A história da França, um dos países mais antigos do Ocidente,
confunde-se com a história da Europa e do próprio mundo. Na França nasceram o
absolutismo monárquico, personificado na figura de Luís XIV, e a revolução
burguesa, que marco
u o nascimento de uma nova era.
A França, localizada no oeste da Europa, ocupa uma área de
543.965km2. Limita-se ao norte com o canal da Mancha e o mar do Norte; a
nordeste com a Bélgica, a Alemanha e Luxemburgo; a leste com a Suíça e a
Itália; ao sul com Mônaco e o mar Mediterrâneo; a sudoeste com Andorra e a
Espanha; e a oeste com o oceano Atlântico. O território francês, que tem forma
hexagonal, mede cerca de mil quilômetros tanto entre os pontos extremos ao
norte e ao sul (da cidade de Dunquerque aos Pireneus, na fronteira com a
Espanha), quanto a oeste e leste (da península da Bretanha ao rio Reno).
Geografia física
Geologia e relevo. A grande planície européia, que começa
na Sibéria ocidental, afunila-se para oeste e termina no sopé dos Pireneus.
Assim, as planícies francesas formam uma unidade morfológica: a bacia
sedimentar de Paris está ligada pelo rio Poitou à bacia da Aquitânia, a qual,
por sua vez, se liga ao vale do Ródano-Saône pelo corredor de Carcassone. Além
das bacias sedimentares, os maciços hercinianos e as montanhas alpinas formam
os outros conjuntos fisiográficos da França, completando em síntese os traços
fundamentais do relevo do continente europeu.
Os maciços hercinianos formaram-se há cerca de 345-225
milhões de anos. Posteriormente, esses relevos foram aplanados pela erosão e
ressurgiram pelo dobramento alpino, há aproximadamente 3,5 a 2,5 milhões de
anos. Distinguem-se dois ramos: o oriental e o ocidental. O primeiro inclui as
Ardennes, no norte, que contêm as estreitas gargantas dos rios Mosa (Meuse) e
Sambre; os Vosges, que separam a bacia de Paris da região da Renânia, a leste,
cujo ponto culminante é o monte Guebwiller (1.424m); e a parte oriental do
maciço Central. O ramo ocidental inclui, além da parte oeste do maciço Central,
o maciço Armoricano, no extremo oeste da França, onde se encontra o monte Avaloirs
(417m), ponto mais alto das planícies ocidentais.
O imenso maciço Central, onde nasce grande parte dos rios
da França, apresenta fenômenos vulcânicos nas linhas de fratura resultantes da
orogenia alpina. Por sua extensão, representou um obstáculo para as
comunicações com o interior do país e permaneceu isolado durante muito tempo.
As bacias de rochas sedimentares não apresentam grande
extensão se comparadas com as do nordeste da Europa e, em conseqüência da
orogenia alpina, sofreram diversas compressões que resultaram em elevações e
dobramentos em alguns pontos. Entre essas planícies, destaca-se a bacia de
Paris, que compreende uma série de planaltos - Brie, Île de France, Vallois -
que descem em direção ao interior e à região de Paris-Orléans.
As planícies do Loire se estendem ao longo do rio de mesmo
nome que, com seus afluentes, corta os planaltos e colinas da região. A bacia
da Aquitânia, menor que a de Paris, é cortada pelo rio Garona e situa-se entre
os Pireneus e o maciço Central. O litoral, com mais de três mil quilômetros de
extensão, possui um relevo que varia desde a costa retilínea e arenosa do oeste
à suave planície que desce em direção ao mar do Norte, depois de passar pelo
litoral da Bretanha, onde desembocam vários rios.
As montanhas da idade alpina são os Pireneus, os Alpes e o
Jura. Os Pireneus constituem uma barreira natural entre a França e a Espanha,
com extensão superior a 450km, interrompida por estreitos passos localizados a
grandes altitudes. O lado espanhol é mais elevado que o francês, onde se
destaca o pico de Vignemale (3.298m). Os Alpes franceses fazem parte de uma
vasta cordilheira que se estende por outros países europeus e estabelece um
limite natural entre a França, a Itália e a Suíça. Nessa fronteira, em
território francês, se localiza o monte Branco (4.807m), ponto culminante dos
Alpes. O Jura localiza-se a noroeste dos Alpes. É uma cadeia de montanhas de
300km de extensão, entre o Ródano e o Reno, cujo pico mais alto é a Crista de
Neve (1.723m).
Clima. A localização da França, na parte ocidental do
continente europeu, entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, conjugada a
sua grande extensão, permite que o país desfrute de grande variedade de climas.
A latitude, a direção das cadeias de montanhas e a topografia também contribuem
para definir quatro tipos diferentes de climas: oceânico, continental,
mediterrâneo e de montanha.
O clima oceânico é característico das faixas costeiras do
noroeste, especialmente da Bretanha. A temperatura média é de 11o C, as
precipitações são bem distribuídas e freqüentemente acompanhadas de brumas e
névoas. A região recebe influência da massa polar úmida e dos ventos que sopram
do oeste. Mudanças bruscas de tempo são freqüentes.
O clima continental estende-se principalmente pelas
planícies do leste e decorre da influência da massa polar seca, com invernos
mais rigorosos e longos, embora ensolarados. As precipitações são menos
abundantes e mal distribuídas, com tempestades violentas durante o verão e
maior quantidade de chuvas nos maciços. A bacia de Paris apresenta clima
intermediário entre o oceânico e o continental.
No sul da França impera o clima mediterrâneo, assim como
na planície do Ródano e nas áreas meridionais de algumas cadeias de montanhas,
caracterizadas por invernos brandos e verões quentes, com temperaturas que
chegam a 35o C. Durante o outono e a primavera registram-se fortes tempestades.
No verão, instala-se o ar seco vindo do Saara e os dias se tornam quentes e
luminosos. No baixo Ródano, sopra às vezes o "mistral", vento que vem
do norte e torna os dias particularmente frios.
O clima de montanha, característico dos Alpes, Pireneus,
Vosges e maciço Central, é marcado por invernos muito longos e muito frios,
nevadas fortes e geadas freqüentes. Chove tanto no inverno quanto no verão,
sempre curto e fresco.
Hidrografia. Embora não se incluam entre os maiores do
mundo, os rios franceses desempenham importante papel na economia do país.
Destacam-se pelo potencial energético e pela navegabilidade, pois, sujeitos a
clima temperado e úmido, não congelam e correm sempre com apreciável volume de
água. Os principais sistemas hidrográficos da França deságuam no Atlântico e no
canal da Mancha, onde formam estuários. Estão unidos por uma rede de canais.
O Reno, que nasce na Suíça, percorre 180km da fronteira
oriental, estabelece durante parte de seu curso o limite entre a França e a
Alemanha. Seus principais afluentes franceses são o Mosa e o Ill. A navegação
no Reno, de grande importância, é feita por meio de canais paralelos. O Sena
(Seine) nasce na Côte d'Or, passa por Paris e Rouen e segue para noroeste até
desembocar no canal da Mancha, no grande estuário em frente ao Havre, após
percorrer 776km. É navegável, assim como seus afluentes Aisne e Marne, e se
liga à bacia do Reno por uma série de canais.
O maior rio francês em extensão é o Loire, com 1.010km,
que não é navegável devido à irregularidade de seu curso. Nasce no maciço
Central e desemboca no oceano Atlântico. Entre os principais rios da França, o
mais curto (575km) é o Garona, que nasce nos Pireneus espanhóis, drena a região
sudeste da França e desemboca no oceano Atlântico, formando com o rio Dordogne
um amplo estuário denominado Gironda. O Ródano é o rio mais caudaloso do país.
Ligado à bacia do Reno por um canal, atravessa de norte a sul a região de Lyon
para desembocar no mar Mediterrâneo.
Os lagos franceses são muitos: lagos de geleiras,
localizados nos Alpes (Genebra, Annecy e Bourget) e Pireneus; de origem
vulcânica, situados principalmente no maciço Central; e os de barragem, separados
do mar, de forma parcial ou total, por cordões arenosos.
Flora. Apesar da devastação a que foi submetida durante
séculos, a França tem a quarta parte de seu território recoberto por florestas
reconstituídas. A flora mediterrânea ocupa o sudoeste do país, onde predominam
florestas de azinheiras, cuja degeneração deu lugar ao maqui - formação
arbustiva fechada própria de solos silicosos - e às garrigues, formação
estépica, em solo calcário. Nos Alpes marítimos e nos Pireneus orientais
ocorrem carvalhos, castanheiros, pinheiros e lariços. Nas altitudes maiores
predomina a vegetação alpina.
A flora não mediterrânea apresenta, da Bretanha até o
nordeste e na região central da França, o carvalho séssil e a faia européia.
Nas regiões oeste e sudoeste ocorrem várias espécies de carvalho, o castanheiro
e a bétula. Nas regiões montanhosas prevalecem os abetos, faias, pinheiros e
lariços. Acima do limite da floresta, geralmente composta de coníferas, aparece
a vegetação alpina.
Fauna. O território francês foi, em tempos remotos, uma
encruzilhada onde animais de diversas origens se encontraram e se miscigenaram,
o que resultou numa fauna relativamente rica. A fauna selvagem habita sobretudo
as montanhas e florestas. Destacam-se a raposa, o javali e o urso, extinto nos
Alpes mas ainda encontrado nos Pireneus, onde também há águias.
População
Durante a Idade Média, o território francês foi uma região
de trânsito dos muitos povos e movimentos migratórios que percorriam o
continente em várias direções. A população francesa resulta de inúmeras
contribuições humanas recebidas ao longo da história.
As duas influências dominantes -- dos celtas, cuja
imigração para a França ocorreu entre os séculos VI e I a.C., e dos romanos,
cujo domínio sobre o território se deu do século II a.C. ao V da era cristã -- correspondem às
diferenciações regionais da França: o norte francês é mais germânico e o sul,
mais latino. A heterogeneidade racial, contudo, não impediu que os franceses
desenvolvessem um forte sentimento nacionalista.
A língua oficial é o francês moderno, de origem neolatina,
que se firmou em todo o país desde a revolução de 1789. Em áreas periféricas do
país, línguas diferentes subsistem paralelamente ao francês: o bretão, no oeste
da península da Bretanha, o basco, nos Pireneus, junto ao golfo de Gasconha; o
catalão, no Roussillon, junto à mesma cordilheira; o dialeto alsaciano,
variante do alemão (semelhante ao dialeto suíço), falado na Alsácia; e o
flamengo, na fronteira belga. O provençal, de raiz latina, sobrevive apenas
como curiosidade literária.
A religião predominante na França é o catolicismo,
principalmente no meio rural. Entretanto, apesar de sua vinculação ao Vaticano,
a Igreja Católica francesa conserva características nacionais. Assinalam-se
ainda minorias de judeus, protestantes (luteranos e calvinistas) e maometanos.
Uma das principais características da demografia francesa
é a estagnação da taxa de crescimento da população desde o final do século XIX.
Essa situação deve-se a uma série de fatores, como o controle da natalidade,
que, na França, foi implantado no final do século XVIII, muito antes das outras
nações. Também houve influência das idéias difundidas pela revolução francesa
(adoção do divórcio, predominância da vida urbana, individualismo, diminuição do
sentimento religioso) e as várias guerras que desde então o país enfrentou, com
enorme perda de vidas humanas. Nesse sentido, foi especialmente dramática a
segunda guerra mundial, quando morreram cerca de 1,4 milhão de franceses.
Em 1938, o estado iniciou um programa destinado a
incrementar a natalidade. Foram postas em prática medidas como ajuda financeira
a famílias que tivessem filhos, maiores cuidados sanitários e incentivos
psicológicos. Os primeiros resultados dessas medidas surgiram nas décadas que
se seguiram à segunda guerra mundial, quando ocorreu acentuado aumento da
população, resultado sobretudo da conjugação de três fatores: o retorno de um
milhão de franceses ao país, ao final do período de colonização de Marrocos,
Argélia, Tunísia e Indochina; aumento da natalidade; e chegada de grande número
de imigrantes.
A taxa de natalidade se manteve alta até a década de 1960,
quando houve uma redução importante, devida, em grande parte, à difusão dos
contraceptivos orais. Ao mesmo tempo, a taxa de mortalidade caiu, devido à
melhoria das condições sanitárias.
As conseqüências dessa evolução demográfica se
manifestavam na composição da população na segunda metade do século XX. Devido
às baixas masculinas provocadas pelas guerras mundiais, o número de mulheres
era bem maior que o de homens e o número de pessoas em idade ativa, bastante
reduzido se comparado ao número de anciãos e de jovens. A população dependente
do trabalho de outros, portanto, era muito elevada.
Os movimentos populacionais, sobretudo a chegada de
grandes contingentes de imigrantes, sempre tiveram muita importância na França.
A emigração, ao contrário, não é muito significativa. Há dois tipos de
imigração: um de caráter político e outro econômico. O primeiro se deve ao
liberalismo francês, que admitiu grande número de refugiados políticos. Entre a
primeira e a segunda guerras mundiais, três milhões de imigrantes chegaram à
França. A imigração de caráter econômico deveu-se à necessidade de mão-de-obra,
que permitiu, num primeiro momento, a chegada de pessoas do resto da Europa
(italianos, poloneses, espanhóis e belgas). Depois da segunda guerra mundial,
juntaram-se aos imigrantes europeus os oriundos das antigas colônias:
argelinos, marroquinos e tunisianos, principalmente. A partir de 1974, em
função das dificuldades financeiras, a França fechou as portas à imigração.
Devem ainda ser assinalados dois tipos de movimentos
demográficos internos. O primeiro, das montanhas para as planícies, provocou o
despovoamento de algumas regiões. O outro movimento interno é do campo em
direção à cidade, que provocou grande aumento da população urbana. O êxodo
rural afetou especialmente Paris, onde, no fim do século XX, quase metade da
população havia nascido fora da área metropolitana.
Marselha, Lyon, Toulouse, Nice, Nantes, Estrasburgo,
Bordéus, Lille, Saint-Étienne e Grenoble, junto com Paris, são os núcleos que
concentram a maior parte da população. As áreas mais despovoadas são as
montanhas (Pireneus, Alpes e maciço Central), regiões de solos pobres (Landas e
Sologne), e as áreas rurais isoladas. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A França apresenta uma economia muito desenvolvida e é um
dos países mais industrializados do mundo. Até meados do século XIX, a economia
era essencialmente agrícola, com importantes atividades artesanais. O
desenvolvimento dos transportes, na segunda metade do século XIX, acelerou a
concentração, em certas áreas, de atividades industriais. Métodos modernos de
fabricação em série foram implantados após a primeira guerra mundial.
Depois da segunda guerra mundial, mais exatamente a partir
de 1950, o governo francês estabeleceu algumas medidas protecionistas de seus
produtos frente aos estrangeiros, que foram paulatinamente abandonadas à medida
que a indústria francesa se modernizou, tornando-se mais competitiva. Na década
de 1970 a produção industrial cresceu 33% mas, a partir de 1980,
estabilizou-se.
Agricultura. A França possui solos excelentes para o
cultivo de cereais, o que a torna um dos poucos países europeus com excedentes
agrícolas para exportar. A principal região produtora é a bacia de Paris. A
tradição agrícola remonta a épocas muito antigas, mas a mecanização do campo
alterou a agricultura de subsistência e gerou o êxodo rural, a especialização
dos cultivos e a expansão das lavouras. A maior parte das terras cultiváveis é
utilizada para a produção de cereais e uva, principais produtos agrícolas do
país.
A França está entre os grandes produtores mundiais de
trigo e, na Europa, tem uma das maiores produções de arroz - plantado
principalmente no sul (Camargue). O milho híbrido, destinado à forragem, é
cultivado principalmente na região sudoeste. A produção de cevada (Alsácia e
Borgonha) cresceu em função da indústria da cerveja.
É grande a produção de vinhos na França. Destinam-se ao
mercado interno, mas há excedente para exportar para todo o mundo. São
produzidos basicamente três tipos de vinho: (1) os grandes vinhos, chamados
vins d'appellation ou vins de cru, que têm a qualidade controlada pelo governo
desde o início do século XX; (2) os "vinhos transformados" (bebidas
semelhantes ao vinho): o champagne, o cognac, o armagnac, batizados de acordo
com sua região de origem; e (3) os vinhos comuns, ou vins de consommation,
vendidos em copos no varejo. Somente os dois primeiros são exportados. Os
melhores vinhos franceses provêm dos pequenos vinhedos localizados em áreas
específicas: o vale do rio Loire, a Borgonha, as Côtes du Rhône, a Alsácia e o
Jura.
A beterraba, plantada no norte para fabricação de açúcar,
a batata, frutas, hortaliças e flores também são produtos importantes.
Assinala-se ainda o cultivo de plantas aromáticas para a indústria de perfumes.
Pecuária, recursos florestais e pesca. No fim do século
XX, o rebanho de bovinos teve crescimento acentuado na França. Com o país
situado entre os maiores exportadores de derivados de leite do mundo, a
pecuária representava uma importante fonte de divisas. Destacam-se também os
rebanhos ovino, para produção de lã e carne, e suíno. Em menor medida, são
criadas cabras para produção de queijo.
As florestas primárias da França constituíam-se de
carvalhos e faias que foram substituídos por pinheiros e outras espécies de
crescimento rápido. Nas regiões montanhosas há grandes florestas de coníferas
e, na região das Landas, o pinheiro é muito abundante. O governo central, assim
como os governos estaduais, administra um considerável percentual das áreas de
florestas do país, mas a maior parte está em mãos de particulares. Junto aos
países escandinavos, tradicionalmente madeireiros, a França se destaca como
produtora de madeira na Europa.
Devido às grandes extensões litorâneas voltadas para o
oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, a pesca é uma importante atividade econômica.
Na região norte localizam-se os maiores centros de pesca industrial do país,
sobretudo na Bretanha, onde há grandes portos: La Rochelle, Lorient,
Concarneau, Douarnenez, Dieppe, Boulogne e Frécamp. No mar Mediterrâneo a pesca
é mais artesanal e predominam a sardinha e o atum. Na pesca de alto-mar, são
importantes para a economia do país o arenque, atum, linguado e cavala. Na
região litorânea do golfo de Biscaia destaca-se a criação de ostras.
Energia e mineração. A nacionalização das minas francesas
logo depois da segunda guerra mundial permitiu a modernização das técnicas de
mineração, o que aumentou a produtividade do setor. Entretanto, a atividade e o
número de trabalhadores têm diminuído, desde 1960, com a progressiva
substituição do carvão por outras fontes de energia, como o petróleo.
Produz-se carvão principalmente no norte do país e na
Lorena, na bacia do Sarre. O carvão de melhor qualidade encontra-se na bacia de
Saint-Étienne e é utilizado em usinas termelétricas e siderúrgicas dessa região
ou de Lyon. A França, no entanto, importa carvão, pois a produção interna não
atende às necessidades da siderurgia nacional. Há jazidas de petróleo em
Parentis, mas a produção insuficiente torna necessária a importação. Essa
dependência fez com que os efeitos da crise do petróleo de 1973 fossem bastante
graves para a economia francesa.
Entre os países europeus, a França é um importante
produtor de minério de ferro. No passado, teve grande importância também a
produção de bauxita, que deve seu nome à localidade de Les Baux, perto de
Arles. O país possui ainda outros recursos minerais -- zinco, sais de potássio,
chumbo e ouro. Havia também grandes reservas de gás natural, mas a exploração
exaustiva praticamente esgotou esse recurso, que passou a ser importado dos
Países Baixos, da Argélia, da Noruega e da antiga União Soviética. O país
produz ainda sal-gema, potássio e sal marinho.
As usinas hidrelétricas aproveitam as quedas d'água das
regiões montanhosas dos Alpes, Pireneus e do maciço Central, bem como de alguns
rios, como o Sena, o Ródano e o Durance. A produção de energia se completa com
várias centrais nucleares. A primeira usina atômica da França foi inaugurada em
1956, em Marcoule, no departamento de Gard. Destacam-se ainda a de Chinon e a
de Saint-Laurent-des-Eaux. Extrai-se urânio para usos pacíficos e militares na
bacia do Loire, na Alsácia e na Côte d'Azur.
Indústria. No fim do século XX, a França era a quarta
nação industrial do mundo, depois dos Estados Unidos, Japão e Alemanha. O
processo de industrialização tomou impulso no período que se seguiu à segunda
guerra mundial, com apoio financeiro decisivo do governo, que também incentivou
a fusão de pequenos grupos empresariais, o que resultou em maior concentração
industrial. As principais regiões industriais da França são as de Paris, do
norte, da Alsácia-Lorena e de Lyon. A indústria siderúrgica se concentra nas
proximidades das jazidas de ferro, especialmente no norte e no nordeste. A
mecânica pesada francesa encontra-se nas proximidades dos parques siderúrgicos
ou dos principais mercados. A indústria de alumínio, obtido a partir do
tratamento da bauxita, centraliza-se nas cidades próximas dos Alpes e dos
Pireneus.
Destacam-se no parque industrial francês as montadoras de
automóveis e aviões, as indústrias mecânicas, elétricas, químicas -- com grande
concentração financeira -- e alimentícias, geralmente situadas perto dos
centros urbanos. A França também desenvolveu significativamente a tecnologia de
ponta -- informática, eletrônica e aeronáutica. Destaca-se o crescimento da
indústria de armamentos, em que o país ocupa um lugar importante em nível
internacional.
A fabricação de relógios é tradicional na fronteira com a
Suíça (Jura) e a confecção de roupas, principalmente femininas, é importante
fonte de divisas para o país. A indústria francesa de tecidos (linho, seda, lã
e algodão) abastece o mercado interno e produz excedentes para a exportação.
Finanças, comércio e turismo. A unidade monetária francesa
é o franco e a emissão de papel-moeda só pode ser feita pelo Banque de France,
que concentra a atividade financeira. O estado exerce grande influência no
sistema monetário, já que os principais bancos foram estatizados após a segunda
guerra mundial. Existem no país ainda bancos comerciais, de crédito agrícola e
de poupança.
As sucessivas guerras em que a França se envolveu foram
extremamente prejudiciais para suas finanças e o custo de vida. O déficit no
comércio exterior e a evasão de reservas em ouro chegaram a tal ponto que, por
volta de 1960, exigiram a adoção de uma nova política financeira, com aumento
de impostos, cortes em subsídios e despesas militares e empréstimos do Fundo
Monetário Internacional. Em 1º de janeiro de 1960 entrou em circulação o novo
franco, equivalente a cem vezes o anterior. Apesar das medidas de contenção, o
custo de vida é alto.
A reorganização da economia francesa após a segunda guerra
mundial levou o país a um lugar privilegiado no comércio internacional. Sua
integração à Comunidade Econômica Européia (CEE), em 1958, modificou
substancialmente o comércio exterior e orientou suas importações e exportações
para os países da CEE e da Organização de Países Exportadores de Petróleo
(OPEP). Assim, seus principais parceiros comerciais são, no âmbito da CEE,
Alemanha, Bélgica, Itália, Luxemburgo e Suíça, além de Estados Unidos, Iraque e
Arábia Saudita.
As exportações francesas consistem de produtos
siderúrgicos, maquinaria, veículos, tecidos, perfumes, vinhos, materiais
elétricos e minério de ferro. O país importa produtos agrícolas tropicais (café
e cacau), matérias-primas (algodão, lã, borracha, celulose, cobre, níquel) e
petróleo.
O turismo é uma atividade econômica de peso para a
economia da França. Distinguem-se dois tipos de turismo: o de verão,
concentrado na costa do mar Mediterrâneo (Côte d'Azur), na Bretanha e na
Normandia; e o de inverno, nas regiões montanhosas.
Transportes e comunicações. A França possui um sistema de
transportes muito desenvolvido, com traçado radial que parte de Paris. A rede
rodoviária é, junto com a belga, a mais densa da Europa. A rede ferroviária,
cujo traçado é também radial, está nacionalizada e é administrada pela Société
Nationale des Chemins de Fer (SNCF). A rede de canais navegáveis, iniciada no
século XVII, tem em Paris seu porto principal e transporta carvão, petróleo e
derivados, minérios e material de construção. O tráfego marítimo também é
intenso e destacam-se os portos de Marselha e Havre.
O transporte aéreo adquire cada vez maior importância,
tanto nacional quanto internacionalmente. A Air France é a principal companhia
aérea do país. Destacam-se os aeroportos Charles de Gaulle, Orly e Le Bourget,
em Paris. O governo controla os serviços de rádio, televisão, telefonia e
telegrafia. (Para dados econômicos, ver DATAPÉDIA.)
História
A mais antiga data da história da França é a da fundação,
por volta do ano 600 a.C., de Massilia (Marselha), colônia grega no sul do
atual território francês, conhecida na época como Gália, que abrangia a região
que hoje corresponde à França, Bélgica, norte da Itália e oeste da Alemanha. A
região era ocupada principalmente pelos gauleses, povo de origem celta
procedente do norte, embora ainda houvesse ligúrios e iberos no território.
Os combates entre gauleses e romanos eram freqüentes mas,
até o século III a.C., os primeiros conseguiram diversas vitórias graças à
ajuda de outros povos, como os cartagineses. Com a queda de Cartago, no século
II a.C., os romanos conquistaram o sul da atual França, transformado em
província romana em 121 a.C. Entre 57 e 52 a.C., Júlio César estendeu os
domínios de Roma até o Atlântico e atingiu as fronteiras do Reno.
A conquista e anexação da Gália foi facilitada pela
desunião das tribos gaulesas. Vercingetórix, único chefe militar a opor
resistência aos romanos, foi derrotado e preso em Roma. Depois disso, o
imperador Augusto dividiu a Gália em várias províncias, dando grande autonomia
a suas cidades.
A civilização galo-romana se desenvolveu paulatinamente
durante os três séculos de paz que se seguiram (séculos I a III da era cristã).
A vida urbana expandiu-se e a economia diversificou-se com o incremento do
comércio e das manufaturas. O traço mais importante da romanização gaulesa foi
a adoção do latim como língua. Não obstante, as tribos gaulesas conservaram sua
identidade nas comunidades locais e, nos anos 21 e 69, revoltaram-se contra a
dominação romana.
A autoridade romana começou a declinar e muitas de suas
atribuições foram sendo assumidas pela igreja, cujos bispos e prelados se
originavam das principais famílias gaulesas. O cristianismo penetrara na Gália
desde o século I, mas sua difusão acelerada data do Edito de Milão (ano 313).
As invasões bárbaras encontraram a igreja organizada na Gália e não exerceram a
ação devastadora que caracterizaram as invasões de outros pontos do Império
Romano.
No século V existiam na Gália três reinos germânicos: o
dos francos, que atravessaram o Reno em 447 e se fixaram definitivamente no
norte; o dos burgúndios, na bacia do Saône e vales do Loire e do Ródano; e o
dos visigodos, cujo rei, Eurico, em 476, separou-se de Roma e apoderou-se da
Gália até o Loire, da Provença e de toda a Espanha.
Idade Média. O mais importante dos reinos germânicos foi o
dos francos, que prevaleceram desde o final do século V até meados do século
VIII. O rei Clóvis -- chefe dos francos sálios e iniciador da dinastia
merovíngia, cujo nome vem do príncipe franco Meroveu -- empreendeu a conquista
definitiva de toda a Gália. Sua conversão ao catolicismo -- religião da
população galo-romana -- em 496 ajudou-o a derrotar definitivamente os
visigodos e parcialmente os burgúndios. Ocupou os territórios gauleses ao norte
dos Pireneus, anexou a Aquitânia e estabeleceu a sede do reino merovíngio em
Lutécia, antiga capital romana e futura Paris. Mesmo sem fundar um estado, no
sentido moderno, Clóvis lançou as bases do futuro reino da França. Depois de
sua morte, o reino foi dividido entre seus quatro filhos, de acordo com o
costume franco e a unidade só foi restabelecida por curtos períodos.
A desintegração do reino merovíngio favoreceu o
desinteresse dos monarcas que se sucederam e a ascensão política dos mordomos,
ou prefeitos do palácio, entre os quais se destacou Carlos Martel, que assumiu
o poder no ano 737. Seu filho Pepino o Breve foi aclamado rei pela assembléia
dos nobres, em 751, o que deu início à dinastia dos carolíngios.
As conquistas de Pepino o Breve, consolidadas ao longo de
14 anos de guerras ininterruptas, fizeram do trono carolíngio o mais poderoso
da Europa. Seu filho Carlos Magno (a quem a dinastia deve seu nome), foi coroado
imperador em Roma pelo papa na noite de Natal do ano 800, após expulsar os
muçulmanos e derrotar os saxões, ávaros e lombardos. Com a proclamação do
império, Carlos Magno criou a primeira grande unidade política surgida no
Ocidente após a queda do Império Romano.
O filho de Carlos Magno, Luís I o Piedoso, substituiu o
pai e desmembrou o império, ao dividi-lo entre os sucessores: Lotário I (reino
franco ocidental), Pepino (Aquitânia) e Luís II (reino da Baviera). A divisão
do poder fortaleceu as dinastias locais, que aos poucos foram ressurgindo, e os
feudos, que foram transformados em propriedades hereditárias e se tornaram cada
vez mais poderosos. O auge das dinastias merovíngia e carolíngia marcou o fim
da antiguidade e o início da Idade Média.
Primórdios da nação francesa. No ano 888, o trono do reino
ocidental foi ocupado pelo conde de Eudes, primeiro monarca a interromper a
linha sucessória carolíngia. A partir de então, a coroa francesa esteve
alternadamente nas mãos dos descendentes de Eudes e de Carlos Magno até que, em
987, depois da morte do último rei carolíngio, teve início a dinastia
capetíngia, dos descendentes diretos de Eudes, que reinaram até 1328.
Os Capetos da linha direta, como foram denominados os 15
reis da França que durante 341 anos se sucederam no trono de forma ininterrupta
(os filhos se seguiram aos pais diretamente), conseguiram reforçar a autoridade
real e unificar todo o reino, o que os consagrou como criadores da nação
francesa. A dinastia teve início com Hugo Capeto, que reinou de 987 a 996 e
assegurou a sucessão dinástica.
Alguns monarcas se destacaram na dinastia dos Capetos.
Luís VI (1108-1137) intensificou o processo de urbanização e, em seu reinado,
surgiram as rivalidades entre o trono francês e o inglês. Filipe II Augusto
(1180-1223) obteve grandes vitórias sobre os reis ingleses Ricardo Coração de
Leão e João Sem Terra, ampliou os domínios da França, consolidou o poder real e
instalou a capital definitivamente em Paris.
O maior monarca da França medieval foi Luís IX, que
participou da sétima cruzada, reorganizou a administração e impôs a justiça
real, normalizou a circulação da moeda e fez da Universidade de Paris o maior
centro de estudos jurídicos e teológicos da época. O último soberano importante
foi Filipe IV o Belo, que pela primeira vez convocou os Estados Gerais, criou o
ministério público e aumentou os domínios da coroa.
Os três filhos de Filipe o Belo reinaram sucessivamente. O
último deles, Carlos IV o Belo, morreu sem deixar herdeiro varão. O trono foi
entregue em 1328 a Filipe VI, filho de Carlos de Valois, irmão de Filipe IV, o
que deu início à dinastia dos Valois, ou Capetos indiretos, na terceira
transição dinástica da história da França.
O descendente de Filipe IV por via feminina era seu
sobrinho Eduardo III da Inglaterra, que aspirava ao trono francês e não aceitou
a eleição de Filipe VI. Os atritos desembocaram, em 1337, na guerra dos cem
anos, após dois séculos de tranqüilidade e progresso. Em 1453, ao terminar esse
período em que ações violentas e esporádicas interrompiam longos períodos de
trégua, os Valois se confirmaram no poder. Os ingleses perderam todas as
possessões na França, exceto Calais. No fim do século XV, as fronteiras da
França se aproximavam das atuais.
Na afirmação da autoridade do soberano francês, no reinado
de Carlos VII (1422-1461), destaca-se a atuação de Joana d'Arc, que teve papel
decisivo à frente do exército francês nas batalhas de Orléans e Patay (maio e
junho de 1429), derrotando os ingleses.
Absolutismo. A autoridade real saiu reforçada da guerra
dos cem anos e, à medida que a monarquia subtraía poder da nobreza, a
burguesia, que apoiava os soberanos, conquistava maior importância política.
Durante o reinado de Carlos VIII (1483-1498), cujos sonhos de glória levaram-no
a tentar o restabelecimento do império, tiveram início as guerras da Itália,
nas quais o monarca foi derrotado.
Na primeira metade do século XVI, a decadência moral e
intelectual do clero favoreceu a difusão do protestantismo e a eclosão das
guerras religiosas, que tiveram entre outras conseqüências o envio de
Villegaignon ao Rio de Janeiro, durante o reinado de Henrique II (1547-1559),
para fundar uma colônia onde houvesse liberdade de culto.
A última das oito guerras religiosas na França terminou
com a vitória do protestante Henrique de Navarra, primeiro dos Bourbons, que se
converteu ao catolicismo e subiu ao trono com o nome de Henrique IV
(1589-1610). Esse monarca promulgou o Edito de Nantes (1598), que garantia aos
huguenotes, ou protestantes franceses, a liberdade de culto. As ambições de
Henrique IV eram de poder absoluto. Deixou de convocar os Estados Gerais, fixou
limites para os poderes dos governadores de província e dos chefes militares e
pôs sob sua orientação todas as instituições políticas do reino.
Henrique IV foi sucedido por seu filho Luís XIII que, em 1624, nomeou conselheiro a
Armand-Jean du Plessis, cardeal e duque de Richelieu, que deu impulso ao
absolutismo monárquico, de acordo com a teoria da origem divina do poder. O rei
e seu ministro realizaram profundas reformas. Reduziram os privilégios da
nobreza e conseguiram esboçar um estado moderno, centralizado, que exigia a
colaboração e a submissão de todos os súditos. Exerceram controle sobre a vida
intelectual, artística e religiosa do país e estabeleceram as bases do
mercantilismo que, aperfeiçoado no reinado de Luís XIV por seu ministro
Jean-Baptiste Colbert, transformaria a França no país mais rico da Europa.
Durante a minoridade de Luís XIV, que tinha cinco anos ao
herdar o trono francês, o poder foi confiado à regente Ana d'Áustria, que
nomeou como primeiro-ministro Giulio Raimondo Mazzarino, cardeal Mazarin,
continuador da política de Richelieu. No entanto, a guerra dos trinta anos,
iniciada em 1618, exigia gastos vultosos e a política fiscal passou a gerar
muito descontentamento. A nobreza e a alta burguesia se revoltaram no movimento
denominado Fronda, cuja pretensão era conter o aumento do poder da monarquia. O
fim do conflito, em 1653, foi o triunfo do absolutismo.
A França saiu fortalecida como potência européia da guerra
contra a Espanha, entre 1648 e 1659, que terminou com a assinatura da paz dos
Pireneus. Dois anos depois, assumiu o poder Luís XIV, o Rei Sol. A autonomia
dos conselhos reais, mantida por Mazarin, foi revogada pelo rei, o mais
absolutista de todos os soberanos franceses, que sintetizou numa frase a
filosofia política do despotismo baseada na teoria do direito divino dos reis:
"O estado sou eu."
Imbuído das idéias mercantilistas, Jean-Baptiste Colbert,
ministro das Finanças de Luís XIV, promoveu o comércio, a navegação e a
política colonial francesa, que se estendeu do Canadá ao Mississippi e incluiu
a Guiana e a costa africana. Durante os 22 anos de sua administração, manteve
um programa de estabilidade financeira. O programa de Colbert, que assegurou
anos de prosperidade à França, consistia no combate à ociosidade remunerada da
nobreza e às guerras desnecessárias, mas teve de conformar-se às extravagâncias
da corte suntuosa estabelecida por Luís XIV em Versalhes. Colbert disciplinou o
artesanato e criou as manufaturas reais de móveis e tapeçarias (gobelins),
espelhos e produtos têxteis.
O reinado de Luís XIV foi marcado por grandes progressos
econômicos que, ao final, foram anulados pela revogação do Edito de Nantes e sucessivas
guerras. Luís XIV morreu em 1715 e foi sucedido por seu bisneto, Luís XV,
durante cujo reinado a burguesia se afirmou e a França perdeu suas colônias na
Índia e no Canadá, em conseqüência da derrota para os ingleses na guerra dos
sete anos.
A monarquia começava a se enfraquecer e a teoria do
direito divino passou a ser contestada. A crise chegou ao ponto máximo no
reinado de Luís XVI (1774-1792), quando a situação das finanças se deteriorou e
se acentuaram as tensões sociais, o que preparou o povo para acolher os
ensinamentos da Encyclopédie, de Jean Le Rond d'Alembert e Denis Diderot, que
pregava a soberania da lei e da vontade popular sobre a vontade real.
Durante o século XVIII, os pensadores franceses se puseram
à frente do movimento cultural conhecido como Iluminismo. Herdeiros do
racionalismo do século XVII e animados pelo progresso das ciências naturais, os
filósofos franceses prepararam o caminho das transformações sociais ao divulgar
os princípios da razão, da crítica e da liberdade. Estava pronta a base
filosófica da revolução francesa. No pensamento político e social do Iluminismo
se destacaram o barão de Montesquieu, Voltaire e Jean-Jacques Rousseau.
Revolução francesa. A sociedade francesa do final do
século XVIII dividia-se em três segmentos. Dois deles, o clero e a nobreza,
exerciam grande influência na vida política e econômica da sociedade, enquanto
o terceiro estado, composto pela burguesia, os artesãos e os camponeses, era
representado apenas no sistema político.
Em 17 de junho de 1789, reuniram-se em Versalhes os
Estados Gerais, que se constituíram em assembléia nacional, da qual, por ordem
real, foi expulso o terceiro estado. Teve início, então, o processo
revolucionário materializado com a formação da Assembléia Nacional Constituinte,
em 9 de julho, e com a tomada da prisão do estado, a Bastilha, no dia 14 do
mesmo mês. Os choques entre representantes do povo e o rei, cada vez mais
violentos, culminaram com a deposição de Luís XVI em 1792, sua execução no ano
seguinte e a proclamação da república.
Começou, então, a época do Terror, caracterizada por um
poder legislativo destituído de iniciativa e um executivo forte, com poder de
ordenar execuções sumárias, em que se destaca Maximilien de Robespierre, líder
do partido jacobino, que depusera o rei. A Grã-Bretanha aproveitou-se da
situação de terror para formar uma coalizão contra a França.
Um grupo mais moderado ocupou o poder depois da execução
de Robespierre (1794) e, em 1795, a convenção foi substituída pelo diretório
criado pela nova constituição e composto de cinco membros. O novo governo,
dividido internamente, teve que lutar contra os realistas e contra os jacobinos
extremistas e, no plano externo, combateu a coligação da Grã-Bretanha, Áustria
e Prússia. O diretório durou quatro anos e, em 9 de novembro de 1799 (18
brumário, no calendário da revolução), foi dissolvido por Napoleão Bonaparte,
jovem general que conquistara quase toda a Itália e obtivera grandes vitórias
no Egito. Napoleão instituiu o consulado provisório, constituído de três
membros, mas no qual o poder se concentrava de fato nas mãos do
primeiro-cônsul.
Século XIX. Em 1804, depois de ter sido eleito cônsul
vitalício em plebiscito, Napoleão foi coroado imperador dos franceses e
instaurou um regime monárquico, embora inspirado nos princípios da revolução.
Teve início, então, um período de hegemonia francesa no continente, resultado
da intensa atividade militar de Napoleão. O auge do domínio francês ocorreu em
1812 com a submissão da Itália e da Prússia, enfraquecimento da Áustria,
concessões da Rússia e combates na Espanha e em Portugal, além de batalhas
constantes contra os ingleses. Entretanto, as derrotas das tropas napoleônicas
na Espanha e a desastrosa retirada de Moscou fizeram com que outras nações se
unissem na luta contra a França.
Napoleão foi vencido em Leipzig em 1813, o que precipitou
a queda do império. Abdicou em 1814 e foi desterrado para a ilha de Elba,
enquanto Luís XVIII, irmão de Luís XVI, ocupava o trono. A revolução voltava,
pelo menos formalmente, ao ponto de partida, com a restauração da monarquia
constitucional. Em 1815, Napoleão tentou recuperar o poder, mas foi
definitivamente derrotado em Waterloo e confinado na ilha de Santa Helena, no
Atlântico sul. Luís XVIII voltou a ocupar o trono e as fronteiras da França se
fixaram onde estavam antes da revolução. O governo de Luís XVIII, o primeiro da
Restauração, adotou uma política liberal e moderada, mas seu substituto, Carlos
X, reinou apoiado pela igreja e pelas forças ultraconservadoras. A revolução
burguesa de 1830 obrigou o rei a abdicar em favor de seu neto, Luís Filipe,
antes de fugir para o Reino Unido. Membro da casa de Orléans, ramo colateral
dos Bourbons, Luís Filipe foi nomeado rei, em vitória da burguesia sobre a
aristocracia. Seu reinado deu ao país um período de grande desenvolvimento
capitalista e industrial, apoiado por uma política autoritária.
O surgimento de um novo proletariado, o florescimento do
pensamento socialista, com intelectuais como Henri de Saint-Simon e Charles
Fourier, e o início de uma crise econômica precipitaram a revolução de 1848,
após a qual foi proclamada a segunda república, regida por uma nova
constituição. Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão I, foi eleito
presidente da república, protagonizou um golpe de estado em dezembro de 1851 e,
no ano seguinte, proclamou-se imperador com o nome de Napoleão III.
Napoleão III governou de forma autoritária, tentando criar
um império colonial e devolver à França a antiga grandeza. Durante o segundo
império, foram restabelecidas a liberdade de imprensa e de opinião e a maior
parte dos direitos individuais. Destaca-se também o amplo programa de obras
públicas no qual se inseriu a construção do canal de Suez.
A política externa, porém, isolou a França na Europa,
dominada então pela diplomacia do chanceler prussiano Otto von Bismarck. A
rivalidade com a Prússia, cujo poder se expandia na Europa central, precipitou
a deflagração da guerra de 1870, a propósito da sucessão espanhola. Depois das
batalhas de Sedan e Metz, os exércitos franceses, cercados, foram obrigados a
capitular. A França perdeu a Alsácia e a Lorena e comprometeu-se a pagar pesada
indenização de guerra. Napoleão III foi capturado e instalou-se a terceira
república. O novo período começou com prenúncios de instabilidade política,
como a explosão revolucionária da Comuna de Paris, esmagada pelo primeiro
governo da terceira república, e a tentativa de golpe do presidente
Marie-Edme-Patrice-Maurice de Mac-Mahon em 1877. Uma vez consolidado, o regime
optou por uma política colonialista.
Século XX. A disputa entre a França e a Alemanha pela
posse da Alsácia e Lorena, as guerras balcânicas, a rivalidade econômica e as
ambições imperialistas foram as causas da primeira guerra mundial, iniciada em
1914. A Alemanha invadiu a Bélgica e a França, mas foi detida no Marne. Depois
de uma longa ofensiva contra os aliados, os alemães, derrotados, assinaram o
armistício em 1918. Pelo Tratado de Versalhes, a França recuperou a Alsácia e
Lorena e exigiu, como os outros vencedores, indenizações de guerra. Durante o
pós-guerra, os problemas políticos da França se agravaram: instabilidade dos
governos, enormes gastos provocados pela guerra e o início da crise econômica
mundial de 1929. Entre 1932, auge da crise provocada pela depressão econômica,
e 1936, quando o socialista Léon Blum unificou as esquerdas e formou seu
governo de Frente Popular, a França teve dez governos diferentes. O
ressentimento alemão diante das condições impostas pela França em Versalhes foi
uma das causas do crescimento do nacional-socialismo e do início da segunda
guerra mundial.
Depois de invadir os Países Baixos, a Bélgica e
Luxemburgo, em 14 de junho de 1940, o exército do Terceiro Reich ocupou Paris
e, no dia 22, foi assinado o armistício franco-alemão. A França ficou então
dividida numa zona ocupada e outra governada pelo marechal Philippe Pétain, com
capital em Vichy, manipulada por Hitler. Enquanto isso, de Londres, o general
Charles de Gaulle incentivava a resistência da "França Livre" contra
a Alemanha e o regime colaboracionista de Vichy. Em 1944, os aliados
reconquistaram a França e De Gaulle liderou o governo provisório da nação.
Em 1946 De Gaulle renunciou e aprovou-se uma nova
constituição, o que deu início ao período conhecido como quarta república. A
situação era dificílima: o país estava destruído após a guerra e as colônias
--Madagascar, Indochina, Tunísia e Marrocos -- exigiam a independência. O
problema mais sério enfrentado pela quarta república, contudo, foi a guerra da
Argélia. A divisão do país em torno da política a seguir frente ao movimento
argelino pela independência obrigou De Gaulle a voltar ao poder e instaurar a
quinta república, em 1958. A nova constituição aumentou as atribuições do
presidente e do governo frente à assembléia e foi criada a Comunidade Francesa
das Nações (Communauté). Em 8 de janeiro de 1959, o general De Gaulle assumiu a
presidência e nomeou os membros do governo. O problema argelino solucionou-se
em 1962, quando a colônia conquistou a independência.
Para De Gaulle, a Europa não deveria depender dos Estados
Unidos nem da União Soviética, mas constituir uma terceira força mundial
liderada pela França. Eleito para um segundo mandato em 1965, retirou a França
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e não mais permitiu
instalações militares estrangeiras em território francês. No plano interno, as
revoltas de estudantes e trabalhadores, em maio de 1968, repercutiram na
economia ao criarem um sentimento de insegurança social e descontentamento.
Em 1969, derrotado num referendo sobre reformas no Senado,
De Gaulle renunciou. Nas eleições de 15 de junho de 1969 foi eleito Georges
Pompidou, ex-colaborador de De Gaulle, cuja política caracterizou-se pela
austeridade econômica, com a desvalorização do franco. Após a morte de
Pompidou, em 1974, a presidência foi ocupada pelo candidato centrista Valéry
Giscard D'Estaing, que promoveu a reaproximação com os Estados Unidos, mas sua
política econômica aumentou o desemprego, a inflação e o déficit da balança de
pagamentos.
O presidente seguinte, eleito em 10 de maio de 1981, foi o
socialista François Mitterrand que, depois de um período inicial de
nacionalizações e aumento dos gastos públicos, estabeleceu uma política mais
moderada e mais austera na área econômica. Entretanto, o aumento do desemprego
e a inflação alta (15,3% ao ano) permitiram que a direita vencesse sucessivas
eleições e finalmente se instalasse como maioria na Assembléia Nacional. O
presidente Mitterrand teve de conviver com um primeiro-ministro conservador, o
neogaullista Jacques Chirac, que trabalhou para reverter as conquistas
socialistas de Mitterrand. Em 1988, porém, Mitterrand derrotou Chirac e formou
um novo gabinete socialista, dirigido por Michel Rocard. Este foi substituído
por Edith Cresson em abril de 1991, mas, com o revés do partido socialista nas
eleições municipais do ano seguinte, o cargo de premier passou a Pierre
Bérégovoy. Acusado de corrupção, Bérégovoy foi responsabilizado pela esmagadora
derrota socialista nas eleições de 1993. Depois de deixar o governo em fins de
fevereiro de 1994, suicidou-se no Dia do Trabalho desse mesmo ano.
Instituições políticas
De acordo com a constituição da quinta república, de 1958,
reformada em 1962, o sistema parlamentar francês se compõe da Assembléia Nacional,
formada de 577 deputados, eleitos a cada cinco anos, e pelo Senado, composto de
321 senadores eleitos para mandatos de nove anos, com renovação de um terço a
cada três anos. A Assembléia exerce o poder legislativo e tem também a função
de controlar o governo.
O poder executivo é exercido pelo presidente e por um
conselho de ministros presidido pelo primeiro-ministro. O presidente da
república é eleito diretamente, por maioria absoluta, para um mandato de sete
anos e tem amplos poderes, inclusive o de nomear e demitir o primeiro-ministro
e dissolver a Assembléia Nacional. É o comandante supremo das forças armadas. O
poder judiciário é independente e compõe-se de tribunais com jurisdição civil,
penal, profissional e administrativa.
A organização administrativa da França se estrutura em
regiões, departamentos, distritos, cantões e municípios. O território
metropolitano se compõe de 95 departamentos, aos quais se somam cinco
ultramarinos (Martinica, Guadalupe, Reunião, Guiana Francesa e São Pedro e Miquelon)
e quatro territórios de ultramar (Polinésia Francesa, Wallis e Futuna, Nova
Caledônia e Mahoré). O país também reclama soberania sobre uma porção da
Antártica.
Para facilitar o planejamento regional, os departamentos
foram agrupados em 21 circunscrições de ação regional, ou regiões. No plano
administrativo, os departamentos estão divididos em 322 unidades, os
arrondissements, que se subdividem em 3.208 cantões. Dentre os numerosos
partidos políticos franceses destacam-se o Partido Socialista, a Reunificação
para a República (gaullista), a União para a Democracia Francesa (centrista), o
Partido Comunista e a Frente Nacional (de direita).
No plano internacional, a França faz parte de vários
organismos e pertence à Comunidade Européia (CE). No plano militar, o país
tentou manter-se independente. Assim é que, embora participando da Organização
do Atlântico Norte (OTAN), em 1966, abandonou sua estrutura militar. Faz parte
do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, como membro permanente, tem
direito de vetar qualquer decisão da maioria. Pertence ainda ao Grupo dos Sete,
integrado pelos países mais ricos do mundo.
Sociedade
A França é um dos países mais desenvolvidos da Europa
ocidental, mas a distribuição da riqueza não se dá de forma equitativa. Na
segunda metade do século XX persistia uma acentuada diferença entre os grupos
sociais: os agricultores, por exemplo, recebiam remuneração muito inferior à
dos operários de indústrias. Além disso, o desequilíbrio econômico entre as
regiões era notável.
Os sindicatos se organizam principalmente de acordo com as
tendências políticas e a localização geográfica. Os mais importantes são a
Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação comunista, a Confederação
Francesa Democrática do Trabalho, de tendência católica; e a Força Operária, de
ideologia socialista.
A previdência social, implantada na década de 1930, só se
tornou eficiente depois da segunda guerra mundial. Cerca de oitenta por cento
dos franceses se beneficiam do seguro social, que cobre aposentadoria, gastos
com médicos e remédios, além de abono para famílias numerosas. Um dos problemas
sociais mais sérios da França é a escassez de moradias, agravada pelo estado de
conservação das que existem: um terço das residências francesas tem mais de cem
anos. Para solucionar o problema, o estado dá créditos e incentivos para a
construção de casas.
O sistema educativo francês caracteriza-se pela
centralização, embora os acontecimentos de maio de 1968 tenham garantido maior
autonomia aos centros universitários. A educação básica é obrigatória e
gratuita nos centros de ensino público e divide-se em primária e secundária,
cursada por crianças na faixa dos 6 aos 11 anos e dos 11 aos 15 anos,
respectivamente. (Para dados sobre sociedade, ver DATAPÉDIA.)
Cultura
A vida cultural francesa é das mais intensas e influentes
do mundo. Em todas as manifestações culturais e artísticas a França prestou
contribuições fundamentais.
A partir do século XI, a arquitetura francesa passou a
desenvolver um estilo próprio, o românico, divulgado pelos monges da abadia de
Cluny. Entre os séculos XII e XIV manifestou-se o estilo gótico, presente nas
catedrais de Chartres, Reims e Notre-Dame de Paris, que alcançou a expressão
máxima de seu brilho na Sainte-Chapelle de Paris. Na arte visual, destacam-se
os retábulos, iluminuras e a tapeçaria.
A arquitetura do Renascimento seguiu o modelo italiano,
embora com características próprias. Na pintura do período, os retratos foram a
modalidade preferida. No final do Renascimento verificou-se uma retomada das
tendências vindas da Itália, que se manifestaram, no plano pictórico, na
preferência por cenas mitológicas, bucólicas e de paisagens com perspectivas
clássicas. Durante o reinado de Luís XIV, construíram-se muitos palácios
particulares de estilo barroco e realizaram-se importantes projetos
urbanísticos (um exemplo é a praça da Vitória) e de jardinagem (jardins de
Versalhes e Tulherias, em Paris). Seguiu-se o estilo rococó, no qual se
destacaram os pintores Antoine Watteau e François Boucher, e o escultor
Jean-Baptiste Pigalle. Os móveis e a tapeçaria foram o ponto alto do estilo
rococó.
Nos últimos trinta anos do século XVIII ocorreu um retorno
à antiguidade com o neoclassicismo, cujo principal expoente foi Jacques-Louis
David, pintor da burguesia revolucionária e, em seguida, pintor oficial de
Napoleão. Na arquitetura recuperou-se a pureza e a elegância das construções
romanas em obras como o Panthéon, a igreja da Madalena e o arco do Carrossel,
em Paris.
Com a chegada do século XIX e o fim do antigo regime, a
pintura passou a predominar entre as artes e Paris transformou-se no centro
mundial da cultura. Sucederam-se as tendências artísticas: romantismo, com
Eugène Delacroix; paisagismo, representado por Théodore Rousseau e
Jean-Baptiste-Camille Corot; realismo, cujo expoente máximo foi Gustave
Courbet; e impressionismo, com Pierre-Auguste Renoir, Édouard Manet, Claude
Monet, Camille Pissarro, Alfred Sisley e outros grandes inovadores como Edgar
Degas, Paul Cézanne, Paul Gauguin e Henri de Toulouse-Lautrec.
A preocupação com a pesquisa permanente levou ao
nascimento de novas tendências pictóricas: o fauvismo, com Henri Matisse e
Maurice de Vlaminck, o cubismo, com Georges Braque, e o expressionismo, com
Georges Rouault e Édouard Goerg. Surgiram posteriormente a pintura ingênua e o
surrealismo, que levaram a pesquisa pictórica a outros caminhos. No campo da
escultura destaca-se principalmente a figura de Auguste Rodin, que abandonou a
tendência realista de François Rude e Jules Dalou e espiritualizou a escultura.
No século XIX a arquitetura seguiu tendências diferentes,
como a clássica, a neogótica e a eclética. A utilização do ferro conduziu ao
funcionalismo, que teve em Alexandre-Gustave Eiffel seu representante máximo.
No século XX a arquitetura foi influenciada pelo aparecimento de novos
materiais -- concreto armado, aço, plástico -- e destacou-se o nome de Édouard
Jeanneret, chamado Le Corbusier, que revolucionou a arquitetura mundial com
suas idéias sobre espaço.
Na música, entre as principais contribuições francesas
estão as canções de trovadores da Idade Média, as inovações na polifonia com
Jean-Philippe Rameau, a música impressionista de Claude Debussy e Maurice Ravel
e a música concreta do século XX.
O cinema nasceu na França, com os irmãos Louis e Auguste
Lumière, inventores do cinematógrafo e os primeiros a realizar um filme.
Posteriormente surgiu a figura de Georges Méliès, que foi o primeiro a
compreender as possibilidades do cinema no mundo do espetáculo. Na década de
1920 surgiram dois nomes muito importantes para o cinema francês: Jean Renoir e
René Clair. A partir de 1960, um grupo de diretores novos passou a exercer
influência no panorama mundial, num movimento que se tornou conhecido como
nouvelle vague. Entre eles assinalam-se Alain Resnais, Jean-Luc Godard e
François Truffaut.
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