bergman é um dos maiores nomes do cinema mundial.
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