domingo, 19 de maio de 2013

Canadá





O nome Canadá provém do iroquês kanata, que significa aldeia ou povoado. Segundo país da Terra em extensão territorial, e um dos que alcançaram mais alto padrão de vida, o Canadá, devido a condições naturais de clima, solo e relevo, é desabitado na maior parte de seu território, do qual só a metade, aproximadamente, teve suas reservas e recursos explorados.
Com área de 9.970.610km2, o Canadá ocupa toda a parte superior da América do Norte, com exceção do Alasca, mas incluindo as ilhas adjacentes. Limita-se ao norte com o oceano Glacial Ártico, a leste com o oceano Atlântico, ao sul com os Estados Unidos (8.895km de fronteira desmilitarizada) e a oeste com o oceano Pacífico e o estado americano do Alasca.
Geografia física
Geologia e relevo. Apesar de sua vasta superfície, o relevo canadense apresenta configuração muito simples. Existem quatro regiões naturais: o escudo canadense, as grandes planícies, as montanhas baixas do sudeste ou seção atlântica, e as grandes cordilheiras do oeste.
Escudo canadense. Também chamado laurenciano, o escudo canadense é constituído de rochas pré-cambrianas (granitos, gnaisses, xistos, quartzitos e outras rochas cristalinas), que contêm muitos minerais valiosos, como ouro, prata, platina, cobre, níquel, cobalto, ferro, chumbo e zinco. O escudo, fortemente erodido, não sofreu nenhum dobramento, mas os movimentos tectônicos terciários o encurvaram em forma de bacia, cujo centro, invadido pelo mar, deu origem à baía de Hudson. Esses movimentos soergueram o escudo em suas margens, sobretudo no Labrador, onde os montes Churchill alcançam altitudes de dois mil metros.
Essa região apresenta uma topografia muito plana, com suaves colinas separadas por baixadas pontilhadas de pântanos e lagos (Urso, Escravo, Atabasca e Winnipeg).
Grandes planícies. Região de transição entre o escudo e as montanhas Rochosas, as grandes planícies são também conhecidas como pradarias, pela profusão da cobertura vegetal do tipo herbáceo. São formadas por terrenos sedimentares das eras mesozóica e cenozóica, que repousam sobre a plataforma continental. A região sofreu vários ciclos de erosão, dos quais o mais importante foi o glacial, que provocou mudanças na rede hidrográfica, cavou depressões onde se alojaram lagos e trouxe sedimentos que constituíram solos férteis. Apresenta um modelado em cuestas, devido à erosão sobre estratos inclinados. Essas cuestas formam três tabuleiros inclinados de oeste para leste: a pradaria baixa, a oeste de Manitoba; a pradaria média, ao sul do rio Saskatchewan; e a pradaria alta, na província de Alberta. A planície do rio Mackenzie prolonga até o norte essa paisagem, que acaba numa superfície totalmente horizontal e permanentemente gelada.
Seção atlântica. As regiões mais populosas do país, situadas entre o rio São Lourenço e o oceano Atlântico, acrescidas dos prolongamentos insulares, constituem a seção atlântica. Erguidas durante a orogenia herciniana (era paleozóica), as rochas cristalinas (gnaisses e granitos) sofreram intenso  desgaste no período cretáceo e foram fossilizadas por materiais sedimentares, depois das transgressões marinhas. A orogenia terciária dobrou os estratos sedimentares, enquanto a repetição da erosão (fluvioglacial) sobre materiais alternadamente duros e moles deu lugar à modelagem do tipo apalachiano (relevo de cristas paralelas separadas por vales alongados). Ainda assim, como conseqüência de grande submersão tectônica, formou-se uma costa de rias.
Grandes cordilheiras. O extremo oeste do Canadá é percorrido de norte a sul por duas cadeias de  montanhas separadas por uma meseta: as montanhas Rochosas e a cordilheira Costeira. A largura desta seção montanhosa oscila entre 500 e 900km.
As montanhas Rochosas, na borda oriental, levantam-se bruscamente por sobre as pradarias. Formam-se de rochas sedimentares interrompidas por afloramentos da plataforma continental. O pico principal se encontra no monte Robson (3.954m), a oeste de Edmonton. A erosão glacial do período quaternário deu lugar a um relevo muito acidentado, de formas bem recortadas, e cavou profundos vales atualmente cortados por rios como o Kootenay, o Columbia e o Fraser.
Junto às costas do Pacífico se levanta a cordilheira Costeira, erguida no período terciário. Apresenta as maiores elevações do Canadá na região norte, onde se encontra o monte Logan (6.050m). Em direção ao sul divide-se e perde altitude (4.042m no monte Waddington). Uma terceira cordilheira, em parte submersa, emerge no arquipélago de Alexandre, no Alasca, e nas ilhas canadenses de Vancouver e Rainha Carlota. Fechadas entre as Rochosas e a cordilheira Costeira, encontram-se as acidentadas mesetas de Yukon ao norte e Fraser e Columbia ao sul, com mais de dois mil metros de altitude em alguns pontos.
Clima. Predomina o clima continental, ainda que, devido às dimensões do território, também ocorram o oceânico e o polar. Em sua maior parte, o Canadá é um país frio, com inverno longo e rigoroso. Dois fatores influem no clima canadense: o efeito de barreira das cordilheiras da costa oeste, que obstruem a ação moderadora do oceano, e a modéstia do relevo ao norte, o que permite a livre penetração dos ventos polares.
A costa do Pacífico possui o clima mais ameno do Canadá, devido à influência oceânica e aos ventos do oeste. As precipitações são abundantes durante todo o ano (1.500mm em Vancouver), enquanto as temperaturas oscilam entre -3o C em janeiro e 15o C em agosto. Na região norte o clima é polar, com temperatura média anual de -5o C.
O restante do território é submetido a um regime anticiclônico dominante, que determina um clima continental com invernos extensos e muito rigorosos, sobretudo no centro (-20o C em Winnipeg), verões frescos e precipitações que não superam 700mm. O rigor do vento é amenizado aos pés das Rochosas, já que o vento chinook se aquece ao descer pela vertente oriental da cordilheira. Isso explica que em Calgary, Alberta, o mês mais frio não chegue a -10o C.
Hidrografia. As águas interiores, lagos e rios, ocupam vasta superfície e são empregadas como fontes de energia e vias de comunicação. Entre os lagos, de origem glacial, destacam-se o Grande Lago do Urso, o Grande Lago do Escravo, o Atabasca e o Winnipeg, todos entrelaçados por cursos fluviais. Os lagos Superior, Huron, Erie e Ontário servem de fronteira natural com os Estados Unidos.
A rede hidrográfica é muito densa. As montanhas Rochosas fazem o papel de divisor de águas. Assim, os rios que desembocam no Pacífico são curtos e torrenciais, com exceção do Columbia e do Fraser, enquanto os que nascem na vertente oriental e desembocam no Ártico são extensos, como o Mackenzie. Por sua importância econômica, o principal rio é o São Lourenço, que percorre mais de 1.300km desde a nascente no lago Ontário até a foz no golfo de São Lourenço. São freqüentes os rápidos e cascatas, como as cataratas do Niagara, entre o lago Ontário e o Erie. O rigor do clima faz com que muitos rios permaneçam gelados durante o inverno.
Flora e fauna. O solo e o clima propiciam três grandes áreas vegetais no Canadá: a tundra, a floresta boreal e a pradaria. A tundra cobre mais de um terço do território do Canadá, a partir dos 60o de latitude. É uma vegetação  composta de musgos e liquens, entremeados de pântanos e turfeiras.
A floresta boreal, bastante densa, é dominada por  coníferas como lariços, abetos e pinheiros, sob as quais crescem espécies lenhosas. Estende-se da bacia média do Mackenzie até o São Lourenço e Terra Nova. Na transição para as pradarias, ao sul, se mescla de árvores caducifólias como o carvalho e sobretudo  o bordo (maple), cuja folha é símbolo nacional, presente na bandeira do país. A floresta do Pacífico, onde também dominam as coníferas, mantém aspecto boreal: ao norte, aparecem o pinheiro Sitka e o abeto Douglas e, ao sul, a tuia.
As pradarias, ou campos, praticamente sem árvores, ocupam menos espaço que as outras formações, mas são economicamente mais significativas, com sua vasta cobertura de gramíneas, cujos restos apodrecidos, acumulados ao longo dos séculos, formaram um humo negro de grande fertilidade. A sudoeste do Saskatchewan, onde ocorrem menos precipitações, a pradaria se degrada e dá lugar à estepe.
A fauna do Canadá é característica de um país muito frio. Ao norte vive a estranha espécie dos bois-almiscareiros (Ovibos moschatus), assim como renas, caribus, ursos-brancos, raposas polares, focas, lobos e doninhas árticas. No sudoeste, a espécie mais característica é o cervo-de-cauda-branca. Os lemingos, pequenos roedores, são alimento do arminho, da raposa e até dos lobos.
O búfalo e o bisão, que existiam em imensas manadas pelas pradarias, são encontrados apenas nos parques nacionais, como o de Wood Buffalo. Na floresta boreal vivem castores, esquilos e marmotas. Nas montanhas Rochosas há cabras brancas, caribus de montanha e ursos-negros. Entre as aves destacam-se os gaios, os gansos canadenses, as águias douradas e as gaivotas. Na segunda metade do século XX o Canadá se distinguia por sua ativa consciência ambiental e exercia intensa política de preservação da natureza, valendo-se de moderna tecnologia.
População
As principais características da população canadense são sua diversidade étnica (como toda nação jovem, sua população é fruto de sucessivas imigrações) e sua baixa densidade.
População autóctone. Quando chegaram os primeiros colonizadores europeus, a população do Canadá era composta por índios -- algonquinos, iroqueses (aparentados com os huronianos) e sioux, entre outros -- e esquimós. Com a colonização, o número de indígenas, estimado em 230.000, reduziu-se bastante, mas depois voltou ao mesmo patamar, que se mantém estável. Até a segunda metade do século XX as comunidades indígenas não se incorporaram às atividades econômicas do país e conservaram seus traços culturais quase inalteráveis.
A população esquimó, muito escassa, se manteve em torno de vinte mil pessoas desde a colonização no século XVI. Os esquimós sempre viveram da caça e da pesca. Sua incorporação à sociedade nacional começou na década de 1960, de maneira lenta mas contínua.
Imigrações. Assentada na costa atlântica e no vale do São Lourenço, até o século XIX a população branca, majoritariamente francesa, era reduzida. Durante o século XIX, a imigração européia, sobretudo britânica, converteu o Canadá em país multicultural. Em 1867, quando se criou a confederação das colônias, o grupo mais compacto era o francês. Os anglo-saxões, ainda que superiores em número, constituíam comunidades separadas de ingleses, irlandeses e escoceses.
Desde o final do século XIX a carência de mão-de-obra, inicialmente para colonização das pradarias e, depois da primeira guerra mundial, para atender à demanda industrial, levou o governo a favorecer a imigração, só interrompida durante as guerras mundiais e a crise de 1929. Os imigrantes eram de procedência muito diversa: durante a metade do século XX, foram na maioria escandinavos e da Europa central, mas após a segunda guerra mundial passaram a vir sobretudo do sul da Europa, principalmente Portugal, Itália e Grécia. A variada imigração explica a presença de cerca de sessenta grupos étnicos, de forma que quase uma terça parte da população não é de origem nem francesa, nem britânica.
Idiomas. A questão lingüística foi sempre um dos grandes problemas do país, a ponto de haver fortes tendências para uma cisão, entre as décadas de 1960 e 1970. A pressão da comunidade francesa levou o Parlamento federal a reconhecer, em 1969, o francês e o inglês como línguas oficiais. Cerca de 25% da população fala o francês, majoritariamente na província de Québec, e de forma residual em Nova Brunswick, Manitoba e Ontário.
Entretanto, a proporção dos canadenses de língua francesa diminuiu, devido à adoção do inglês pela maior parte dos imigrantes. O traço bilíngüe, portanto, desequilibra-se cada vez mais em favor do inglês: no fim do século XX, por exemplo, para cem jornais editados em língua inglesa havia somente dez em francês. Os grupos indígenas continuam a utilizar seus idiomas nativos.
Demografia. O rápido crescimento da população canadense desde o século XIX se deve não só à imigração, mas também às altas taxas de natalidade.  Apesar desse intenso crescimento (de sete milhões de habitantes em 1911 a mais de trinta milhões no início da década de 1990), o país continua pouco povoado: sua densidade demográfica, em meados da década de 1990, era de três habitantes por quilômetro quadrado.
A população também se distribui de forma muito irregular. Cerca de noventa por cento dos canadenses se concentram em 12% da superfície do país, sobretudo no sul, na região fronteiriça com os Estados Unidos. O vale do São Lourenço, a zona meridional dos grandes lagos, e a Colúmbia Britânica são as áreas populosas. Ao norte da linha Prince Rupert-Edmonton-Winnipeg-Québec o povoamento mostra-se parco e disperso, ainda que se tenham criado algumas zonas de colonização em regiões de copiosos recursos minerais (vale do rio Churchill e lago do Urso).
Cerca de oitenta por cento da população canadense vive em cidades. Destacam-se as aglomerações urbanas de Toronto, Montreal e Vancouver, importantes centros industriais, comerciais e financeiros, e Ottawa, centro administrativo do país. São cidades modernas e confortáveis, com serviços de primeira ordem, as duas primeiras servidas de metrô. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A tradicional produção agrícola, florestal e mineral do Canadá passou a ser complementada, na segunda metade do século XX, graças a amplos investimentos estrangeiros, com um vigoroso e diversificado parque industrial. No entanto, a necessidade de controlar o capital estrangeiro, cujos investimentos passavam de oitenta por cento em alguns setores estratégicos (indústrias químicas, siderúrgicas e de transformação), levou o governo, em 1973, a colocar tais investimentos sob controle estatal.
Agricultura, pecuária, extrativismo e pesca. Foi no setor primário que o Canadá obteve a maior parte de seus recursos econômicos até meados do século XX. A importância da produção agrícola no conjunto da economia começou a diminuir a partir de meados da década de 1950. Por causa do clima frio, da extensão das florestas e da qualidade dos solos, apenas cinco por cento do território são agricolamente aproveitáveis. As principais províncias agrícolas são as localizadas nas pradarias: Alberta, Manitoba e Saskatchewan.
Em tais regiões, as propriedades oscilam entre 100 e 160 hectares e são exploradas com as técnicas mais avançadas (em termos de instalações, maquinaria e fertilizantes), em geral pelos próprios donos e suas famílias, pois é muito reduzida a oferta de mão-de-obra para a lavoura.
Os cereais constituem a cultura predominante, especialmente o trigo duro, de excelente qualidade. Parte da colheita é exportada, e Winnipeg é o  principal mercado de trigo. Diretamente ligada ao progresso da pecuária, a cultura de aveia para forragem estende-se, sobretudo, pelas pradarias e fazendas de produção integrada ao longo do rio São Lourenço. A cevada e o milho também tiveram crescimento contínuo desde a década de 1940. São cultivados nas áreas ribeirinhas do São Lourenço e ao sul de Ontário.
Os inconvenientes da monocultura cerealista levou o governo do Canadá, no começo da segunda metade do século XX, a subvencionar a diversificação agrícola mediante programas específicos. Batatas, sementes oleaginosas, legumes, beterraba, hortaliças e frutas,  em proporção cada vez maior, cobrem as necessidades do consumo interno.
A partir da segunda guerra mundial caíram gradualmente os rebanhos de ovinos e eqüinos e cresceram os suínos e bovinos, sendo estes últimos divididos em dois grupos: uma criação extensiva voltada para a produção de carne (nas terras marginais às pradarias e na meseta de Fraser); e uma outra intensiva, sobretudo em Ontário e sempre perto das grandes cidades, com o objetivo de atender à procura de leite e laticínios.
Inicialmente, a exploração das riquezas florestais (madeira e peles de animais) foi o grande  propulsor da penetração européia no Canadá. A caça já não é atividade significativa, nem se usam os antigos métodos: há uma rigorosa legislação conservacionista e a obtenção de peles é da responsabilidade de fazendas que se dedicam à criação de animais específicos, como a raposa, a marta, o castor, a lontra, o rato-almiscareiro e especialmente o vison, que concentra mais da metade do valor do comércio de peles canadense. Montreal é um dos principais mercados do produto em todo o mundo.
A madeira é extraída e exportada desde o princípio da colonização. A partir do século XX, passou-se a fabricar também pasta de papel, de que o Canadá é dos primeiros produtores do mundo, tanto em volume como em qualidade. Há uma severa regulamentação do corte e plantio florestal, e as reservas mais importantes de madeira situam-se na Colúmbia Britânica.
Os 48.000km do litoral canadense dão uma idéia do potencial pesqueiro do país. Na costa atlântica, onde o plâncton é abundante, há cardumes de bacalhau, cavala, sardinha e outros peixes; nas costas meridionais do golfo de São Lourenço, captura-se sobretudo a lagosta, ainda que na Colúmbia Britânica se pesquem o salmão e o arenque, itens mais importantes da exportação de pescado.
Mineração e fontes de energia. O Canadá é muito rico em recursos minerais e, da segunda guerra mundial em diante, a produção do setor cresceu em progressão geométrica. Muitas de suas jazidas, porém, são de difícil exploração, pois se encontram abaixo de superfícies permanentemente geladas. Desde a década de 1970 os esforços do governo se encaminham no sentido de facilitar a rentabilidade da extração de tais recursos.
Os resultados já atingidos são imensos. O país é um dos maiores produtores mundiais de níquel, zinco, urânio, cobre, molibdênio, prata, ouro, ferro, chumbo, cobre e cobalto. São também expressivas as fontes de energia. A produção e o consumo de carvão apresentam uma peculiaridade: o carvão de Alberta e Saskatchewan é exportado para o Japão, enquanto as necessidades das indústrias de Ontário e Québec são satisfeitas com a importação de carvão dos Estados Unidos que, transportado através dos Grandes Lagos, custa menos que o nacional.
O setor de hidrocarbonetos cresceu notavelmente desde a década de 1940. Mais de oitenta por cento do gás natural e do petróleo se acham na província de Alberta e são  transportados para as regiões industriais do sudeste por oleodutos e gasodutos. Embora os recursos hidrelétricos sejam abundantes em todo o Canadá, cerca da metade da energia gerada procede da província de Québec, que possui um dos maiores complexos hidrelétricos do planeta, o de Manocouagen-Outardes.
Indústria. No começo, o desenvolvimento econômico do Canadá baseou-se na agricultura, na exploração florestal e nas jazidas minerais. No entanto, a importância dessas atividades reduziu-se progressivamente, sobretudo a partir da década de 1940, quando os setores industrial e de serviços ganharam a dianteira, e este último veio a representar, nas últimas décadas do século, mais da metade do produto nacional. Na segunda metade do século XX, o desenvolvimento industrial acelerou-se. Houve um notável crescimento das indústrias siderúrgica, de papel, de alumínio (embora o país tenha de importar a bauxita) e, especialmente, da indústria química (fertilizantes, plásticos, têxteis e borracha sintética).
A produção metalúrgica alimenta uma versátil indústria mecânica, eletromecânica, ferroviária e automobilística. A maior parte da indústria canadense se concentra no sudeste do país, a região mais populosa e de melhores meios de comunicação; as províncias de Ontário e Québec contribuem com cerca de oitenta por cento do valor da produção industrial. O restante das indústrias se encontra na região de Vancouver e nas grandes cidades das pradarias.
Transportes e comunicações. O transporte ferroviário é realizado por duas companhias: a Canadian Pacific Railway, particular, e a Canadian National Railway, estatal. A rede rodoviária, muito densa no quadrante sudeste, requer incansável trabalho de manutenção, devido aos problemas causados pela grande incidência de neve e gelo.
O transporte fluvial foi o principal meio de comunicação e penetração colonial em direção ao interior do Canadá. Desde 1959 está em funcionamento o sistema hidroviário do canal de São Lourenço, complexa rede marítima e fluvial que une o Atlântico a lagos e rios: permite a navegação desde os portos canadenses e americanos, nos grandes lagos, até o oceano e as costas da Terra Nova. Vancouver é o principal porto marítimo do país. Os portos de Toronto e Montreal têm acesso ao Atlântico através do canal de São Lourenço.
No setor de transporte aéreo, destacam-se, pelo movimento, os aeroportos de Ottawa, Montreal, Toronto, Vancouver e Québec. O Canadá mantém variado e intenso comércio com o exterior. Seus principais parceiros são os Estados Unidos, responsáveis por cerca de sententa por cento das transações internacionais, o Japão, o Reino Unido e a Venezuela.
História
Início da colonização. Os navegadores escandinavos chegaram às costas canadenses no século XI, mas pouco se sabe sobre suas atividades na América. O primeiro desembarque bem documentado é o de João Caboto, marinheiro genovês que procurava uma passagem para o Pacífico, a mando do governo inglês, e chegou em 1497 à península do Labrador.
Os ingleses, porém, não se interessaram pela região e, no princípio do século XVI, os únicos europeus que viajaram com freqüência pelos mares que circundam o Canadá foram pescadores que chegavam às águas pouco profundas da Terra Nova, em busca de bacalhau. De 1520 a 1525, o português João Álvares Fagundes explorou a costa da ilha do cabo Breton, mas não foi bem-sucedido na tentativa de colonizá-la.
As primeiras expedições de intenção colonizadora foram realizadas pelos franceses. Em 1524, o navegador florentino Giovanni da Verrazano percorreu as costas do golfo de São Lourenço e tomou posse destas em nome de Francisco I da França, que patrocinara a viagem. Só se passou, porém, a conhecer efetivamente o Canadá a partir dos feitos de Jacques Cartier, que viajou pelo extremo nordeste da Terra Nova e em 1534 chegou à península de Gaspé.
Em sua segunda viagem, em 1535, Cartier subiu o São Lourenço até as aldeias indígenas de Stadacona e Hochelaga, onde floresceriam as futuras cidades de Québec e Montreal. Apesar de ter ficado na região por vários meses, não criou ali nenhum assentamento, situação que se prolongou até o século XVII, uma vez que as guerras religiosas na França interromperam seus empreendimentos de colonização. A presença francesa ficou reduzida às tradicionais expedições pesqueiras à Terra Nova e ao comércio de peles por parte de aventureiros que procuraram ganhar o interior do país.
No fim do século XVI, estabilizada a situação na metrópole, os comerciantes, com o objetivo de assegurar o monopólio das peles, estimularam a colonização permanente das regiões vitais para o intercâmbio. A primeira feitoria foi fundada na ilha de Sable, a 180km de Nova Escócia. No princípio do século XVII Samuel de Champlain, primeiro governador do Canadá francês, deu novo impulso à colonização. Em 1604, fundou-se na Nova Escócia a importante localidade de Port-Royal e, em 1608, Québec, ponto de partida das explorações e capital da Nova França. A expansão francesa foi muito rápida. Ao final do século XVII as colônias francesas da América do Norte  estendiam-se desde o rio São Lourenço e os grandes lagos até as pradarias do oeste, e ao rio Mississippi e golfo do México, ao sul.
Ao mesmo tempo, a Inglaterra estava cravando os alicerces de sua colonização na América. A primeira tentativa séria foi realizada por Humphrey Gilbert, que em 1578 chegara ao porto de Saint John's, na Terra Nova, e tomara posse da região em nome da soberana inglesa Elizabeth I. Pouco depois foram fundadas pequenas colônias na Terra Nova e na baía de Hudson.
Conflitos coloniais entre franceses e ingleses. Depois de estabelecer suas cabeças-de-ponte na América do Norte, a França e a Inglaterra tentaram estender e consolidar seus domínios o mais depressa possível. Começou desse modo uma luta em que se disputou a posse do vasto continente durante mais de 150 anos, até o Tratado de Paris, em 1763.
Os confrontos tiveram início em 1613, quando colonos britânicos da Virgínia destruíram na costa leste os pequenos e indefesos povoados franceses da Acádia. Em 1628, Sir William Alexander fundou uma colônia escocesa, a Nova Escócia, posteriormente assimilada pelos franceses. Durante algum tempo não houve desavenças, uma vez que, entre os territórios ingleses e franceses, se interpunham colonos holandeses, fixados na parte baixa do rio Hudson e na ilha de Manhattan, denominada Nova Amsterdam. Em 1664, porém, os ingleses conquistaram o território holandês e mudaram-lhe o nome para Nova York.
Enquanto isso, a Nova França, que até o século XVII fora apenas colônia comercial, à época do cardeal Richelieu converteu-se em colônia real. Embora atrasados em sua expansão pela resistência das tribos indígenas, pela hostilidade do clima e pelas  desavenças com os ingleses, os franceses haviam ampliado substancialmente seus domínios.
A partir da segunda metade do século XVII, o mercantilista Colbert, ministro de Luís XIV, estimulou a política colonial. No início do século XVIII os colonos franceses que viviam nas regiões de uma e outra margem do rio São Lourenço somavam 16.000. Não se tratava de uma colonização em grande escala, porque, entre outros motivos, a caça e o comércio de peles não exigiam povoamento intensivo.
A luta entre a França e a Grã-Bretanha pela hegemonia européia, desde as primeiras décadas do século XVIII, repercutiu em suas respectivas possessões coloniais. A França perdeu, aos poucos, grande parte de seus territórios no novo continente. Em 1713, pelo Tratado de Utrecht, cedeu à Grã- Bretanha os territórios da Acádia (Nova Escócia e ilha do Príncipe Eduardo), Terra Nova e baía de Hudson.
Em meados do mesmo século, os rumos da guerra dos sete anos na Europa também se refletiram sobre as colônias. Vitoriosa, a Grã-Bretanha aproveitou para conquistar as terras francesas do Canadá. Québec foi tomada em 1759 e Montreal em 1760. Três anos depois, pelo Tratado de Paris, a França abandonaria definitivamente as terras canadenses, em benefício da Grã-Bretanha.
O Canadá britânico: 1763-1867. A nova colônia britânica teria uma população majoritariamente francesa. Com o objetivo de conquistar a confiança e lealdade dos franco-canadenses, os britânicos em 1774 concederam o Estatuto de Québec, que reconhecia a liberdade de culto, o respeito à língua e o restabelecimento do direito civil francês.
Após a independência dos Estados Unidos, muitos loyalists, ingleses e anglo-americanos fiéis à coroa britânica, emigraram para a região de Ontário, então província de Québec. Eram, na maioria, agricultores que, somados à contínua chegada de imigrantes britânicos, deram origem a problemas que a metrópole só resolveria com a promulgação do Estatuto Constitucional de 1791, que decretou a divisão do Canadá em duas províncias: o Alto Canadá, mais tarde Ontário, povoado majoritariamente por britânicos e sujeito ao sistema legal inglês, e o Baixo Canadá, depois Québec, de maioria francesa e regido pelo direito civil francês. Ambas as províncias teriam suas respectivas assembléias legislativas. Começava assim a segunda etapa da história do Canadá.
Guerra com os Estados Unidos. Após a  independência americana, surgiram os primeiros desentendimentos entre a colônia britânica e a nova nação, como conseqüência do comércio de peles, do desejo dos americanos nacionalistas de libertar a América do domínio do velho continente, e do ressentimento dos loyalists contra os novos adversários. A inexistência de fronteiras claramente demarcadas complicava a situação. Em 1812 desencadeou-se um pequeno conflito que terminou com a fixação, dois anos depois, de fronteiras que asseguravam a separação definitiva entre os dois países.
Exploração do interior. No princípio do século XIX, as únicas regiões colonizadas eram as que ficavam próximas aos grandes lagos do lado leste, as que estavam à beira do rio São Lourenço e as províncias marítimas (Nova Escócia, Nova Brunswick, Príncipe Eduardo e Cabo Breton). Mas, no final do século XVIII os comerciantes de pele começaram a internar-se no oeste e nas regiões ao norte dos grandes lagos. Em 1789, Alexander Mackenzie alcançou o curso do rio que passou a ter seu nome, na região ártica e, no início do século XIX, Simon Fraser e David Thompson exploraram as regiões da costa do Pacífico, posteriormente conhecidas como Colúmbia Britânica.
Levantes de 1837 e o Estatuto Único. A entrada crescente de imigrantes (800.000 entre 1815 e 1830), com os conseqüentes problemas econômicos, sociais e de adaptação, ao lado do descontentamento dos setores de origem francesa, cristalizaram-se nos levantes de 1837. Os movimentos, tanto no Alto como no Baixo Canadá, tinham como objetivo aumentar a autonomia de ambas as províncias e conseguir a instauração de um regime republicano.
Controlada a rebelião, o governador enviado para solucionar a situação, John George Lambton, conde de Durham, recomendou a união dos territórios canadenses, com a conseqüente assimilação da parte de influência francesa (à qual atribuía a culpa dos acontecimentos), aumento da autonomia política e provincial. O governo britânico aceitou ampliar o grau de autogoverno e elaborou um estatuto da união, o Estatuto Único de 1840, baseado na coexistência das comunidades e não na assimilação.
Confederação canadense e evolução política. A união do país se veria dificultada pelas rivalidades provinciais e diferenças culturais. Em 1864, os políticos provinciais reunidos em Charlottetown e em Québec decidiram criar uma confederação canadense, que se materializou em 1867 com o Estatuto da América do Norte Britânica, que assegurava a união das províncias existentes e, com o tempo, propiciaria a criação de outras.
De acordo com esse instrumento, o Canadá se organizaria como estado autônomo com categoria de domínio dentro do império britânico e regido por um sistema político democrático. Embora a confederação tivesse amplos poderes internos, as relações exteriores seriam exercidas pelos britânicos, que resolveram os litígios territoriais com os Estados Unidos com expressivas concessões, como em 1903 se demonstrou com os acordos de fronteira sobre o  Alasca. Os franco-canadenses, no entanto, ofereceram forte resistência à confederação assim articulada, o que levou à rebelião franco-canadense de 1885, no vale de Saskatchewan.
Desde o estabelecimento da confederação, o Canadá foi dirigido alternadamente por dois partidos políticos: o Conservador e o Liberal, da mesma forma que ocorria na metrópole britânica. De 1867 até 1896 o conservador John Macdonald governou o país. Foi uma época de vertiginoso desenvolvimento econômico, que se concretizou sobretudo na construção da estrada de ferro Canadian Pacific (que uniu a costa do Atlântico à do Pacífico), na enorme expansão do comércio e na implantação de poderosas instalações industriais.
Em 1896 começou um período de governo liberal. John Macdonald foi substituído pelo autonomista e liberal Wilfrid Laurier, que conseguiu ampliar a margem de autogoverno quando se reconheceu à confederação o direito de não ficar atrelada aos tratados britânicos e de regular segundo seus próprios interesses a imigração.
Período 1914-1945. A intervenção na primeira guerra mundial, ao lado do Reino Unido, garantiu ao Canadá não apenas igualdade junto às nações da Comunidade Britânica, como também a  participação em 1919 da assinatura do tratado de paz de Versalhes e ainda seu ingresso na Liga das Nações, na qualidade de estado independente. Em 1926, a conferência imperial definiu a Comunidade Britânica como um conjunto de países autônomos livremente associados, fato corroborado pelo estatuto de Westminster de 1931, que outorgava ao Parlamento federal canadense uma total autonomia legislativa.
O Canadá atravessou a década de 1920 em acelerado processo de desenvolvimento econômico, mas sofreu duramente as conseqüências da crise de 1929, devido, principalmente, a seus fortes laços comerciais com os Estados Unidos, com os quais em 1940 firmou um pacto militar de defesa mútua. Como país independente, em 1939 declarou guerra à Alemanha e participou ativamente do conflito, não só fornecendo tropas e material militar, como também alimentos e ajuda financeira.
Evolução após a segunda guerra mundial. Em 1949 o Canadá chegou ao ápice de sua expansão com a inclusão efetiva da Terra Nova e participou, já na qualidade de potência internacional, da criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, em 1956, da força de emergência das Nações Unidas, organizada durante a crise de Suez.
Após a guerra, o Canadá passou por impressionante surto de desenvolvimento do setor industrial, que se converteu no motor da economia do país. Os liberais, que governaram o país desde 1935, primeiro com  William Lyon Mackenzie e, a partir de 1948, com Louis Saint-Laurent, deram lugar ao conservador John Diefenbaker, que venceu as eleições de 1957 com um programa populista. Seu governo, porém, entrou em crise no início da década de 1960.
Como culminância de uma nova fase de predomínio dos liberais, em 1968 Pierre Elliott Trudeau, originário de Québec, venceu as eleições com maioria absoluta. Trudeau governou o país durante mais de uma década, saiu vitorioso em sucessivas eleições e empreendeu uma política baseada no incremento das relações econômicas com a Europa e com os países socialistas, assim como no nacionalismo perante os Estados Unidos.
Durante seu primeiro mandato, teve de enfrentar violentas manifestações da organização separatista Frente de Libertação de Québec, que de modo geral se prolongaram até 1969, quando o Parlamento federal reconheceu o francês como língua oficial, ao lado do inglês. O separatismo não arrefeceu e em 1976 o partido autonomista (Parti Québécois) obteve esmagadora vitória eleitoral em Quebec: o líder René Lévesque tornou-se um chefe do executivo provincial. Entretanto, o plebiscito de 1980 sobre "soberania ou associação" de Québec com o Canadá derrotou os separatistas.
Mais tarde, o governo de Trudeau instou o Reino Unido a conceder ao Parlamento canadense a capacidade de dispor de sua própria ordenação jurídico-administrativa. Em 1982 o Parlamento britânico aprovou o novo estatuto pelo qual o Canadá alcançou completa independência em termos legislativos, embora  permanecesse submetido à soberania formal da coroa britânica.
Em fevereiro de 1984 Trudeau anunciou sua demissão  e, em setembro, o conservador Brian Mulroney venceu as eleições. Em 1985 o novo primeiro-ministro apoiou as iniciativas de defesa estratégica tomadas pelo presidente americano Ronald Reagan e em 1987  negociou uma liberalização do comércio entre Canadá e Estados Unidos.
Em 1987 firmou-se o chamado pacto do lago Meech, pelo qual as dez províncias autônomas e o governo federal reconheceram as peculiaridades de cada unidade administrativa. Em 1990, porém, as províncias de Manitoba e Terra Nova não ratificaram o pacto, deixando aberto o caminho do separatismo, de especial significado em Québec.
Instituições políticas
Sistema político. O Canadá é um estado federal, membro da Comunidade Britânica de Nações. O chefe de estado é o soberano britânico, com poderes exclusivamente honoríficos, representado por um governador-geral que, desde 1952, deve ser canadense nato, eleito para um período de seis anos pela coroa, por proposta do governo federal. Desde a criação do domínio, a capital é Ottawa.
O Estatuto Constitucional inclui os direitos e liberdades fundamentais da cidadania e a legislação comum das províncias federadas. O país é regido por um sistema político democrático e parlamentarista, segundo o qual o poder legislativo é exercido por duas câmaras: o Senado, com 104 membros nomeados pelo governador-geral por recomendação do governo; e a Câmara dos Comuns, com 295 membros eleitos por cinco anos. O poder executivo é exercido pelo primeiro-ministro, chefe do partido majoritário na Câmara dos Comuns e assistido por um conselho de ministros.
Organização territorial. O Canadá é um estado federativo composto por dez províncias: Terra Nova, Ilha do Príncipe Eduardo, Nova Escócia, Nova Brunswick, Québec, Ontário, Manitoba, Saskatchewan, Alberta e Colúmbia Britânica. Conta ainda com dois territórios, o de Yukon e o de Noroeste. Cada governo provincial apresenta instituições políticas equivalentes em função e organização às do governo federal.
Sociedade
A população canadense desfruta de elevado padrão de vida, embora o governo federal e os governos provinciais prestem serviços sociais de caráter geral (saúde e ensino) e mantenham numerosos programas de assistência aos grupos menos favorecidos. Um plano especial do estado assegura pensão mensal a todas as pessoas com mais de 65 anos. A assistência médica é gratuita, praticamente para toda a população.
O ensino no Canadá é leigo e, em sua maior parte,  descentralizado. As obrigações do governo, no campo da educação, estão limitadas aos índios e esquimós. Não há um ministério da educação nacional: esta se acha sempre submetida aos órgãos de instrução pública das províncias, que se encarregam de harmonizar as atividades educacionais públicas e privadas, estabelecer os programas necessários e nomear os conselheiros escolares. As comunidades são, em geral, responsáveis pelo financiamento da educação.
O ensino é obrigatório até os 16 anos. A educação primária começa entre os seis e sete anos de idade e se prolonga até os 13 ou 14 anos, conforme a província. Existem em grande número as escolas de formação profissional para a indústria, agricultura e comércio. Não há universidade particular e o ensino superior é ministrado em inglês ou francês, pois há universidades específicas para cada idioma.
O catolicismo é a religião de cerca de cinqüenta por cento da população. As principais igrejas protestantes são a anglicana do Canadá e a Unida do Canadá, esta fruto da fusão, em 1925, de metodistas, congregacionalistas e alguns presbiterianos. Há ainda presbiterianos, batistas, luteranos, ortodoxos gregos, católicos ucranianos, judeus e outros.
Cultura
A diversidade de origens da população canadense explica a variedade de manifestações culturais.
Arte. Entre os povos indígenas, as tribos da costa oeste destacam-se nos trabalhos de entalhe da madeira: são universalmente conhecidos seus tótemes e máscaras zoomórficas ou de outros motivos míticos. A arte dos índios das pradarias é menos original e apresenta características semelhantes às da encontrada entre os peles-vermelhas dos Estados Unidos: limita-se à pintura das vestimentas e das peles de bisão das tendas em que se abrigam. Por outro lado, os esquimós são os criadores de maior interesse estético, pelas figuras muito estilizadas que fazem com a utilização de dentes de foca e chifres de rena.
A arte dos povos colonizadores foi, a princípio, pouco original, pois se restringia a repetir os estilos das respectivas metrópoles, França e Grã- Bretanha. Durante o século XIX, a arquitetura também imitou os estilos europeus, principalmente  britânicos: são exemplos inequívocos a igreja de Nossa Senhora de Montreal, o edifício do Parlamento de Ottawa, o castelo de Frontenac, em Québec etc.
No próprio século XIX, porém, surgiu na pintura um grupo de artistas naturalistas com um estilo muito peculiar, salientando-se entre eles Paul Kane, pintor da vida cotidiana dos índios, e Cornélius Krieghoff, que retratou os fazendeiros canadenses. No começo do século XX desenvolveu-se importante escola paisagista que, mesmo sob influência dos impressionistas europeus, mostrava originalidade e valia-se de cores muito vivas. O representante mais destacado dessa escola foi Tom Thomson.
No século XX, a arquitetura manteve-se identificada, de maneira eclética, com os estilos europeus e americanos (funcionalismo, organicismo e outros), sendo Vancouver o centro criador mais importante do Canadá. Os pintores também seguiram, como os arquitetos, as correntes de vanguarda européias, o que se revela nas obras do surrealista Jean Dallaire, do expressionista abstrato Charles Binning e de Alfred Pellan, que fundou na década de 1930, em Québec, uma escola de pintura não-objetiva. A partir da década de 1960, a arte, tal qual a literatura canadense, esteve mais perto das novas correntes americanas do que da influência européia.
Música. Na música popular, sobressaem os cantos dos primeiros povoadores europeus do país, recolhidos por Ernest Gagnon em suas Chansons populaires du Canada (Canções populares do Canadá), livro que reúne canções em que se mesclam o folclore indígena, as lendas do Canadá selvagem e as melodias levadas da metrópole por exploradores e conquistadores.
A música culta, ainda que introduzida pelos franceses no século XVII e impulsionada, posteriormente, pelos britânicos, só teve uma produção própria no final do século XIX, com as composições de Calixa Lavallée e Alexis Contant. As correntes musicais do século XX, sobretudo o atonalismo, manifestaram-se no trabalho de John Weinzweig, representante da escola de Toronto, assim como nas obras de Serge Garrand e Roger Mallon.

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