domingo, 19 de maio de 2013

Paraguai






A ação colonizadora das missões jesuíticas, que permitiu a sobrevivência de grande proporção de índios guaranis, e o longo isolamento político do Paraguai depois da independência, conferiram ao país um caráter étnico peculiar, que o diferencia nitidamente de outras nações latino-americanas.
O Paraguai é um país interior, isto é, sem acesso direto ao mar. De forma irregular, alongada na direção noroeste-sudeste, ocupa uma superfície de 406.752km2. Limita-se ao norte e a noroeste com a Bolívia; a leste e nordeste com o Brasil; e ao sul, sudeste e oeste com a Argentina.

Geografia física

Relevo.
O território paraguaio, em sua totalidade, pertence à grande bacia formada pelos rios Paraguai e Paraná. É constituído de planícies, e apenas na região leste aparecem formações montanhosas, de pouca elevação, estruturalmente ligadas ao planalto brasileiro.
O rio Paraguai, que corre no sentido norte-sul, divide o país em duas partes bastante distintas. A oeste estende-se o Chaco, uma monótona planície que se eleva imperceptivelmente das margens do rio até o altiplano boliviano. A enorme planície, que ocupa também partes do território da Argentina e da Bolívia, compreende quase dois terços do território paraguaio. A leste do rio Paraguai, o terreno eleva-se suavemente e forma uma região de colinas que, nos pontos mais altos das montanhas de Amambay e Mbaracayú, atingem 700m sobre o nível do mar. No sudeste, o terreno volta a descer em direção ao vale do rio Paraná, que em alguns pontos corre pelo planalto de mesmo nome, o que facilitou a construção de represas e usinas hidrelétricas.

Clima.
O Paraguai é atravessado pelo trópico de Capricórnio. As temperaturas médias, durante o verão, oscilam entre 25o e 40o C, e no inverno entre 10o e 20o C. As chuvas são abundantes no verão, devido ao deslocamento das massas de ar úmido provenientes do Atlântico, e alcançam até 2.000mm anuais nas zonas altas da parte oriental do país. Nas margens do rio Paraguai, a média é de 1.200mm anuais; no Chaco, no extremo noroeste, de 500mm.

Hidrografia.
Três grandes rios convergem para o sul do país: o Pilcomayo, o Paraná e o Paraguai. Este último nasce no Brasil, atravessa extensas planícies de aluvião e divide o país em duas partes, oriental e ocidental. Em frente a Assunção, recebe o Pilcomayo, que, procedente da Bolívia, corre de noroeste a sudeste através do Grande Chaco. Embora caudaloso, o Pilcomayo é de regime muito irregular e, na estação seca, o fluxo de suas águas chega a interromper-se em algumas zonas pantanosas.
Também o rio Paraguai registra oscilações de caudal, mas é navegável em todo seu trecho paraguaio. Seus afluentes da margem ocidental, provindos do Chaco, só correm na estação chuvosa. Embora mais curtos, os da margem oriental, como o Apa, o Aquidabán, o Ypané, o Jejuí e o Tebicuary são de regime mais regular.
O Paraná, procedente do Brasil, é navegável em quase todo seu percurso no país e suas águas, represadas em vários pontos, alimentam a usina hidrelétrica de Itaipu. Em sua margem paraguaia, recebe o Monday e o Acaray.

Flora e fauna.
Graças às temperaturas altas e à abundância de chuvas, a vegetação natural é frondosa nas colinas e planaltos da parte oriental do país. Há também amplas áreas cobertas de matas na parte do Chaco mais próxima ao rio Paraguai, mas em direção a oeste a paisagem torna-se mais seca e a grande planície cobre-se de cactos e outras plantas capazes de resistir à longa estação seca. No curso do rio Paraguai, extensas planícies baixas se inundam por vários meses a cada ano, o que impede o crescimento de árvores altas e dá origem a uma vegetação de ervas altas.
A fauna paraguaia, idêntica à do Centro-Oeste brasileiro, inclui a onça, muito freqüente no Chaco, o queixada, o cervo, tatu e tamanduá. Há também muitas espécies de pássaros e aves tropicais, como emas, seriemas, garças, tucanos e papagaios.

População
Em sua quase totalidade, a população paraguaia descende da mestiçagem entre índios guaranis e os conquistadores espanhóis. É por isso uma das mais homogêneas da América Latina, do ponto de vista étnico. A imigração sempre foi escassa e, excetuadas pequenas colônias de agricultores japoneses e de membros de seitas protestantes procedentes da Europa central e do Canadá, foi plenamente assimilada. A população indígena pura é representada por pequenos grupos humanos dispersos pela região do Chaco.
Do meio milhão de habitantes que se calcula tivesse o país em meados do século XIX, a população se reduziu a menos de 200.000 na década de 1870, em conseqüência das guerras. O crescimento nos cem anos seguintes, contudo, foi muito alto, decuplicando-se o número de habitantes apesar das perdas ocasionadas por nova guerra na década de 1930 e pelo êxodo representado pela fixação de centenas de milhares de paraguaios no Brasil e na Argentina. Um alto índice de natalidade, combinado com uma taxa de mortalidade decrescente, manteve elevado o crescimento demográfico no final do século XX.
Mais de 95% dos paraguaios residem no oeste do país, enquanto o imenso Chaco permanece praticamente despovoado. A capital, Assunção, é a única cidade que cresceu bastante, demográfica e comercialmente, no final do século XX.  Outros núcleos são Lambaré, Fernando de la Mora, Villarrica e os portos fluviais de Concepción, no rio Paraguai, e Encarnación, no rio Paraná.
De crescimento recente, Pedro Juan Caballero, junto à fronteira com o Brasil, é o centro de uma zona de colonização agrícola, enquanto Ciudad del Este (antes Puerto Presidente Stroessner) deve seu desenvolvimento ao impulso econômico decorrente da construção da usina hidrelétrica de Itaipu e a sua posição como centro de comunicações fluviais e terrestres. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)

Economia
Agricultura, pecuária, pesca e extrativismo florestal. A metade da população ativa do Paraguai dedica-se ao setor primário, embora só uma pequena porção das terras aráveis seja cultivada. Os produtos mais importantes são mandioca, milho, cana-de-açúcar, soja, banana, algodão e, em menor escala, arroz, café, fumo, erva-mate e sementes oleaginosas. A cultura da soja experimentou grande crescimento em regiões do Alto Paraná e Itapúa, a ponto de converter o Paraguai em um dos principais exportadores mundiais do produto.
Há criação de porcos, carneiros, cavalos e aves, a do gado bovino tem importância maior. Este é criado extensivamente no Chaco oriental e no sul do país. Os grandes rios são muito piscosos, mas a pesca é praticada apenas de maneira artesanal. A exploração florestal aproveita numerosas espécies tropicais de madeira dura, como o quebracho-branco, de que se extrai o tanino.

Energia e mineração.
Pobre de jazidas minerais, o  país importa derivados de petróleo. A energia elétrica, que até o final da década de 1960 era obtida em centrais térmicas, com a queima de madeira e de óleo, experimentou a seguir um extraordinário incremento de produção, graças ao aproveitamento hidrelétrico da bacia do Paraná. A represa de Itaipu, uma das maiores do mundo, forma um grande lago artificial entre o Paraguai e o Brasil para alimentar a usina hidrelétrica do mesmo nome. Sua construção resultou de um tratado assinado em 1973.
Paraguai e Brasil dividem a energia ali produzida e a limitação do mercado paraguaio permite ao país exportar uma parte de sua quota de volta para o Brasil. Outros importantes projetos hidrelétricos são os de Yacyretá-Apipe e de Corpus, em conjunto com a Argentina, também no alto Paraná.

Indústria.
O setor industrial paraguaio é pouco desenvolvido. Em sua maior parte compõe-se de fábricas transformadoras de produtos agrícolas e florestais, para a elaboração de óleos vegetais, tecidos de algodão, açúcar, bebidas alcoólicas, produtos têxteis e artigos de couro.
Finanças, comércio e turismo. O sistema financeiro do país é dominado pelo Banco Central do Paraguai, emissor do guarani, a moeda nacional. O Banco Nacional de Fomento e o Banco de Desenvolvimento do Paraguai dirigem prioritariamente suas atividades para a criação e manutenção de novas indústrias e atividades agrícolas. Além da eletricidade, os principais produtos de exportação são a soja, algodão, óleos vegetais, carne e produtos florestais. Argentina, Brasil e países da Europa ocidental são os principais compradores.

Transportes e comunicações.
A rede fluvial paraguaia determinou historicamente as comunicações internas e externas do país, mas na segunda metade do século XX os transportes terrestres e aéreo experimentaram enorme desenvolvimento. Quatro grandes rodovias se entroncam em Assunção. Uma delas atravessa o Chaco até a fronteira boliviana, outra atravessa o rio Paraguai até a margem argentina, onde se liga à estrada para Buenos Aires. Uma terceira vai até Encarnación, no sul, e a última une a capital ao leste, e cruza o rio Paraná na ponte da Amizade, para em seguida juntar-se à estrada que atravessa o território brasileiro até o porto de Paranaguá PR, por onde é escoada grande quantidade das exportações paraguaias.
A estrada de ferro Presidente Carlos Antonio López une Assunção a Encarnación e se liga à rede ferroviária argentina por meio de um ferry-boat que cruza o Paraná. Os rios Paraguai e Paraná são sulcados por barcos mercantes e de passageiros. Do  aeroporto internacional de Assunção partem linhas aéreas para as principais cidades do país e para o exterior.

História
Séculos antes que os primeiros exploradores europeus chegassem ao território que depois seria chamado Paraguai, a região situada entre os rios Paraguai e Paraná estava ocupada por tribos guaranis seminômades, que habitavam aldeias fortificadas. Os homens se dedicavam à caça e à pesca, e as mulheres cultivavam principalmente milho e mandioca. O Gran Chaco, por sua vez, era percorrido por grupos nômades, como os guaicurus, que com freqüência atacavam os guaranis.
Os primeiros europeus que penetraram no país foram os homens da expedição portuguesa de Aleixo Garcia, que se deslocaram por terra desde a costa brasileira, em 1524. Dois anos mais tarde, os navios de Sebastião Caboto subiram os rios Paraná e Paraguai. Em agosto de 1537, o espanhol Juan Salazar de Espinosa construiu, numa colina próxima ao rio Paraguai, o forte de Nossa Senhora Santa Maria da Assunção, que em poucos anos se converteu em centro de irradiação dos conquistadores.
Nas imediações do local, os espanhóis encontraram uma população guarani amistosa, com a qual teve início um rápido processo de mestiçagem. Sob os governos de Domingo Martínez de Irala e seus sucessores, partiram de Assunção numerosas expedições, que fundaram as cidades de Santa Fe, Corrientes, Villarrica e Santa Cruz de la Sierra. A segunda fundação de Buenos Aires, em 1580, foi levada a cabo por dez espanhóis e cinqüenta mestiços paraguaios.

Missões jesuíticas.
No início do século XVII, encomendou-se aos jesuítas a tarefa de evangelizar e submeter à coroa espanhola os guaranis da área compreendida a sudeste de Assunção. Durante um século e meio os jesuítas dedicaram-se a esse trabalho e organizaram 32 missões, povoados que abrigaram mais de cem mil índios. As missões jesuíticas chegaram a constituir um estado praticamente independente, com uma próspera produção agrícola e artesanal, forças armadas e autonomia frente aos governadores de Assunção.
Dois perigos, no entanto, espreitavam as missões. Pelo oeste, comerciantes espanhóis e mestiços de Assunção viam seus interesses econômicos prejudicados pela concorrência daquelas comunidades e desejavam apoderar-se tanto de seus territórios como da mão-de-obra guarani. Pelo leste, os caçadores de escravos penetraram no território para capturar índios e destiná-los a plantações na zona costeira. De 1721 a 1735 travou-se uma guerra entre os proprietários de terras de Assunção e os jesuítas. Estes foram finalmente favorecidos, quando oito mil guaranis ajudaram as tropas de Buenos Aires a tomar Assunção, cujo conselho municipal tinha aderido à revolta contra o governador, que defendia os jesuítas.
O poder alcançado pelos jesuítas despertou, contudo, temores na própria corte espanhola, que em 1750 decidiu, em acordo com a coroa portuguesa, dividir entre os dois países o território das missões. Os jesuítas repeliram tal propósito, mas em 1757 os exércitos português e espanhol combinados acabaram com sua resistência. Dez anos depois, a Companhia de Jesus foi afastada dos domínios da coroa espanhola e as missões foram transferidas para  franciscanos e delegados da corte espanhola, que logo acabaram com seu antigo esplendor. Os guaranis caíram nas mãos dos senhores de terra ou se isolaram.

Independência.
Em 1776 a coroa espanhola criou o vice-reino da Prata, com capital em Buenos Aires. Assunção passou a depender dessa cidade, o que significou um progresso econômico, já que as comunicações com a nova capital eram mais fáceis do que com Lima, a antiga. Com o tempo, no entanto, enfraqueceu-se a autonomia que a distância de Lima permitira à província desfrutar. Quando, em 1810, Buenos Aires declarou a independência, Assunção recusou-se a acompanhá-la. As milícias paraguaias impediram a passagem das forças do general Manuel Belgrano. Em maio do ano seguinte, contudo, o governador espanhol de Assunção foi deposto pelos capitães Fulgencio Yegros e Pedro Juan Caballero.
Entre os integrantes da junta de governo formada em Assunção logo se destacou o advogado José Gaspar Rodríguez de Francia, por sua cultura e habilidade. Em 12 de outubro de 1813 foi declarada a independência do Paraguai. A junta de Assunção recusou todo entendimento com Buenos Aires, que fazia pressões para incluir o Paraguai em seus domínios. Yegros e o Dr. Francia foram designados cônsules durante um ano e, ao final do período, uma nova junta nomeou Francia ditador supremo da república, por cinco anos. Declarado em 1816 ditador perpétuo, Francia ocupou o cargo até sua morte, em 1840.
O prolongado governo de Francia praticamente fechou o país quase completamente à influência estrangeira. Restringiu-se o comércio exterior, limitou-se a entrada de estrangeiros e o Paraguai conheceu um período de relativa paz. Uma tentativa fracassada de destituir Francia teve como resultado a eliminação de quase toda a aristocracia paraguaia e o confisco da maior parte das grandes propriedades.
Com a morte de Francia, formou-se um segundo consulado, composto, como o primeiro, de um civil e um militar. O civil, Carlos Antonio López, foi nomeado presidente em 1844, ano em que se promulgou a primeira constituição do país, que consagrava um regime presidencialista. O Paraguai abriu-se então para o exterior e para o intercâmbio comercial. Em 1852, Buenos Aires reconheceu-lhe a independência. Ante ameaças expansionistas de seus poderosos vizinhos, Carlos Antonio López declarou a militarização da sociedade. Foram abertas estradas de ferro, linhas telegráficas, uma frota fluvial de guerra, poderosos fortes e uma rede de hospitais militares.
Tríplice Aliança. López morreu em 1862 e foi substituído por seu filho, Francisco Solano López, que, desejoso de reforçar o papel do Paraguai na política platina, procurou fazer frente ao Brasil. Em novembro de 1864, ordenou a captura de um navio de guerra brasileiro e organizou poderoso exército para combater no Uruguai as forças brasileiras que o haviam invadido. Como a Argentina negasse permissão de trânsito por seu território, o Paraguai declarou-lhe guerra. Em resposta, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice

Aliança, pelo qual uniram as forças contra o Paraguai.
Antes do final de 1865, as tropas expedicionárias paraguaias e sua força naval haviam sido destruídas. Começou então uma longa fase de guerra defensiva dentro do Paraguai e, durante quatro anos, os exércitos invasores foram contidos na posição fortificada de Humaitá, mas à custa de enormes baixas. Uma epidemia de cólera acabou de devastar o país. Em 1869, os restos do Exército paraguaio retiraram-se para o norte, perdendo a capital e as principais cidades. Em 1º de março de 1870, a cavalaria brasileira atacou as forças paraguaias em Cerro Corá, onde morreu o próprio López. Uma ocupação brasileira de seis anos foi o último ato de guerra da Tríplice Aliança, ou guerra do Paraguai, uma das mais cruentas já travadas nas Américas.

Liberais e colorados.
As tropas brasileiras de ocupação abandonaram o país em 1876. Os mútuos receios existentes entre a Argentina e o Brasil tiveram como resultado serem as amputações territoriais sofridas pelo Paraguai bem menores que as desejadas pelos vencedores da guerra. Lentamente, o país foi-se reconstruindo, ao mesmo tempo que se formavam dois grandes partidos políticos, o Liberal e o Colorado. Mudanças de governo e golpes de estado foram freqüentes. Os colorados, que se consideravam  herdeiros do patriotismo de Solano López, governaram de 1887 a 1904, quando uma revolta deu o poder aos liberais. Estes o conservaram por três décadas.

Guerra do Chaco.
As fronteiras entre Paraguai e Bolívia não estavam claramente delimitadas na imensa região do Chaco e, nas últimas décadas do século XIX, os bolivianos, privados de uma saída para o mar desde a guerra com o Chile, fizeram pressão para adiantá-las até o rio Paraguai, almejando uma ligação indireta com o Atlântico. Na segunda década do século XX foram encontrados indícios de petróleo no subsolo da região, e o governo boliviano, instado pelas grandes companhias petrolíferas, decidiu invadir o Chaco.

A guerra teve início em junho de 1932.
Habilmente conduzido pelo general José Félix Estigarribia, o Exército paraguaio, embora menos armado, conseguiu conter e repelir os ataques bolivianos. Formados, em sua imensa maioria, por índios alheios aos móveis econômicos do conflito, os dois exércitos se enfrentaram durante vários anos. A guerra só terminou quando os Estados Unidos, que tinham interesse na exploração petrolífera, uniram-se aos esforços mediadores da Argentina, Brasil, Uruguai, Peru e Chile. Em junho de 1935 estabeleceu-se o cessar-fogo e três anos mais tarde foi assinado o tratado de paz. O Paraguai ficou de posse de três quartas partes do Chaco. A defesa daquela região pantanosa custara ao país mais de cem mil vidas.
Em 1936, oficiais conduzidos ao poder pela revolução empreenderam uma reforma agrária e adotaram uma série de medidas de estatização da economia. Três anos depois, as eleições foram vencidas pelo general Estigarribia, herói da guerra do Chaco e que não era filiado a nenhum dos partidos tradicionais. Morto em acidente aéreo em setembro de 1940, foi substituído pelo general colorado Higinio Morínigo, cujo governo, conservador, motivou uma revolta dos liberais em 1947. Morínigo foi destituído a seguir, por seu próprio partido. Depois de um período de instabilidade, o general Alfredo Stroessner, com o apoio do Exército e dos colorados, foi nomeado presidente em 1954, posto que conservou em sucessivas eleições.
Crescentemente vinculado ao Brasil, o Paraguai,  na segunda metade do século XX, iniciou um período de crescimento econômico baseado na afluência de capitais, com a realização de grandes obras públicas. Stroessner foi destituído em fevereiro de 1989 por um movimento militar encabeçado pelo general Andrés Rodríguez, e asilou-se no Brasil. Rodríguez foi eleito presidente. Em maio de 1993, Juan Carlos Wasmosy, do Partido Colorado, foi eleito presidente.

Instituições políticas
Uma nova constituição, promulgada em 1992 para substituir a de 1967, estabelece como forma de governo a democracia representativa. O presidente e o vice-presidente são eleitos pelo voto popular direto, para um mandato de cinco anos, sem possibilidade de reeleição, e governam assessorados pelo Conselho de Ministros. O presidente participa da formulação da legislação e a promulga, podendo vetar leis emanadas do legislativo.
O poder legislativo é bicameral, com o Congresso formado pela Câmara dos Deputados, de 80 membros, e pelo Senado, de 45, eleitos em ambos os casos para um período de cinco anos, por voto popular. O voto é obrigatório para todos os cidadãos maiores de 18 anos.
A Corte Suprema de Justiça é a mais alta instância do poder judiciário. Compõe-se de nove membros nomeados pelo presidente, e tem o poder de declarar a inconstitucionalidade de leis.
Os principais partidos políticos são o Colorado (Associação Nacional Republicana), o Liberal Radical Autêntico e o Encontro Nacional. O Paraguai divide-se em 17 departamentos, cada qual administrado por um governador eleito, além da capital.

Sociedade
Apesar do grande crescimento do produto nacional bruto do país na segunda metade do século XX, o nível de vida dos trabalhadores teve elevação muito discreta. No campo, a política de divisão de terras virgens em pequenos lotes não chegou a ser inteiramente cumprida e a maioria das propriedades agrícolas continuava a ser constituída, no final do século, por vastos latifúndios. Dessa maneira, um boa parte da população, dedicada à agricultura de subsistência, vivia imersa na economia de subsistência.
A taxa de mortalidade infantil continuava a ser uma das mais elevadas do continente, com forte  incidência de doenças parasitárias e infecciosas. Só as áreas mais centrais da capital dispunham de serviços eficientes de esgotos, fornecimento de água potável e coleta de lixo. Embora a educação primária seja obrigatória e gratuita entre 7 e 13 anos de idade, a escolaridade não cobre toda a população infantil.

Cultura
A característica mais marcante da cultura paraguaia é a persistência da tradição guarani, entrelaçada com a hispânica. Embora as publicações periódicas em guarani sejam pouco numerosas, a maioria da população conhece os dois idiomas. O guarani é empregado como linguagem doméstica e o espanhol na vida oficial e comercial.
Duas universidades encarregam-se da educação superior: a Nacional de Assunção, fundada em 1890, e a Católica, em 1960. A maioria dos paraguaios professa o catolicismo, mas outros cultos são tolerados. As principais instituições culturais do país estão na capital: a Academia Nacional de Belas-Artes, o Conservatório de Música, a Orquestra Sinfônica de Assunção, a Biblioteca Nacional e o Museu de História Natural e Etnografia. São famosas as qualidades melódicas da música popular paraguaia, que em vez da influência africana manteve traços da cultura guarani, particularmente nas guarânias, acompanhadas por violão e de ritmo dolente.
O isolamento do país durante boa parte do século XIX não foi propício ao desenvolvimento literário. Guerras cruentas motivaram uma literatura de  exacerbado nacionalismo e os autores que divergiam dessa linha eram ignorados ou tachados de derrotistas, o que levou muitos deles a abandonarem o país. Só na década de 1940 surgiu o primeiro grupo poético coerente, com obra reconhecida, formado por Óscar Ferreyro e Augusto Roa Bastos, entre outros autores. Em 1952, Gabriel Casaccia publicou em Buenos Aires La babosa (A lesma), primeiro grande romance de um autor paraguaio. Outros romancistas surgidos mais tarde foram Jorge Rodolfo Ritter e Juan Bautista Matto.
As missões jesuíticas instaladas no Paraguai do início do século XVII até 1767 cobriram o país de notáveis obras arquitetônicas, a maioria das quais, no entanto, foram reduzidas a ruínas. Outras sobrevivem, e permitem apreciar o esplendoroso desenvolvimento, na região, do barroco colonial.

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