O nome Canadá provém do iroquês kanata, que
significa aldeia ou povoado. Segundo país da Terra em extensão territorial, e
um dos que alcançaram mais alto padrão de vida, o Canadá, devido a condições
naturais de clima, solo e relevo, é desabitado na maior parte de seu
território, do qual só a metade, aproximadamente, teve suas reservas e recursos
explorados.
Com área de 9.970.610km2, o Canadá ocupa toda a
parte superior da América do Norte, com exceção do Alasca, mas incluindo as
ilhas adjacentes. Limita-se ao norte com o oceano Glacial Ártico, a leste com o
oceano Atlântico, ao sul com os Estados Unidos (8.895km de fronteira
desmilitarizada) e a oeste com o oceano Pacífico e o estado americano do
Alasca.
Geografia física
Geologia e relevo. Apesar de sua vasta
superfície, o relevo canadense apresenta configuração muito simples. Existem
quatro regiões naturais: o escudo canadense, as grandes planícies, as montanhas
baixas do sudeste ou seção atlântica, e as grandes cordilheiras do oeste.
Escudo canadense. Também chamado laurenciano, o
escudo canadense é constituído de rochas pré-cambrianas (granitos, gnaisses,
xistos, quartzitos e outras rochas cristalinas), que contêm muitos minerais
valiosos, como ouro, prata, platina, cobre, níquel, cobalto, ferro, chumbo e
zinco. O escudo, fortemente erodido, não sofreu nenhum dobramento, mas os
movimentos tectônicos terciários o encurvaram em forma de bacia, cujo centro,
invadido pelo mar, deu origem à baía de Hudson. Esses movimentos soergueram o
escudo em suas margens, sobretudo no Labrador, onde os montes Churchill
alcançam altitudes de dois mil metros.
Essa região apresenta uma topografia muito plana,
com suaves colinas separadas por baixadas pontilhadas de pântanos e lagos
(Urso, Escravo, Atabasca e Winnipeg).
Grandes planícies. Região de transição entre o
escudo e as montanhas Rochosas, as grandes planícies são também conhecidas como
pradarias, pela profusão da cobertura vegetal do tipo herbáceo. São formadas
por terrenos sedimentares das eras mesozóica e cenozóica, que repousam sobre a
plataforma continental. A região sofreu vários ciclos de erosão, dos quais o
mais importante foi o glacial, que provocou mudanças na rede hidrográfica,
cavou depressões onde se alojaram lagos e trouxe sedimentos que constituíram
solos férteis. Apresenta um modelado em cuestas, devido à erosão sobre estratos
inclinados. Essas cuestas formam três tabuleiros inclinados de oeste para
leste: a pradaria baixa, a oeste de Manitoba; a pradaria média, ao sul do rio
Saskatchewan; e a pradaria alta, na província de Alberta. A planície do rio
Mackenzie prolonga até o norte essa paisagem, que acaba numa superfície
totalmente horizontal e permanentemente gelada.
Seção atlântica. As regiões mais populosas do
país, situadas entre o rio São Lourenço e o oceano Atlântico, acrescidas dos
prolongamentos insulares, constituem a seção atlântica. Erguidas durante a
orogenia herciniana (era paleozóica), as rochas cristalinas (gnaisses e
granitos) sofreram intenso desgaste no
período cretáceo e foram fossilizadas por materiais sedimentares, depois das
transgressões marinhas. A orogenia terciária dobrou os estratos sedimentares,
enquanto a repetição da erosão (fluvioglacial) sobre materiais alternadamente
duros e moles deu lugar à modelagem do tipo apalachiano (relevo de cristas
paralelas separadas por vales alongados). Ainda assim, como conseqüência de
grande submersão tectônica, formou-se uma costa de rias.
Grandes cordilheiras. O extremo oeste do Canadá é
percorrido de norte a sul por duas cadeias de
montanhas separadas por uma meseta: as montanhas Rochosas e a
cordilheira Costeira. A largura desta seção montanhosa oscila entre 500 e
900km.
As montanhas Rochosas, na borda oriental,
levantam-se bruscamente por sobre as pradarias. Formam-se de rochas
sedimentares interrompidas por afloramentos da plataforma continental. O pico
principal se encontra no monte Robson (3.954m), a oeste de Edmonton. A erosão
glacial do período quaternário deu lugar a um relevo muito acidentado, de
formas bem recortadas, e cavou profundos vales atualmente cortados por rios
como o Kootenay, o Columbia e o Fraser.
Junto às costas do Pacífico se levanta a
cordilheira Costeira, erguida no período terciário. Apresenta as maiores
elevações do Canadá na região norte, onde se encontra o monte Logan (6.050m).
Em direção ao sul divide-se e perde altitude (4.042m no monte Waddington). Uma
terceira cordilheira, em parte submersa, emerge no arquipélago de Alexandre, no
Alasca, e nas ilhas canadenses de Vancouver e Rainha Carlota. Fechadas entre as
Rochosas e a cordilheira Costeira, encontram-se as acidentadas mesetas de Yukon
ao norte e Fraser e Columbia ao sul, com mais de dois mil metros de altitude em
alguns pontos.
Clima. Predomina o clima continental, ainda que,
devido às dimensões do território, também ocorram o oceânico e o polar. Em sua
maior parte, o Canadá é um país frio, com inverno longo e rigoroso. Dois
fatores influem no clima canadense: o efeito de barreira das cordilheiras da
costa oeste, que obstruem a ação moderadora do oceano, e a modéstia do relevo
ao norte, o que permite a livre penetração dos ventos polares.
A costa do Pacífico possui o clima mais ameno do
Canadá, devido à influência oceânica e aos ventos do oeste. As precipitações
são abundantes durante todo o ano (1.500mm em Vancouver), enquanto as
temperaturas oscilam entre -3o C em janeiro e 15o C em agosto. Na região norte
o clima é polar, com temperatura média anual de -5o C.
O restante do território é submetido a um regime
anticiclônico dominante, que determina um clima continental com invernos
extensos e muito rigorosos, sobretudo no centro (-20o C em Winnipeg), verões
frescos e precipitações que não superam 700mm. O rigor do vento é amenizado aos
pés das Rochosas, já que o vento chinook se aquece ao descer pela vertente
oriental da cordilheira. Isso explica que em Calgary, Alberta, o mês mais frio
não chegue a -10o C.
Hidrografia. As águas interiores, lagos e rios,
ocupam vasta superfície e são empregadas como fontes de energia e vias de
comunicação. Entre os lagos, de origem glacial, destacam-se o Grande Lago do
Urso, o Grande Lago do Escravo, o Atabasca e o Winnipeg, todos entrelaçados por
cursos fluviais. Os lagos Superior, Huron, Erie e Ontário servem de fronteira
natural com os Estados Unidos.
A rede hidrográfica é muito densa. As montanhas
Rochosas fazem o papel de divisor de águas. Assim, os rios que desembocam no
Pacífico são curtos e torrenciais, com exceção do Columbia e do Fraser,
enquanto os que nascem na vertente oriental e desembocam no Ártico são
extensos, como o Mackenzie. Por sua importância econômica, o principal rio é o
São Lourenço, que percorre mais de 1.300km desde a nascente no lago Ontário até
a foz no golfo de São Lourenço. São freqüentes os rápidos e cascatas, como as
cataratas do Niagara, entre o lago Ontário e o Erie. O rigor do clima faz com
que muitos rios permaneçam gelados durante o inverno.
Flora e fauna. O solo e o clima propiciam três
grandes áreas vegetais no Canadá: a tundra, a floresta boreal e a pradaria. A
tundra cobre mais de um terço do território do Canadá, a partir dos 60o de
latitude. É uma vegetação composta de
musgos e liquens, entremeados de pântanos e turfeiras.
A floresta boreal, bastante densa, é dominada
por coníferas como lariços, abetos e
pinheiros, sob as quais crescem espécies lenhosas. Estende-se da bacia média do
Mackenzie até o São Lourenço e Terra Nova. Na transição para as pradarias, ao
sul, se mescla de árvores caducifólias como o carvalho e sobretudo o bordo (maple), cuja folha é símbolo
nacional, presente na bandeira do país. A floresta do Pacífico, onde também
dominam as coníferas, mantém aspecto boreal: ao norte, aparecem o pinheiro Sitka
e o abeto Douglas e, ao sul, a tuia.
As pradarias, ou campos, praticamente sem
árvores, ocupam menos espaço que as outras formações, mas são economicamente
mais significativas, com sua vasta cobertura de gramíneas, cujos restos
apodrecidos, acumulados ao longo dos séculos, formaram um humo negro de grande
fertilidade. A sudoeste do Saskatchewan, onde ocorrem menos precipitações, a
pradaria se degrada e dá lugar à estepe.
A fauna do Canadá é característica de um país
muito frio. Ao norte vive a estranha espécie dos bois-almiscareiros (Ovibos moschatus),
assim como renas, caribus, ursos-brancos, raposas polares, focas, lobos e
doninhas árticas. No sudoeste, a espécie mais característica é o
cervo-de-cauda-branca. Os lemingos, pequenos roedores, são alimento do arminho,
da raposa e até dos lobos.
O búfalo e o bisão, que existiam em imensas
manadas pelas pradarias, são encontrados apenas nos parques nacionais, como o
de Wood Buffalo. Na floresta boreal vivem castores, esquilos e marmotas. Nas
montanhas Rochosas há cabras brancas, caribus de montanha e ursos-negros. Entre
as aves destacam-se os gaios, os gansos canadenses, as águias douradas e as
gaivotas. Na segunda metade do século XX o Canadá se distinguia por sua ativa
consciência ambiental e exercia intensa política de preservação da natureza, valendo-se
de moderna tecnologia.
População
As principais características da população
canadense são sua diversidade étnica (como toda nação jovem, sua população é
fruto de sucessivas imigrações) e sua baixa densidade.
População autóctone. Quando chegaram os primeiros
colonizadores europeus, a população do Canadá era composta por índios --
algonquinos, iroqueses (aparentados com os huronianos) e sioux, entre outros --
e esquimós. Com a colonização, o número de indígenas, estimado em 230.000,
reduziu-se bastante, mas depois voltou ao mesmo patamar, que se mantém estável.
Até a segunda metade do século XX as comunidades indígenas não se incorporaram
às atividades econômicas do país e conservaram seus traços culturais quase
inalteráveis.
A população esquimó, muito escassa, se manteve em
torno de vinte mil pessoas desde a colonização no século XVI. Os esquimós
sempre viveram da caça e da pesca. Sua incorporação à sociedade nacional
começou na década de 1960, de maneira lenta mas contínua.
Imigrações. Assentada na costa atlântica e no
vale do São Lourenço, até o século XIX a população branca, majoritariamente
francesa, era reduzida. Durante o século XIX, a imigração européia, sobretudo
britânica, converteu o Canadá em país multicultural. Em 1867, quando se criou a
confederação das colônias, o grupo mais compacto era o francês. Os
anglo-saxões, ainda que superiores em número, constituíam comunidades separadas
de ingleses, irlandeses e escoceses.
Desde o final do século XIX a carência de
mão-de-obra, inicialmente para colonização das pradarias e, depois da primeira
guerra mundial, para atender à demanda industrial, levou o governo a favorecer
a imigração, só interrompida durante as guerras mundiais e a crise de 1929. Os
imigrantes eram de procedência muito diversa: durante a metade do século XX,
foram na maioria escandinavos e da Europa central, mas após a segunda guerra
mundial passaram a vir sobretudo do sul da Europa, principalmente Portugal,
Itália e Grécia. A variada imigração explica a presença de cerca de sessenta grupos
étnicos, de forma que quase uma terça parte da população não é de origem nem
francesa, nem britânica.
Idiomas. A questão lingüística foi sempre um dos
grandes problemas do país, a ponto de haver fortes tendências para uma cisão,
entre as décadas de 1960 e 1970. A pressão da comunidade francesa levou o
Parlamento federal a reconhecer, em 1969, o francês e o inglês como línguas
oficiais. Cerca de 25% da população fala o francês, majoritariamente na
província de Québec, e de forma residual em Nova Brunswick, Manitoba e Ontário.
Entretanto, a proporção dos canadenses de língua
francesa diminuiu, devido à adoção do inglês pela maior parte dos imigrantes. O
traço bilíngüe, portanto, desequilibra-se cada vez mais em favor do inglês: no
fim do século XX, por exemplo, para cem jornais editados em língua inglesa
havia somente dez em francês. Os grupos indígenas continuam a utilizar seus
idiomas nativos.
Demografia. O rápido crescimento da população
canadense desde o século XIX se deve não só à imigração, mas também às altas
taxas de natalidade. Apesar desse
intenso crescimento (de sete milhões de habitantes em 1911 a mais de trinta
milhões no início da década de 1990), o país continua pouco povoado: sua
densidade demográfica, em meados da década de 1990, era de três habitantes por
quilômetro quadrado.
A população também se distribui de forma muito
irregular. Cerca de noventa por cento dos canadenses se concentram em 12% da
superfície do país, sobretudo no sul, na região fronteiriça com os Estados
Unidos. O vale do São Lourenço, a zona meridional dos grandes lagos, e a
Colúmbia Britânica são as áreas populosas. Ao norte da linha Prince
Rupert-Edmonton-Winnipeg-Québec o povoamento mostra-se parco e disperso, ainda
que se tenham criado algumas zonas de colonização em regiões de copiosos
recursos minerais (vale do rio Churchill e lago do Urso).
Cerca de oitenta por cento da população canadense
vive em cidades. Destacam-se as aglomerações urbanas de Toronto, Montreal e
Vancouver, importantes centros industriais, comerciais e financeiros, e Ottawa,
centro administrativo do país. São cidades modernas e confortáveis, com
serviços de primeira ordem, as duas primeiras servidas de metrô. (Para dados
demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A tradicional produção agrícola, florestal e
mineral do Canadá passou a ser complementada, na segunda metade do século XX,
graças a amplos investimentos estrangeiros, com um vigoroso e diversificado
parque industrial. No entanto, a necessidade de controlar o capital
estrangeiro, cujos investimentos passavam de oitenta por cento em alguns
setores estratégicos (indústrias químicas, siderúrgicas e de transformação),
levou o governo, em 1973, a colocar tais investimentos sob controle estatal.
Agricultura, pecuária, extrativismo e pesca. Foi
no setor primário que o Canadá obteve a maior parte de seus recursos econômicos
até meados do século XX. A importância da produção agrícola no conjunto da
economia começou a diminuir a partir de meados da década de 1950. Por causa do
clima frio, da extensão das florestas e da qualidade dos solos, apenas cinco
por cento do território são agricolamente aproveitáveis. As principais
províncias agrícolas são as localizadas nas pradarias: Alberta, Manitoba e
Saskatchewan.
Em tais regiões, as propriedades oscilam entre
100 e 160 hectares e são exploradas com as técnicas mais avançadas (em termos
de instalações, maquinaria e fertilizantes), em geral pelos próprios donos e
suas famílias, pois é muito reduzida a oferta de mão-de-obra para a lavoura.
Os cereais constituem a cultura predominante,
especialmente o trigo duro, de excelente qualidade. Parte da colheita é
exportada, e Winnipeg é o principal
mercado de trigo. Diretamente ligada ao progresso da pecuária, a cultura de aveia
para forragem estende-se, sobretudo, pelas pradarias e fazendas de produção
integrada ao longo do rio São Lourenço. A cevada e o milho também tiveram
crescimento contínuo desde a década de 1940. São cultivados nas áreas
ribeirinhas do São Lourenço e ao sul de Ontário.
Os inconvenientes da monocultura cerealista levou
o governo do Canadá, no começo da segunda metade do século XX, a subvencionar a
diversificação agrícola mediante programas específicos. Batatas, sementes
oleaginosas, legumes, beterraba, hortaliças e frutas, em proporção cada vez maior, cobrem as
necessidades do consumo interno.
A partir da segunda guerra mundial caíram
gradualmente os rebanhos de ovinos e eqüinos e cresceram os suínos e bovinos,
sendo estes últimos divididos em dois grupos: uma criação extensiva voltada
para a produção de carne (nas terras marginais às pradarias e na meseta de
Fraser); e uma outra intensiva, sobretudo em Ontário e sempre perto das grandes
cidades, com o objetivo de atender à procura de leite e laticínios.
Inicialmente, a exploração das riquezas florestais
(madeira e peles de animais) foi o grande
propulsor da penetração européia no Canadá. A caça já não é atividade
significativa, nem se usam os antigos métodos: há uma rigorosa legislação
conservacionista e a obtenção de peles é da responsabilidade de fazendas que se
dedicam à criação de animais específicos, como a raposa, a marta, o castor, a
lontra, o rato-almiscareiro e especialmente o vison, que concentra mais da
metade do valor do comércio de peles canadense. Montreal é um dos principais mercados
do produto em todo o mundo.
A madeira é extraída e exportada desde o
princípio da colonização. A partir do século XX, passou-se a fabricar também
pasta de papel, de que o Canadá é dos primeiros produtores do mundo, tanto em
volume como em qualidade. Há uma severa regulamentação do corte e plantio
florestal, e as reservas mais importantes de madeira situam-se na Colúmbia
Britânica.
Os 48.000km do litoral canadense dão uma idéia do
potencial pesqueiro do país. Na costa atlântica, onde o plâncton é abundante,
há cardumes de bacalhau, cavala, sardinha e outros peixes; nas costas
meridionais do golfo de São Lourenço, captura-se sobretudo a lagosta, ainda que
na Colúmbia Britânica se pesquem o salmão e o arenque, itens mais importantes
da exportação de pescado.
Mineração e fontes de energia. O Canadá é muito
rico em recursos minerais e, da segunda guerra mundial em diante, a produção do
setor cresceu em progressão geométrica. Muitas de suas jazidas, porém, são de
difícil exploração, pois se encontram abaixo de superfícies permanentemente
geladas. Desde a década de 1970 os esforços do governo se encaminham no sentido
de facilitar a rentabilidade da extração de tais recursos.
Os resultados já atingidos são imensos. O país é
um dos maiores produtores mundiais de níquel, zinco, urânio, cobre, molibdênio,
prata, ouro, ferro, chumbo, cobre e cobalto. São também expressivas as fontes
de energia. A produção e o consumo de carvão apresentam uma peculiaridade: o
carvão de Alberta e Saskatchewan é exportado para o Japão, enquanto as
necessidades das indústrias de Ontário e Québec são satisfeitas com a
importação de carvão dos Estados Unidos que, transportado através dos Grandes
Lagos, custa menos que o nacional.
O setor de hidrocarbonetos cresceu notavelmente
desde a década de 1940. Mais de oitenta por cento do gás natural e do petróleo
se acham na província de Alberta e são
transportados para as regiões industriais do sudeste por oleodutos e
gasodutos. Embora os recursos hidrelétricos sejam abundantes em todo o Canadá,
cerca da metade da energia gerada procede da província de Québec, que possui um
dos maiores complexos hidrelétricos do planeta, o de Manocouagen-Outardes.
Indústria. No começo, o desenvolvimento econômico
do Canadá baseou-se na agricultura, na exploração florestal e nas jazidas
minerais. No entanto, a importância dessas atividades reduziu-se
progressivamente, sobretudo a partir da década de 1940, quando os setores
industrial e de serviços ganharam a dianteira, e este último veio a
representar, nas últimas décadas do século, mais da metade do produto nacional.
Na segunda metade do século XX, o desenvolvimento industrial acelerou-se. Houve
um notável crescimento das indústrias siderúrgica, de papel, de alumínio
(embora o país tenha de importar a bauxita) e, especialmente, da indústria
química (fertilizantes, plásticos, têxteis e borracha sintética).
A produção metalúrgica alimenta uma versátil
indústria mecânica, eletromecânica, ferroviária e automobilística. A maior
parte da indústria canadense se concentra no sudeste do país, a região mais
populosa e de melhores meios de comunicação; as províncias de Ontário e Québec
contribuem com cerca de oitenta por cento do valor da produção industrial. O
restante das indústrias se encontra na região de Vancouver e nas grandes
cidades das pradarias.
Transportes e comunicações. O transporte
ferroviário é realizado por duas companhias: a Canadian Pacific Railway,
particular, e a Canadian National Railway, estatal. A rede rodoviária, muito
densa no quadrante sudeste, requer incansável trabalho de manutenção, devido
aos problemas causados pela grande incidência de neve e gelo.
O transporte fluvial foi o principal meio de
comunicação e penetração colonial em direção ao interior do Canadá. Desde 1959
está em funcionamento o sistema hidroviário do canal de São Lourenço, complexa
rede marítima e fluvial que une o Atlântico a lagos e rios: permite a navegação
desde os portos canadenses e americanos, nos grandes lagos, até o oceano e as
costas da Terra Nova. Vancouver é o principal porto marítimo do país. Os portos
de Toronto e Montreal têm acesso ao Atlântico através do canal de São Lourenço.
No setor de transporte aéreo, destacam-se, pelo
movimento, os aeroportos de Ottawa, Montreal, Toronto, Vancouver e Québec. O
Canadá mantém variado e intenso comércio com o exterior. Seus principais
parceiros são os Estados Unidos, responsáveis por cerca de sententa por cento
das transações internacionais, o Japão, o Reino Unido e a Venezuela.
História
Início da colonização. Os navegadores escandinavos
chegaram às costas canadenses no século XI, mas pouco se sabe sobre suas
atividades na América. O primeiro desembarque bem documentado é o de João
Caboto, marinheiro genovês que procurava uma passagem para o Pacífico, a mando
do governo inglês, e chegou em 1497 à península do Labrador.
Os ingleses, porém, não se interessaram pela
região e, no princípio do século XVI, os únicos europeus que viajaram com
freqüência pelos mares que circundam o Canadá foram pescadores que chegavam às
águas pouco profundas da Terra Nova, em busca de bacalhau. De 1520 a 1525, o
português João Álvares Fagundes explorou a costa da ilha do cabo Breton, mas
não foi bem-sucedido na tentativa de colonizá-la.
As primeiras expedições de intenção colonizadora
foram realizadas pelos franceses. Em 1524, o navegador florentino Giovanni da
Verrazano percorreu as costas do golfo de São Lourenço e tomou posse destas em
nome de Francisco I da França, que patrocinara a viagem. Só se passou, porém, a
conhecer efetivamente o Canadá a partir dos feitos de Jacques Cartier, que
viajou pelo extremo nordeste da Terra Nova e em 1534 chegou à península de
Gaspé.
Em sua segunda viagem, em 1535, Cartier subiu o
São Lourenço até as aldeias indígenas de Stadacona e Hochelaga, onde
floresceriam as futuras cidades de Québec e Montreal. Apesar de ter ficado na
região por vários meses, não criou ali nenhum assentamento, situação que se
prolongou até o século XVII, uma vez que as guerras religiosas na França
interromperam seus empreendimentos de colonização. A presença francesa ficou
reduzida às tradicionais expedições pesqueiras à Terra Nova e ao comércio de
peles por parte de aventureiros que procuraram ganhar o interior do país.
No fim do século XVI, estabilizada a situação na
metrópole, os comerciantes, com o objetivo de assegurar o monopólio das peles,
estimularam a colonização permanente das regiões vitais para o intercâmbio. A
primeira feitoria foi fundada na ilha de Sable, a 180km de Nova Escócia. No
princípio do século XVII Samuel de Champlain, primeiro governador do Canadá
francês, deu novo impulso à colonização. Em 1604, fundou-se na Nova Escócia a
importante localidade de Port-Royal e, em 1608, Québec, ponto de partida das
explorações e capital da Nova França. A expansão francesa foi muito rápida. Ao
final do século XVII as colônias francesas da América do Norte estendiam-se desde o rio São Lourenço e os
grandes lagos até as pradarias do oeste, e ao rio Mississippi e golfo do
México, ao sul.
Ao mesmo tempo, a Inglaterra estava cravando os
alicerces de sua colonização na América. A primeira tentativa séria foi
realizada por Humphrey Gilbert, que em 1578 chegara ao porto de Saint John's,
na Terra Nova, e tomara posse da região em nome da soberana inglesa Elizabeth
I. Pouco depois foram fundadas pequenas colônias na Terra Nova e na baía de
Hudson.
Conflitos coloniais entre franceses e ingleses.
Depois de estabelecer suas cabeças-de-ponte na América do Norte, a França e a
Inglaterra tentaram estender e consolidar seus domínios o mais depressa
possível. Começou desse modo uma luta em que se disputou a posse do vasto
continente durante mais de 150 anos, até o Tratado de Paris, em 1763.
Os confrontos tiveram início em 1613, quando
colonos britânicos da Virgínia destruíram na costa leste os pequenos e
indefesos povoados franceses da Acádia. Em 1628, Sir William Alexander fundou
uma colônia escocesa, a Nova Escócia, posteriormente assimilada pelos
franceses. Durante algum tempo não houve desavenças, uma vez que, entre os territórios
ingleses e franceses, se interpunham colonos holandeses, fixados na parte baixa
do rio Hudson e na ilha de Manhattan, denominada Nova Amsterdam. Em 1664,
porém, os ingleses conquistaram o território holandês e mudaram-lhe o nome para
Nova York.
Enquanto isso, a Nova França, que até o século
XVII fora apenas colônia comercial, à época do cardeal Richelieu converteu-se
em colônia real. Embora atrasados em sua expansão pela resistência das tribos
indígenas, pela hostilidade do clima e pelas
desavenças com os ingleses, os franceses haviam ampliado
substancialmente seus domínios.
A partir da segunda metade do século XVII, o
mercantilista Colbert, ministro de Luís XIV, estimulou a política colonial. No
início do século XVIII os colonos franceses que viviam nas regiões de uma e
outra margem do rio São Lourenço somavam 16.000. Não se tratava de uma
colonização em grande escala, porque, entre outros motivos, a caça e o comércio
de peles não exigiam povoamento intensivo.
A luta entre a França e a Grã-Bretanha pela
hegemonia européia, desde as primeiras décadas do século XVIII, repercutiu em
suas respectivas possessões coloniais. A França perdeu, aos poucos, grande
parte de seus territórios no novo continente. Em 1713, pelo Tratado de Utrecht,
cedeu à Grã- Bretanha os territórios da Acádia (Nova Escócia e ilha do Príncipe
Eduardo), Terra Nova e baía de Hudson.
Em meados do mesmo século, os rumos da guerra dos
sete anos na Europa também se refletiram sobre as colônias. Vitoriosa, a
Grã-Bretanha aproveitou para conquistar as terras francesas do Canadá. Québec
foi tomada em 1759 e Montreal em 1760. Três anos depois, pelo Tratado de Paris,
a França abandonaria definitivamente as terras canadenses, em benefício da
Grã-Bretanha.
O Canadá britânico: 1763-1867. A nova colônia
britânica teria uma população majoritariamente francesa. Com o objetivo de
conquistar a confiança e lealdade dos franco-canadenses, os britânicos em 1774
concederam o Estatuto de Québec, que reconhecia a liberdade de culto, o
respeito à língua e o restabelecimento do direito civil francês.
Após a independência dos Estados Unidos, muitos
loyalists, ingleses e anglo-americanos fiéis à coroa britânica, emigraram para
a região de Ontário, então província de Québec. Eram, na maioria, agricultores
que, somados à contínua chegada de imigrantes britânicos, deram origem a
problemas que a metrópole só resolveria com a promulgação do Estatuto
Constitucional de 1791, que decretou a divisão do Canadá em duas províncias: o
Alto Canadá, mais tarde Ontário, povoado majoritariamente por britânicos e
sujeito ao sistema legal inglês, e o Baixo Canadá, depois Québec, de maioria
francesa e regido pelo direito civil francês. Ambas as províncias teriam suas
respectivas assembléias legislativas. Começava assim a segunda etapa da
história do Canadá.
Guerra com os Estados Unidos. Após a independência americana, surgiram os
primeiros desentendimentos entre a colônia britânica e a nova nação, como
conseqüência do comércio de peles, do desejo dos americanos nacionalistas de
libertar a América do domínio do velho continente, e do ressentimento dos
loyalists contra os novos adversários. A inexistência de fronteiras claramente
demarcadas complicava a situação. Em 1812 desencadeou-se um pequeno conflito
que terminou com a fixação, dois anos depois, de fronteiras que asseguravam a
separação definitiva entre os dois países.
Exploração do interior. No princípio do século
XIX, as únicas regiões colonizadas eram as que ficavam próximas aos grandes
lagos do lado leste, as que estavam à beira do rio São Lourenço e as províncias
marítimas (Nova Escócia, Nova Brunswick, Príncipe Eduardo e Cabo Breton). Mas,
no final do século XVIII os comerciantes de pele começaram a internar-se no
oeste e nas regiões ao norte dos grandes lagos. Em 1789, Alexander Mackenzie
alcançou o curso do rio que passou a ter seu nome, na região ártica e, no
início do século XIX, Simon Fraser e David Thompson exploraram as regiões da
costa do Pacífico, posteriormente conhecidas como Colúmbia Britânica.
Levantes de 1837 e o Estatuto Único. A entrada
crescente de imigrantes (800.000 entre 1815 e 1830), com os conseqüentes
problemas econômicos, sociais e de adaptação, ao lado do descontentamento dos
setores de origem francesa, cristalizaram-se nos levantes de 1837. Os movimentos,
tanto no Alto como no Baixo Canadá, tinham como objetivo aumentar a autonomia
de ambas as províncias e conseguir a instauração de um regime republicano.
Controlada a rebelião, o governador enviado para
solucionar a situação, John George Lambton, conde de Durham, recomendou a união
dos territórios canadenses, com a conseqüente assimilação da parte de
influência francesa (à qual atribuía a culpa dos acontecimentos), aumento da
autonomia política e provincial. O governo britânico aceitou ampliar o grau de
autogoverno e elaborou um estatuto da união, o Estatuto Único de 1840, baseado
na coexistência das comunidades e não na assimilação.
Confederação canadense e evolução política. A
união do país se veria dificultada pelas rivalidades provinciais e diferenças culturais.
Em 1864, os políticos provinciais reunidos em Charlottetown e em Québec
decidiram criar uma confederação canadense, que se materializou em 1867 com o
Estatuto da América do Norte Britânica, que assegurava a união das províncias
existentes e, com o tempo, propiciaria a criação de outras.
De acordo com esse instrumento, o Canadá se organizaria
como estado autônomo com categoria de domínio dentro do império britânico e
regido por um sistema político democrático. Embora a confederação tivesse
amplos poderes internos, as relações exteriores seriam exercidas pelos
britânicos, que resolveram os litígios territoriais com os Estados Unidos com
expressivas concessões, como em 1903 se demonstrou com os acordos de fronteira
sobre o Alasca. Os franco-canadenses, no
entanto, ofereceram forte resistência à confederação assim articulada, o que
levou à rebelião franco-canadense de 1885, no vale de Saskatchewan.
Desde o estabelecimento da confederação, o Canadá
foi dirigido alternadamente por dois partidos políticos: o Conservador e o
Liberal, da mesma forma que ocorria na metrópole britânica. De 1867 até 1896 o
conservador John Macdonald governou o país. Foi uma época de vertiginoso
desenvolvimento econômico, que se concretizou sobretudo na construção da
estrada de ferro Canadian Pacific (que uniu a costa do Atlântico à do
Pacífico), na enorme expansão do comércio e na implantação de poderosas
instalações industriais.
Em 1896 começou um período de governo liberal.
John Macdonald foi substituído pelo autonomista e liberal Wilfrid Laurier, que
conseguiu ampliar a margem de autogoverno quando se reconheceu à confederação o
direito de não ficar atrelada aos tratados britânicos e de regular segundo seus
próprios interesses a imigração.
Período 1914-1945. A intervenção na primeira
guerra mundial, ao lado do Reino Unido, garantiu ao Canadá não apenas igualdade
junto às nações da Comunidade Britânica, como também a participação em 1919 da assinatura do tratado
de paz de Versalhes e ainda seu ingresso na Liga das Nações, na qualidade de
estado independente. Em 1926, a conferência imperial definiu a Comunidade
Britânica como um conjunto de países autônomos livremente associados, fato
corroborado pelo estatuto de Westminster de 1931, que outorgava ao Parlamento
federal canadense uma total autonomia legislativa.
O Canadá atravessou a década de 1920 em acelerado
processo de desenvolvimento econômico, mas sofreu duramente as conseqüências da
crise de 1929, devido, principalmente, a seus fortes laços comerciais com os
Estados Unidos, com os quais em 1940 firmou um pacto militar de defesa mútua.
Como país independente, em 1939 declarou guerra à Alemanha e participou
ativamente do conflito, não só fornecendo tropas e material militar, como
também alimentos e ajuda financeira.
Evolução após a segunda guerra mundial. Em 1949 o
Canadá chegou ao ápice de sua expansão com a inclusão efetiva da Terra Nova e
participou, já na qualidade de potência internacional, da criação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, em 1956, da força de
emergência das Nações Unidas, organizada durante a crise de Suez.
Após a guerra, o Canadá passou por impressionante
surto de desenvolvimento do setor industrial, que se converteu no motor da
economia do país. Os liberais, que governaram o país desde 1935, primeiro
com William Lyon Mackenzie e, a partir
de 1948, com Louis Saint-Laurent, deram lugar ao conservador John Diefenbaker,
que venceu as eleições de 1957 com um programa populista. Seu governo, porém,
entrou em crise no início da década de 1960.
Como culminância de uma nova fase de predomínio
dos liberais, em 1968 Pierre Elliott Trudeau, originário de Québec, venceu as
eleições com maioria absoluta. Trudeau governou o país durante mais de uma
década, saiu vitorioso em sucessivas eleições e empreendeu uma política baseada
no incremento das relações econômicas com a Europa e com os países socialistas,
assim como no nacionalismo perante os Estados Unidos.
Durante seu primeiro mandato, teve de enfrentar
violentas manifestações da organização separatista Frente de Libertação de
Québec, que de modo geral se prolongaram até 1969, quando o Parlamento federal
reconheceu o francês como língua oficial, ao lado do inglês. O separatismo não
arrefeceu e em 1976 o partido autonomista (Parti Québécois) obteve esmagadora
vitória eleitoral em Quebec: o líder René Lévesque tornou-se um chefe do
executivo provincial. Entretanto, o plebiscito de 1980 sobre "soberania ou
associação" de Québec com o Canadá derrotou os separatistas.
Mais tarde, o governo de Trudeau instou o Reino
Unido a conceder ao Parlamento canadense a capacidade de dispor de sua própria
ordenação jurídico-administrativa. Em 1982 o Parlamento britânico aprovou o
novo estatuto pelo qual o Canadá alcançou completa independência em termos
legislativos, embora permanecesse
submetido à soberania formal da coroa britânica.
Em fevereiro de 1984 Trudeau anunciou sua
demissão e, em setembro, o conservador
Brian Mulroney venceu as eleições. Em 1985 o novo primeiro-ministro apoiou as
iniciativas de defesa estratégica tomadas pelo presidente americano Ronald
Reagan e em 1987 negociou uma
liberalização do comércio entre Canadá e Estados Unidos.
Em 1987 firmou-se o chamado pacto do lago Meech,
pelo qual as dez províncias autônomas e o governo federal reconheceram as peculiaridades
de cada unidade administrativa. Em 1990, porém, as províncias de Manitoba e
Terra Nova não ratificaram o pacto, deixando aberto o caminho do separatismo,
de especial significado em Québec.
Instituições políticas
Sistema político. O Canadá é um estado federal,
membro da Comunidade Britânica de Nações. O chefe de estado é o soberano
britânico, com poderes exclusivamente honoríficos, representado por um
governador-geral que, desde 1952, deve ser canadense nato, eleito para um
período de seis anos pela coroa, por proposta do governo federal. Desde a
criação do domínio, a capital é Ottawa.
O Estatuto Constitucional inclui os direitos e
liberdades fundamentais da cidadania e a legislação comum das províncias
federadas. O país é regido por um sistema político democrático e
parlamentarista, segundo o qual o poder legislativo é exercido por duas
câmaras: o Senado, com 104 membros nomeados pelo governador-geral por
recomendação do governo; e a Câmara dos Comuns, com 295 membros eleitos por
cinco anos. O poder executivo é exercido pelo primeiro-ministro, chefe do
partido majoritário na Câmara dos Comuns e assistido por um conselho de
ministros.
Organização territorial. O Canadá é um estado
federativo composto por dez províncias: Terra Nova, Ilha do Príncipe Eduardo,
Nova Escócia, Nova Brunswick, Québec, Ontário, Manitoba, Saskatchewan, Alberta
e Colúmbia Britânica. Conta ainda com dois territórios, o de Yukon e o de
Noroeste. Cada governo provincial apresenta instituições políticas equivalentes
em função e organização às do governo federal.
Sociedade
A população canadense desfruta de elevado padrão
de vida, embora o governo federal e os governos provinciais prestem serviços
sociais de caráter geral (saúde e ensino) e mantenham numerosos programas de
assistência aos grupos menos favorecidos. Um plano especial do estado assegura
pensão mensal a todas as pessoas com mais de 65 anos. A assistência médica é
gratuita, praticamente para toda a população.
O ensino no Canadá é leigo e, em sua maior
parte, descentralizado. As obrigações do
governo, no campo da educação, estão limitadas aos índios e esquimós. Não há um
ministério da educação nacional: esta se acha sempre submetida aos órgãos de
instrução pública das províncias, que se encarregam de harmonizar as atividades
educacionais públicas e privadas, estabelecer os programas necessários e nomear
os conselheiros escolares. As comunidades são, em geral, responsáveis pelo
financiamento da educação.
O ensino é obrigatório até os 16 anos. A educação
primária começa entre os seis e sete anos de idade e se prolonga até os 13 ou
14 anos, conforme a província. Existem em grande número as escolas de formação
profissional para a indústria, agricultura e comércio. Não há universidade
particular e o ensino superior é ministrado em inglês ou francês, pois há
universidades específicas para cada idioma.
O catolicismo é a religião de cerca de cinqüenta
por cento da população. As principais igrejas protestantes são a anglicana do
Canadá e a Unida do Canadá, esta fruto da fusão, em 1925, de metodistas,
congregacionalistas e alguns presbiterianos. Há ainda presbiterianos, batistas,
luteranos, ortodoxos gregos, católicos ucranianos, judeus e outros.
Cultura
A diversidade de origens da população canadense
explica a variedade de manifestações culturais.
Arte. Entre os povos indígenas, as tribos da
costa oeste destacam-se nos trabalhos de entalhe da madeira: são universalmente
conhecidos seus tótemes e máscaras zoomórficas ou de outros motivos míticos. A
arte dos índios das pradarias é menos original e apresenta características
semelhantes às da encontrada entre os peles-vermelhas dos Estados Unidos:
limita-se à pintura das vestimentas e das peles de bisão das tendas em que se
abrigam. Por outro lado, os esquimós são os criadores de maior interesse
estético, pelas figuras muito estilizadas que fazem com a utilização de dentes
de foca e chifres de rena.
A arte dos povos colonizadores foi, a princípio,
pouco original, pois se restringia a repetir os estilos das respectivas
metrópoles, França e Grã- Bretanha. Durante o século XIX, a arquitetura também
imitou os estilos europeus, principalmente
britânicos: são exemplos inequívocos a igreja de Nossa Senhora de
Montreal, o edifício do Parlamento de Ottawa, o castelo de Frontenac, em Québec
etc.
No próprio século XIX, porém, surgiu na pintura
um grupo de artistas naturalistas com um estilo muito peculiar, salientando-se
entre eles Paul Kane, pintor da vida cotidiana dos índios, e Cornélius
Krieghoff, que retratou os fazendeiros canadenses. No começo do século XX
desenvolveu-se importante escola paisagista que, mesmo sob influência dos
impressionistas europeus, mostrava originalidade e valia-se de cores muito
vivas. O representante mais destacado dessa escola foi Tom Thomson.
No século XX, a arquitetura manteve-se
identificada, de maneira eclética, com os estilos europeus e americanos
(funcionalismo, organicismo e outros), sendo Vancouver o centro criador mais
importante do Canadá. Os pintores também seguiram, como os arquitetos, as
correntes de vanguarda européias, o que se revela nas obras do surrealista Jean
Dallaire, do expressionista abstrato Charles Binning e de Alfred Pellan, que
fundou na década de 1930, em Québec, uma escola de pintura não-objetiva. A
partir da década de 1960, a arte, tal qual a literatura canadense, esteve mais
perto das novas correntes americanas do que da influência européia.
Música. Na música popular, sobressaem os cantos
dos primeiros povoadores europeus do país, recolhidos por Ernest Gagnon em suas
Chansons populaires du Canada (Canções populares do Canadá), livro que reúne
canções em que se mesclam o folclore indígena, as lendas do Canadá selvagem e
as melodias levadas da metrópole por exploradores e conquistadores.
A música culta, ainda que introduzida pelos
franceses no século XVII e impulsionada, posteriormente, pelos britânicos, só
teve uma produção própria no final do século XIX, com as composições de Calixa
Lavallée e Alexis Contant. As correntes musicais do século XX, sobretudo o
atonalismo, manifestaram-se no trabalho de John Weinzweig, representante da
escola de Toronto, assim como nas obras de Serge Garrand e Roger Mallon.
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