As características da civilização
japonesa e a amplitude do mercado interno foram a base do "milagre japonês"
que, depois do desastre da segunda guerra mundial, conseguiu implantar um
crescimento econômico sustentado e cumulativo. Os japoneses devem ao
confucionismo o princípio de refinada interdependência e hierarquização que
rege sua vida social; e ao agnosticismo religioso sua capacidade de sincretismo
e adaptação.
O Japão (Nihon ou Nippon em
japonês) é um arquipélago situado em frente à costa leste da Ásia, na parte
noroeste do oceano Pacífico. Abrange cerca de 3.400 ilhas, com uma superfície
total de 377.835km2. As quatro ilhas principais são, em ordem de tamanho,
Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku.
Hokkaido, no extremo norte, está
a 300km de distância do continente asiático, enquanto Kyushu, no extremo sul,
dista do continente cerca de cem quilômetros. A capital do país, Tóquio,
situa-se em Honshu. O país se separa da República Popular da China, a sudoeste,
pelo mar da China; da Rússia, Coréia do Norte e Coréia do Sul, a oeste, pelo
mar do Japão; e das ilhas russas de Sakhalin e Kurilas, a norte e nordeste, respectivamente,
pelo estreito de La Pérouse (Soya), o mar de Okhotsk e o estreito de Nemuro.
Toda a costa leste do Japão é banhada pelo oceano Pacífico.
Geografia física
Geologia e relevo. O caráter
montanhoso do país é resultado de forças orogênicas geologicamente recentes,
como demonstra a freqüência de terremotos violentos, atividade vulcânica e as
alterações do nível do mar ao longo do litoral. São escassas as planícies e
planaltos, ao contrário do que ocorre em regiões mais estáveis e antigas da Terra,
niveladas pela erosão. As montanhas cobrem mais de quatro quintos do Japão e se
agrupam em seis pequenas cadeias, que de nordeste para sudeste são: cadeia
Chishima, das ilhas Kurilas; cadeia de Sakhalin-Hokkaido; cadeias do nordeste e
do sudoeste da ilha Honshu; cadeia das ilhas Shichito-Mariana e as formações
das ilhas Ryukyu.
Existem no Japão cerca de 200
vulcões, dos quais pelo menos quarenta permanecem em atividade. O pico
vulcânico mais elevado, e também o mais famoso, é o monte Fuji ou Fujiyama (3.776m).
Também são importantes o Aso, o Minami e o Asamayama. Próximo ao litoral
encontram-se fossas marítimas muito profundas: a 200km a leste de Honshu, a
profundidade chega aos 8.491m.
Clima. A extensão em latitude do
país explica a diversidade de climas, do tropical ao temperado, sujeitos também
à influência das monções (ventos sazonais) e da altitude. No sul do país o
clima é ameno, mesmo durante o inverno. Hokkaido e Honshu têm nessa estação
temperaturas muito baixas. Em geral, a vertente do Pacífico é mais quente e
menos enevoada do que a vertente voltada para o continente, devido ao obstáculo
interposto pelas cadeias de montanhas aos ventos frios continentais. As
precipitações são abundantes durante todas as estações e atingem médias anuais
de 1.500mm no norte e até 2.500mm nas regiões a sudoeste. As neves são
freqüentes em todo o país no inverno.
Hidrografia. A estrutura do
terreno faz com que o Japão tenha rios de pequena extensão, quase sempre
torrenciais e de reduzida bacia hidrográfica. Somente oito rios ultrapassam
200km de extensão. O Shinano, em Honshu, é o maior, com 367km. Outros cursos
importantes são: Teshio e Ishikari, em Hokkaido; Kitakami, Tone, Kiso e Tenryu,
em Honshu; e Chikugo, em Kiushu. Alguns dos rios procedentes das zonas vulcânicas
do nordeste de Honshu têm águas ácidas e inúteis para a agricultura. Os rios
carreiam, geralmente, grandes quantidades de aluviões e formam deltas em suas
embocaduras. O maior lago, de origem tectônica (causado por fraturas da crosta
terrestre), é o Biwa, com 672km2. Mais numerosos são os de origem vulcânica,
como o lago Kutcharo, de Hokkaido, o Towada e o Ashi, de Honshu.
Flora e fauna. A maior parte da
vegetação original foi substituída por lavouras ou espécies originárias de
outras partes do mundo. Nas ilhas Ryukyu e Bonin encontram-se vários tipos de
amoreiras, canforeiras e carvalhos. Há bosques de loureiros desde as ilhas do
sudoeste até o norte de Honshu. As dunas litorâneas são dominadas pelos
pinheiros, e os cedros japoneses, alguns com mais de dois mil anos, são
encontrados no sul de Kyushu. São numerosas as coníferas no norte e no leste de
Hokkaido.
Apesar da densidade populacional
humana, os mamíferos terrestres do Japão são relativamente abundantes nas
regiões florestais montanhosas (ursos, raposas, cervos, antílopes, macacos
etc.). As águas japonesas são povoadas por baleias, golfinhos e peixes, como
salmão, sardinha e bacalhau. Entre os répteis, encontram-se tartarugas,
lagartos e cobras. É famosa a salamandra gigante de Kyushu e Honshu, de 1,5m de
comprimento.
População
Com exceção dos ainos, povo
indígena do qual há uma pequena população remanescente em Hokkaido,
considera-se que os japoneses constituem um único grupo étnico. Classificam-se
como um ramo da raça mongolóide, estreitamente relacionada com os povos da Ásia
oriental. Suas características físicas gerais são cabelo negro, liso e forte;
pele amarela, olhos escuros e oblíquos; e corpo pouco piloso. A língua nacional
é o japonês, incluída no grupo lingüístico altaico e afim ligada ao coreano. A
introdução de caracteres e textos chineses, no século IV da era cristã,
enriqueceu enormemente o idioma. Inicialmente empregaram-se os caracteres
chineses para escrever, mas no século IX desenvolveu-se um silabário, o kana,
desde então usado para o japonês escrito, junto com cerca de quatro mil
caracteres chineses, reduzidos a dois mil após a segunda guerra mundial. É
grande a quantidade de dialetos, mas o de Tóquio difundiu-se pelo país ao longo
do século XIX e se impôs graças ao sistema educativo e aos modernos meios de
comunicação.
A partir do século XIX as
mudanças sociais e econômicas se estenderam às mais distantes aldeias rurais,
ainda que muitos costumes tradicionais tenham sobrevivido. Assim também ocorre
com os sistemas cooperativos da agricultura e a assistência mútua entre os
habitantes de um mesmo povoado. A unidade autônoma rural, conhecida como mura,
consta de trinta a cinqüenta famílias. Os assentamentos rurais são em sua
maioria bastante antigos, embora muitos tenham surgido no século XVI. Nenhum
núcleo populacional, porém, pode considerar-se exclusivamente rural, pois a
comunicação com os centros urbanos é intensa e nos meses de inverno a população
rural fornece mão-de-obra sazonal para as cidades. As aldeias de pescadores se
multiplicaram a partir do século XVII e o mesmo ocorreu com os núcleos de
montanheses, que surgiram quando a madeira, o carvão vegetal e outros produtos
encontraram mercado nas cidades.
Visto que mais de oitenta por
cento do país se constituem de montanhas e zonas inóspitas, a população se
concentra nas grandes cidades e conurbações das planícies. Os assentamentos
urbanos são de origem recente. À exceção das primeiras capitais (Nara, Quioto e
Kamakura), não existia nenhuma cidade grande antes do século XVI. Desde o final
desse século, os poderosos templos e senhores feudais começaram a construir
cidades que atraíram comerciantes e artesãos. O crescimento urbano se acelerou
no século XIX com o desenvolvimento dos portos internacionais de Kobe,
Yokohama, Niigata, Hakodate e Nagasaki e com as bases navais de Yokosuka, Kure
e Sasebo.
A industrialização também influiu
no crescimento de cidades como Yawatahama, Niihama, Kawasaki e Amagasaki. Nos
aglomerados urbanos japoneses se misturam o antigo e o novo, pois neles um núcleo
tipicamente oriental coexiste com os mais modernos centros comerciais e
sofisticadas indústrias. Casas de construção frágil se erguem junto a
imponentes arranha-céus. A capital nacional, Tóquio (denominada Edo até 1868),
é uma das cidades mais populosas do mundo. Outras cidades importantes são
Yokohama, Osaka, Nagoya e Sapporo. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
O Japão tem uma economia próspera
e bem desenvolvida, baseada principalmente em produtos industriais e serviços.
Nos últimos anos do século XX, sua renda per capita estava entre as maiores do
mundo.
Organização da economia. O
sistema japonês de gestão da economia apresenta características muito
peculiares. Ainda que a participação direta do estado nas atividades econômicas
seja limitada, o controle oficial e sua influência sobre as empresas é maior e
mais intenso que na maioria dos países com economia de mercado. Esse controle
não se exerce por meio de legislação ou ação administrativa, mas pela
orientação constante ao setor privado e pela intervenção indireta nas
atividades bancárias. Existem, também, várias agências e departamentos estatais
relacionados com diversos aspectos da economia, como exportações, importações,
investimentos e preços, assim como desenvolvimento econômico. O objetivo dos
organismos administrativos é interpretar todos os indicadores econômicos e
responder imediatamente e com eficácia às mudanças conjunturais. A mais
importante dessas instituições é a Agência de Planejamento Econômico, submetida
ao controle direto do primeiro-ministro, que tem a importante missão de dirigir
dia a dia o curso da economia nacional e o planejamento a longo prazo.
De maneira geral, esse sistema
funciona satisfatoriamente e sem crises nas relações entre governo e empresas,
devido à excepcional autodisciplina dos empregados japoneses em relação às
autoridades e ao profundo conhecimento do governo sobre as funções,
necessidades e problemas dos negócios. O ministro da Fazenda e o Banco do Japão
exercem considerável influência nas decisões sobre investimentos de capital,
devido à estreita interdependência entre as empresas, os bancos comerciais e o
banco central. As Ferrovias Nacionais Japonesas é a única empresa estatal.
Agricultura, recursos florestais
e pesca. Os recursos agrícolas e florestais são manifestamente insuficientes
para as necessidades de uma população tão numerosa como a japonesa. Isso se
deve ao relevo montanhoso e à baixa fertilidade dos solos. A madeira,
procedente das florestas de coníferas, é potencialmente abundante, embora a
localização de boa parte desses bosques em zonas montanhosas inacessíveis
dificulte a exploração.
A produção agrícola, da mesma
forma que a exploração florestal e pesqueira, cresceu mais lentamente do que a
produção nacional total, da qual só participa em pequena proporção. O setor
agrícola emprega uma porcentagem relativamente grande da população ativa em
comparação com sua contribuição para a economia nacional. A agricultura
japonesa caracteriza-se pelo elevado número de propriedades pequenas e ineficientes.
Somente em Hokkaido encontram-se empreendimentos maiores.
O arroz é o principal produto
agrícola do país. Outros produtos importantes são batata, rabanete, tangerina,
repolho, batata-doce, cebola, pepino e maçã. A política agrícola do governo tem
consistido em elevar o preço do arroz -- a fim de diminuir a defasagem entre a
renda dos trabalhadores industriais e agrícolas -- e em impulsionar a pecuária,
com o objetivo de reduzir a importação de carne e derivados, produtos em que o
Japão é deficiente.
A frota pesqueira japonesa é a
maior do mundo em tonelagem, ainda que a pesca seja realizada por empresas de
pequeno porte e que utilizam técnicas obsoletas. A convenção que fixou em 200
milhas a extensão do mar territorial em diversos países constituiu um sério
entrave para a pesca japonesa. Devido a isso, os japoneses tiveram que
intensificar a exploração de seu próprio litoral, bem como de rios e lagos.
Energia e mineração. Os recursos
minerais são insuficientes para as necessidades do país. É baixa a qualidade
dos minerais, cujos depósitos se encontram muito dispersos, o que, somado ao
escasso volume das reservas, impede a aplicação de métodos modernos de extração
em grande escala. As ilhas têm algumas jazidas de carvão, ferro, zinco, chumbo,
prata, cromita e manganês, mas carecem quase completamente de níquel, cobalto,
bauxita, nitratos, sal-gema, potássio, fosfatos e petróleo. A extração de
carvão, principal recurso energético do país, concentra-se em Hokkaido e
Kyushu. A escassa produção de petróleo é feita numa faixa que vai do norte de
Honshu, no mar do Japão, às planícies de Ishikari-Yufutsu, em Hokkaido.
Os recursos hidrelétricos são
abundantes, devido aos altos índices de pluviosidade e ao relevo abrupto. A
rede fluvial, embora sofra freqüentes inundações, é também utilizada para a
irrigação. O maior potencial hidrelétrico encontra-se na Honshu central, ao
longo dos rios Shinano, Tenryu, Tone e Kiso e é intensamente aproveitado.
Indústria. A característica mais
notável do crescimento econômico do Japão após a segunda guerra mundial foi a
rápida industrialização. O "milagre econômico" japonês ficou patente
tanto no crescimento quantitativo como na qualidade e variedade dos produtos e
no alto nível tecnológico. O Japão se alçou, com os Estados Unidos, à liderança
da produção em quase todas os setores industriais. Uma das nações mais
industrializadas do mundo, é também um dos maiores produtores de navios,
automóveis, fibras e resinas sintéticas, papel, cimento e aço, além de produtos
eletrônicos de alta precisão e equipamentos de telecomunicações. O crescimento
econômico se atribui principalmente ao rápido crescimento dos investimentos, à
concentração da indústria em grandes empresas e à cooperação entre governo e
empresários.
A sólida posição industrial do
Japão, tanto em qualidade como em preços, tem permitido ao país exportar grande
parte de seus produtos manufaturados e equilibrar a balança comercial. Por
outro lado, a expansão internacional das empresas permitiu a ampliação do
mercado nos países consumidores de produtos japoneses, por meio da construção
ou compra de fábricas, ou por associação com produtores desses países. Essa
estratégia se observa claramente no setor automobilístico: as principais
empresas japonesas estabeleceram parcerias com grupos em outros países.
Finanças. O sistema financeiro
japonês apresenta algumas peculiaridades se comparado a outros países
desenvolvidos. Em primeiro lugar, o crédito bancário desempenha papel
primordial na acumulação de bens de capital. Em segundo lugar, o grau de
dependência entre o banco central (Banco do Japão, criado em 1882), os bancos
comerciais e a indústria é muito superior em relação aos demais países
industrializados. Tóquio é um dos mais importantes centros financeiros do mundo
e seu mercado de ações se equipara aos de Londres e Nova York.
Transportes. Até o fim do século
XIX, a maior parte dos japoneses viajava a pé. A primeira ferrovia foi
construída em 1872, entre Tóquio e Yokohama. Na segunda metade do século XX,
estabeleceram-se no Japão as ferrovias mais rápidas e automatizadas do mundo, e
a quantidade de veículos e caminhões cresceu enormemente. A rede de
comunicações e o serviço postal são de primeira qualidade. O país possui uma
das principais frotas mercantes do mundo e suas linhas aéreas chegam a todos os
grandes aeroportos internacionais. As zonas industriais -- Tóquio, a área
metropolitana de Osaka (que inclui Osaka, Kobe e Quioto) e a de Nagoya --
apresentam excelente rede de transporte. Os principais portos são Yokohama,
Kobe, Nagoya, Kawasaki, Chiba, Kita-Kyushu, Mizushima e Sakai. (Para dados
econômicos ver DATAPÉDIA.)
História
Pré-história. A idade paleolítica
no Japão remonta, segundo alguns arqueólogos, a trinta mil anos, ainda que
outros afirmem ser de dez mil anos. A imigração, procedente do continente
asiático, realizou-se em faixas de terra depois convertidas em estreitos
(Coréia, Tsushima, La Pérouse e Tsugaru).
O período pré-cerâmico foi
seguido de duas culturas neolíticas, a de Jomon e a de Yayoi. A cerâmica Jomon
foi utilizada desde o oitavo milênio, aproximadamente, até o século III antes
da era cristã. Essa cultura caracterizou-se pela fabricação de instrumentos de
pedra polida e de objetos de cerâmica, embora ainda não se conhecesse a
agricultura, o pastoreio e a confecção de tecidos. O povo do período Jomon
viveu principalmente da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes. A
cultura Yayoi desenvolveu-se entre os anos 250 a.C. e 250 da era cristã,
aproximadamente. Surgiu em Kyushu, impôs-se sobre a cultura Jomon e alcançou as
zonas setentrionais de Honshu. A cerâmica Yayoi era cozida a temperaturas mais
altas do que a de Jomon. O cultivo do arroz, possivelmente trazido do sul da
China, foi um dos principais traços dessa cultura. Conhecia-se a confecção de
tecidos de fibras vegetais e enterravam-se os mortos em urnas de argila ou em
pesados cofres de pedra.
Período antigo (250-710). Em
torno do ano 250 da era cristã, o Japão sofreu a invasão de cavaleiros mongóis,
que não tardaram em firmar-se como a aristocracia do país. Uma das famílias
nobres adquiriu precedência sobre as demais e recorreu a uma suposta origem
divina para afiançar seu poder. Assim, segundo a mitologia japonesa, o primeiro
membro terreno da família foi o neto de Amaterasu, a deusa do Sol. Enviado do céu
para estabelecer a ordem com três símbolos preciosos -- a jóia curvada
(magatama), o sabre e o espelho, que permaneceram como símbolos do poder
imperial ao longo dos séculos --, o "augusto neto" estabeleceu-se no
sudoeste de Kyushu. Um de seus descendentes humanos foi Jimmu Tenno, o quase
legendário primeiro imperador do Japão, que ampliou seus domínios até incluir a
planície de Yamato, em Honshu, perto da moderna cidade de Osaka.
De acordo com as crônicas
chinesas, os japoneses, ou wo, divididos em mais de cem estados até o ano 300,
foram capazes de enviar um exército à Coréia no ano de 391 para submetê-la, o
que em parte conseguiram. Essa façanha não poderia ter sido realizada por
pequenos estados, o que pressupõe a unificação sob um poder único e confirma a
lenda.
O poder se transmitia por
hereditariedade. Os membros da corte de Yamato, que procediam de poderosas
famílias muraji (cabeças de clãs), deviam vassalagem ao imperador. Outro grupo
de famílias poderosas, os omi (caudilhos militares), surgiram durante o
processo de unificação nacional. O poder executivo era exercido por um
funcionário, semelhante a um primeiro-ministro, cujo cargo era disputado pelos
clãs, que podiam recrutar exércitos próprios para conseguir seu propósito.
As lutas civis pelo poder
debilitaram a ação na Coréia. O Japão foi perdendo as possessões conquistadas
na península e com elas os tributos necessários para a manutenção do estado. No
ano 562 perdeu o domínio de Mimana para o reino coreano de Silla. No fim do
século VI, o país havia chegado ao ponto mais baixo de sua decadência, tanto em
assuntos internos como na política de expansão na Coréia.
Durante esses anos houve um
acontecimento da maior importância cultural. No ano 552, o soberano do reino
coreano de Paekche enviou à corte de Yamato uma imagem em bronze de Buda,
alguns textos budistas e uma carta na qual louvava o budismo, que, vindo de seu
distante berço na Índia, se propagara na Coréia depois de consolidar-se na
China. Iname, ministro do clã Soga, dominante na época, viu no budismo não só
um eficaz transmissor da cultura e das idéias chinesas, como também o
instrumento político adequado para resistir ao poder dos sacerdotes xintoístas
do país.
A pressão em favor do budismo foi
mantida pelo filho e sucessor de Iname, Unako, que teve o apoio do príncipe
Shotoku Taishi. O príncipe estabeleceu, no ano 604, a primeira constituição do
Japão, com 17 artigos, nos quais se estabelecem os ideais do estado e as normas
da conduta humana. À morte de Shotoku, no ano 622, seguiu-se um período de
guerras civis que teve como conseqüência o extermínio do clã Soga, em 645.
Nesse mesmo ano, o imperador Kotoku, com o apoio do poderoso clã Fujiwara,
empreendeu a reforma Taika, que proclamava a monarquia absoluta, declarava o
trono proprietário de todas as terras de lavoura e estabelecia sua distribuição
em pequenas parcelas às unidades camponesas, que seriam obrigadas a entregar
parte de suas colheitas ao estado, como imposto. O sistema, copiado da China
dos Tang, seria administrado por funcionários nomeados pelo imperador e seus
ministros, e regido pelo código penal (ritsu) e pelos códigos administrativo e
civil (rio).
Período Nara (710-784). No ano
710, a capital imperial transferiu-se de Asuka para Nara, no centro da planície
de Yamato, onde foi construída uma réplica de Changan, capital da dinastia
chinesa Tang. O imperador Shomu e sua consorte Komio se encarregaram de
difundir o budismo e a cultura chinesa. Uma de suas medidas foi a fundação de
templos budistas, conhecidos como kokubunji. No princípio do século VIII, as
tradições japonesas foram reunidas nas duas obras literárias mais antigas do
Japão: o Kojiki (Crônica das coisas de antanho) e Nihongi (Crônicas do Japão).
Período Heian (794-1185). O
imperador Kammu transferiu a capital para Heian-kio (capital da paz) ou Quioto
e rompeu os laços entre o governo e o budismo, cujos sacerdotes se haviam
tornado excessivamente ricos e ambiciosos. Durante o século X, sob a hegemonia
da família Fujiwara, firmou-se uma cultura autênticamente japonesa, que tinha
entre seus principais elementos um silabário próprio, o kana. O idioma japonês,
composto foneticamente de apenas 46 signos básicos, não precisava do complexo
sistema de escrita chinês. A adoção do novo sistema, sobretudo pelas mulheres,
possibilitou o surgimento de uma literatura ágil, desenvolta e às vezes
picaresca.
Nessa fase, em que o Japão viveu
um longo período de paz, forjou-se uma aristocracia cortesã brilhante, refinada
e formalista. O budismo, entretanto, foi conquistando lentamente o país,
difundindo-se na classe média. Nessa época surgiu a classe dos guerreiros
(samurais) que atuavam como polícia militar na corte. Entre eles destacaram-se
os Minamoto, da linhagem do imperador Seiwa, e os Taira, descendentes do
imperador Kammu. Nos distúrbios de Heiji, em 1159, a família Minamoto foi
derrotada e subiu ao poder Taira Kiyomori. Quando os Minamoto se recuperaram,
houve uma guerra civil que durou cinco anos e terminou em 1185 com a derrota
dos Taira, numa grande batalha naval.
Período Kamakura (1192-1333).
Yoritomo, do clã vencedor Minamoto, estabeleceu um governo militar, ou
xogunato, em Kamakura. Isso significou o fim do antigo sistema monárquico e o
início do exercício do poder pela classe dos samurais, baseada num sistema
feudal. O xogum e sua administração, o bakufu, apesar de serem a autoridade
mais forte do Japão, não constituíam o governo oficial do país: na teoria, a
corte imperial de Quioto desempenhava essa função. Depois da morte de Yoritomo,
assumiu o poder a família Hojo.
Nesse período, o governo do país
foi exercido de maneira obscura. O titular era o imperador, que se encontrava
em Quioto, mas seus poderes eram exercidos de fato por um imperador
"aposentado", que costumava ser o pai do primeiro. O imperador
"aposentado", por sua vez, delegava o poder ao xogum militar de
Kamakura, e o próprio xogum era dominado pelo regente Hojo.
Durante grande parte do século
XIII, o Japão viveu em relativa prosperidade. A população aumentou, os povoados
começaram a crescer e alguns se converteram em cidades. Ampliou-se o comércio
com a China, com aquisição de riquezas e novas idéias. O código de honra dos
samurais, de uma simples série de lealdades feudais, transformou-se em vigoroso
código moral, que se manteve nos séculos posteriores.
Durante a regência da família
Hojo, houve duas invasões de mongóis procedentes da China, onde haviam
conquistado o poder. Em ambas (1274 e 1281), os mongóis foram derrotados pelos
japoneses, com a ajuda de dois violentos e oportunos furacões. O kamikaze, ou "vento
divino", fez os japoneses acreditarem que eram um povo protegido pelos
deuses. A derrota mongol foi de importância crucial na história japonesa e
contribuiu como nenhum outro acontecimento anterior para criar um arraigado
sentimento de orgulho nacional.
Xogunato Muromachi ou Ashikaga
(1338-1573). Em 1318, o príncipe Takaharu subiu ao trono imperial com o nome de
Go-Daigo. Em 1333 retornou a Quioto, fato conhecido como restauração Kemmu, e
tentou recuperar o governo direto. Não obteve êxito, e a família Ashikaga
estabeleceu um bakufu no distrito de Muromachi (Quioto) com a mesma estrutura
de seu predecessor de Kamakura. Nesse período surgiu uma nova classe de
senhores feudais, os daimios, de base camponesa. O xogunato sofreu um
progressivo enfraquecimento, que conduziu a uma sangrenta guerra civil, a
guerra Onin (1467-1477) entre os partidos Kosokawa e Yamana. O confronto teve
como conseqüência a extinção do poder político do bakufu. O Japão entrou,
então, num período de desordem. O poder feudal dos daimios predominou nessa
época, conhecida como "país em guerra".
"País em guerra" e
unificação. Os daimios conquistaram um poder quase ilimitado em seus domínios e
chegaram a cunhar moedas. Simultaneamente, muitos jovens se lançaram à busca de
riquezas no litoral chinês. Os piratas japoneses levaram o terror aos litorais
da China, Filipinas, Tailândia, Formosa, Indonésia, Malásia e Indochina. Os
viquingues do Oriente, como foram chamados, encontraram, no entanto, um
poderoso rival nos navios portugueses, maiores e armados com canhões. Os
missionários jesuítas espanhóis e portugueses obtiveram relativo êxito na
imposição do catolicismo à classe aristocrática japonesa. A penetração européia
favoreceu o comércio e familiarizou os japoneses com as armas de fogo, fato importante
para uma sociedade militarista. Os mosquetes que o senhor de Tanegashima havia
comprado de aventureiros portugueses em 1543 multiplicaram-se com surpreendente
rapidez.
Entre 1550 e 1560, um dos
daimios, o genial estrategista Oda Nobunaga, conseguiu dominar os demais e
estabelecer um só estado. A capacidade de adaptação dos japoneses às inovações
estrangeiras manifestou-se quando Nobunaga derrotou a cavalaria samurai,
empregando armas de fogo. O processo de unificação continuou com seu filho
Hideyoshi, que em 1590 tinha sob seu domínio todo o Japão, de Kyushu, no
sudoeste, a Tohoku, no nordeste.
Xogunato dos Tokugawa
(1603-1867). Com a morte de Hideyoshi, Ieyasu, do clã Tokugawa, ganhou a
batalha de Sekigahara em 1600 e conseguiu a supremacia nacional. Em 1603 fundou
o bakufu de Edo (Tóquio), mais conhecido como xogunato dos Tokugawa, que durou
até 1867. Uma das principais decisões do governo de Edo foi, em 1639, fechar o
Japão à penetração estrangeira. A partir dessa data, somente foi permitida a entrada
de navios chineses e holandeses previamente autorizados. Em conseqüência disso,
a sociedade japonesa permeneceu isolada por mais de dois séculos. As
características principais desse xogunato foram: (1) a auto-suficiência
econômica; (2) o estrito controle da natalidade; (3) o triunfo do budismo zen
entre os samurais; (4) o estabelecimento de uma disciplina feudal, em que os
daimios tinham grande quantidade de "fiéis guerreiros", os samurais,
que os serviam em troca de dinheiro ou de outro tipo de mercadoria, mas nunca
de terras; (5) o florescimento da literatura em língua vulgar (século de Osaka,
1650-1750); (6) a criação, ao lado do teatro tradicional nô, de um teatro vivo,
meio cantado, meio falado, o kabuki. Em 1853, a chegada de uma frota americana sob
o comando de Matthew C. Perry a Uraga-ko
foi o detonador que introduziu o Japão na era moderna.
Período Meiji (1868-1912). Em
1868, os samurais de Satsuma, Choshu, Tosa e Saga suprimiram o xogunato dos
Tokugawa com o grito de "Sonno joi" (Reverenciai o imperador! Fora os
bárbaros!). O imperador Mutsuhito, que havia subido ao trono em 1868, foi
encarregado de pôr em prática a modernização da sociedade japonesa, que,
entretanto, não perdeu seus valores tradicionais. As transformações
socioeconômicas mais importantes foram a abolição do feudalismo, a igualdade de
todos os japoneses e a introdução e desenvolvimento da grande indústria e do
moderno sistema bancário. Do mesmo modo, organizou-se o ensino de acordo com os
modelos europeus, foram impulsionados os sistemas de comunicação e transporte
segundo a tecnologia ocidental, modernizou-se o sistema financeiro,
promulgou-se em 1889 uma nova constituição que consagrou a monarquia
hereditária e criaram-se um exército e uma marinha potentes e modernos. As
guerras vitoriosas de 1894-1895, contra a China, e de 1904-1905, contra a
Rússia, elevaram o Japão à categoria de potência mundial.
Participação do Japão nas guerras
mundiais. O imperador Mutsuhito (Meiji) morreu em 1912 e sucedeu-lhe seu filho
Taisho ( "A grande integridade", 1912-1926). O Japão entrou na
primeira guerra mundial ao lado dos aliados, de acordo com o tratado firmado
com o Reino Unido, mas limitou sua participação à ocupação das ilhas alemãs no
Pacífico e da península de Shandong.
Entre 1918 e 1929, o governo
japonês pôs em prática uma política de moderação, traduzida em redução do poder
militar e da burocracia, em maior liberdade para a atividade sindical e
contenção da expansão na China. No entanto, a grande depressão econômica de
1929 provocou uma virada radical nessa orientação. Os setores militaristas
aproveitaram o descontentamento social criado pelo desemprego para argumentar
que as leis contra a imigração nos Estados Unidos e na Europa haviam condenado
à fome os japoneses e que só pela força poderiam encontrar os territórios
necessários para seu excedente demográfico: a população havia crescido de
trinta milhões de habitantes, no período Meiji, para 65 milhões em 1930. O
resultado não se fez esperar: em 1931 o exército japonês invadiu a Manchúria.
Apesar da oposição do jovem imperador Hirohito (que subiu ao trono em 1926), os
militaristas conseguiram impor sua vontade. Em 1933, o Japão retirou-se da Liga
das Nações e fez da Manchúria a base para o novo império asiático que pretendia
instaurar. Em 1937 iniciou uma guerra não declarada contra a China. Em setembro
de 1940 firmou um pacto com a Alemanha e a Itália. A entrada na segunda guerra
mundial foi o passo seguinte.
O ataque de surpresa dos
japoneses à base militar americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro
de 1941, obrigou os Estados Unidos a entrarem na guerra. Os primeiros meses
foram favoráveis ao Japão, que se apoderou rapidamente das Filipinas,
Indonésia, Indochina e Malásia. No entanto, a partir de 1943, as forças
americanas começaram a vencer a guerra. As bombas atômicas lançadas pelos
Estados Unidos sobre Hiroxima, em 6 de agosto de 1945, e sobre Nagasaki, três
dias depois, aceleraram a rendição japonesa.
Período do pós-guerra. O general
americano Douglas MacArthur, chefe das forças de ocupação aliadas no Japão,
recebeu o encargo de desmilitarizar e democratizar o país. A nova constituição
democrática do Japão, revisada por MacArthur, foi promulgada em 3 de novembro
de 1946 e entrou em vigor em 3 de maio de 1947. Em 1951 firmou-se a paz com o
Ocidente e no ano seguinte o Japão recuperou sua soberania.
Reduzido aos limites que tinha
antes do período Meiji e sem a obrigação de sustentar a máquina militar, o país
apresentou notável crescimento econômico. O superávit comercial converteu-o em
potência financeira. A vida política japonesa viu-se dominada, entretanto, pelo
Partido Liberal Democrático, que governou com uma sucessão de
primeiros-ministros a partir de 1955. Entretanto, os escândalos financeiros e
pessoais em que se viram envolvidos alguns deles, como Tanaka Kakuei -- que
teve que deixar o poder em 1974 -- e Takeshita Noboru -- que renunciou em 1989
--, fortaleceram a oposição. Como reação, o Partido Liberal Democrático decidiu
apoiar uma nova geração de políticos, liderada por Kaifu Toshiki. Nesse mesmo
ano morreu o imperador Hirohito, que foi sucedido por seu filho Akihito. Em
1993, pela primeira vez desde 1955 assumiu a chefia do governo um
primeiro-ministro não pertencente ao Partido Liberal Democrático -- Hosokawa
Morihiro, do Novo Partido Japonês.
Instituições políticas
A constituição de 1947 difere da
Meiji, de 1889, nos seguintes pontos: (1) o imperador, em lugar de assumir toda
a autoridade, é o símbolo do estado e da unidade do povo; (2) o Japão renuncia
à guerra como direito soberano; e (3) os direitos humanos fundamentais são
considerados eternos e invioláveis. O poder executivo é exercido pelo gabinete,
cujo primeiro-ministro é nomeado pelo imperador, depois de designado pela Dieta
(Parlamento). A Dieta se compõe da Câmara de Representantes (cujos 511 membros,
200 dos quais são eleitos, segundo um sistema de representação proporcional a
partir de 1994, para um período de quatro anos), e da Câmara de Conselheiros
(cujos 252 membros são eleitos para um período de seis anos). Existem mais de
dez mil partidos políticos registrados. Os principais são o Liberal Democrático
(Jiyu-Minshuto), que dominou a política japonesa a partir de meados do século
XX; o Partido Socialista do Japão (Nihon Shakaito), e o Partido para um Governo
Limpo (Komeito).
O Japão está dividido em 47
prefeituras, 43 das quais são ken (prefeituras propriamente ditas), uma
(Tóquio) é um to (prefeitura metropolitana), outra (Hokkaido) é um do
(distrito) e duas (Osaka e Quioto) são fu (prefeituras urbanas).
O poder judiciário é independente
do poder executivo e consta de um Supremo Tribunal, oito altos tribunais, um
tribunal de distrito em cada prefeitura -- com exceção de Hokkaido, que tem
quatro -- e numerosos tribunais para assuntos de menor importância.
Sociedade
O alto nível de vida, uma
nutrição adequada e abundante, assim como o organizado sistema de saúde pública
contribuíram para aumentar a expectativa de vida dos japoneses. Numerosos
hospitais, clínicas e centros de saúde em toda a nação, aliados à educação
sanitária nas escolas, tiveram como resultado a erradicação de doenças como o
tifo, difteria e escarlatina. Em contrapartida, aumentaram as chamadas doenças
da civilização moderna. Hipertensão, moléstias cardiovasculares e distúrbios
psíquicos tornaram-se as principais causas de morte, junto com os acidentes de
trânsito. As práticas médicas são predominantemente ocidentais, mas também se
aplicam técnicas chinesas tradicionais.
Os serviços de previdência social
aperfeiçoaram-se notavelmente depois da segunda guerra mundial e incluem
pensões por doença, aposentadoria, viuvez e orfandade, desemprego e seguro de
acidentes. Desde 1961, o sistema ampara todos os japoneses. Muitas instituições
privadas proporcionam assistência complementar.
A escassez de habitação, um dos
principais problemas políticos e sociais do Japão, tem como causas: (1) a
destruição de setenta por cento das moradias nas principais cidades do país
durante a segunda guerra mundial; (2) a constante elevação dos preços das
residências nas grandes cidades; (3) o uso generalizado da madeira como
material de construção, que exige substituição mais freqüente que o tijolo; (4)
a freqüência de terremotos, tufões e inundações produzidas pelas chuvas; (5) a
tendência do governo a incentivar mais o crescimento industrial do que a
construção de edifícios e casas; e (6) a elevação do nível de vida, que
provocou o aumento da demanda por casas melhores e maiores.
Antes da restauração Meiji,
funcionavam diversas instituições educativas, muitas delas influenciadas pela
cultura chinesa. As escolas privadas (terakoia), principalmente nas cidades,
ministravam o ensino primário. Os senhores provinciais (daimios) também criaram
escolas especiais para os filhos da classe guerreira. O sistema educativo
moderno foi implantado a partir de 1868 e, quatro anos depois, abriram-se
escolas primárias e secundárias em todo o país. A educação gratuita obrigatória
foi promulgada em 1900 e em 1908 foi fixada em seis anos.
Desde 1947, a educação
obrigatória compreende um período de nove anos, que começa aos seis anos de
idade. O sistema educativo está organizado da seguinte maneira: os jardins de
infância duram de um a três anos e são facultativos. A escola primária dura
seis anos; a escola secundária três; e o bacharelado superior (não
obrigatório), outros três. O ensino superior é ministrado em centros de ensino
e universidades, em cursos de dois a quatro anos de duração. O doutorado exige
três anos de especialização depois de obtido o título de graduação. Existem
ainda escolas técnicas, em cinco modalidades. O Japão é um dos poucos países do
mundo que proporcionam educação completa e gratuita para toda a população. A
administração do ensino é descentralizada e o Ministério da Educação desempenha
papel de mero coordenador. A responsabilidade sobre orçamento, planos de estudo
e supervisão compete às autoridades locais.
Os sindicatos japoneses são
relativamente recentes, pois embora as organizações operárias funcionassem
antes da segunda guerra mundial, foi a partir da derrota que, por influência
americana, se concedeu aos trabalhadores o direito de organização, de negociar
com os patrões e declarar greves. As questões trabalhistas no Japão, julgadas
em função dos dias de trabalho perdidos, são mais facilmente resolvidas que em outros
países industrializados, como Estados Unidos, Reino Unido ou Itália.
Várias religiões coexistem no
Japão, ainda que nenhuma delas tenha a grande quantidade de adeptos verificada
em outros países da Ásia. Destacam-se o xintoísmo, única religião de origem
nipônica, várias seitas budistas e o cristianismo. Algumas crenças novas
(shinko shukio) surgiram no século XX. O xintoísmo, de caráter politeísta,
elevou à categoria de deuses personagens históricos e elementos da natureza.
Boa parte da população professa ao mesmo tempo o xintoísmo e o budismo. O
cristianismo penetrou com as missões católicas do século XVI. Entre as novas
religiões, cabe destacar a Soka Gakkai (Sociedade da Criação Valiosa), que
constitui poderosa organização política. (Para dados sobre sociedade, ver
DATAPÉDIA.)
Cultura
A longa história do Japão
produziu uma cultura significativamente
diferente das de outras nações, caracterizada em geral por uma mistura
indissociável da tradição autóctone com formas chinesas e ocidentais. A cultura
pré-histórica japonesa sofreu contínua influência da antiga China, num processo
iniciado há aproximadamente 1.500 anos. A escrita chinesa também foi adotada
inicialmente pelo Japão e a religião budista exerceu profunda influência na
vida cultural do arquipélago. No entanto, o processo de nacionalização cultural
nunca cessou, tendo mesmo se acelerado durante os 250 anos em que o Japão se
manteve isolado, até 1868, quando se abriu para o mundo ocidental. O clima do
Japão, por exemplo, muito mais úmido que o da China, levou à substituição do
tijolo pela madeira na arquitetura. De forma similar, a escrita chinesa foi
substituída em grande parte pelo silabário kana, mais adaptado às
características da língua japonesa.
Depois da restauração Meiji
(1868), o Japão iniciou sua modernização e industrialização, conforme os
modelos europeu e americano. As influências russa, britânica, francesa, alemã e
espanhola são evidentes na cultura japonesa, tanto em sua literatura como em
educação, artes plásticas, música, ciência, diversões e ideologia. O
racionalismo, o cristianismo e o socialismo impregnaram o cotidiano dos
japoneses. O uso da vestimenta ocidental em lugar do quimono está muito
difundido e a música ocidental parece ser preferida à música japonesa
tradicional.
A milenar cultura japonesa inclui
muitas formas de arte e práticas refinadas. Assim ocorre com o arranjo de
flores (ikebana), a cerimônia do chá (cha-no-yu), a pintura, a caligrafia
artística, a dança, a música, a arte de jardinagem e a arquitetura. Entre as diversas
formas teatrais sobressaem, entre outras, o kabuki, drama estilizado com
música, canto e dança, o bunraku, teatro de marionetes, o nô, drama bailado
tradicional, e o gagaku, música cortesã.
O cinema, que começou a ser feito
no Japão ao mesmo tempo que no Ocidente, produz obras de excepcional qualidade.
Nas primeiras décadas do século XX, os filmes correspondiam a dois gêneros bem
definidos: o jidai geki ou histórico, e o gendai-geki ou da vida real.
Cineastas como Mizoguchi Kenji, Kobayashi Masaki, Kurosawa Akira, Kinoshita
Keisuke, Ozu Yasujiro, Shindo Kaneto e Oshima Nagisa são internacionalmente
reconhecidos como dos maiores da história do cinema.
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