Países de
todos os continentes foram envolvidos, de forma ativa ou passiva, pela segunda
guerra mundial, uma disputa em que nações com séculos de civilização se
enfrentaram numa escala destrutiva sem precedentes.
A segunda
guerra mundial foi um conflito armado que se estendeu praticamente por todo o
mundo, de 1º de setembro de 1939 até 7
de maio de 1945, quando a Alemanha capitulou, e 2 de setembro do mesmo ano,
quando o Japão se rendeu. Os principais beligerantes foram, de um lado,
Alemanha, Itália e Japão, as chamadas potências do Eixo; e do outro as
potências aliadas: França, Reino Unido, Estados Unidos, União Soviética e, em
menor escala, China.
Causas e
antecedentes. A guerra foi, em muitos aspectos, uma conseqüência, após um
difícil intervalo de vinte anos, das graves disputas que a primeira guerra
mundial não resolvera. A frustração alemã depois da derrota em 1918 e os duros
termos do Tratado de Versalhes, somados à intranqüilidade política e à
instabilidade social que afetaram crescentemente a chamada república de Weimar
(1919-1933), tiveram como resultado uma radicalização do nacionalismo alemão.
Dessa forma ocorreu a ascensão ao poder de Adolf Hitler, chefe do Partido
Trabalhista Alemão Nacional Socialista, o partido nazista, de ideologia
totalitária, ultranacionalista e anti-semita.
Depois de se
outorgar plenos poderes em 1933, Hitler, que assumira o título de Führer, chefe
militar do Terceiro Reich, promoveu o rearmamento da Alemanha, aproveitando-se
da indecisão das potências européias em se oporem a seus desígnios. Decretou o
serviço militar obrigatório na Alemanha e ordenou a ocupação militar da zona do
Reno (Renânia), em março de 1936, numa transgressão unilateral do Tratado de
Versalhes.
Nesse mesmo
ano, Benito Mussolini, o ditador fascista da Itália, lançou-se à conquista da
Abissínia (Etiópia), depois de haver estabelecido, em 1926, um protetorado na
Albânia, que lhe permitia ocupar uma posição privilegiada no mar Adriático. O
Duce firmou com Hitler um acordo secreto.
O ambiente de
tensão não se limitava ao continente europeu. Na Ásia, o Japão, em busca da
hegemonia comercial, invadira a Manchúria em setembro de 1931, dando início à
conquista do norte da China. Procurando isolar a União Soviética, fez um pacto
anticomunista com a Alemanha, em 1936, ao qual a Itália aderiu no ano seguinte.
Foi o chamado Pacto Tripartite, que estabeleceu o eixo Tóquio-Roma-Berlim.
Desenvolvimento
da crise. A remilitarização da zona do Reno contribuiu para o desequilíbrio no
continente europeu. Tirando proveito da crise provocada pela guerra civil
espanhola (1936-1939), Hitler anexou a Áustria (o Anschluss) ao Terceiro Reich,
em março de 1938, e iniciou uma intensa campanha em favor da autodeterminação
das minorias germânicas da Tchecoslováquia. Em 15 de março de 1939, Hitler
proclamou, no castelo de Praga, um protetorado sobre a Boêmia-Morávia, enquanto
a França e o Reino Unido se preparavam para a guerra.
Em abril de
1939, a Itália anexou a Albânia. Em 23 de agosto, a Alemanha e a União
Soviética firmaram um pacto de não-agressão (o pacto Ribbentrop-Molotov), o que
permitia a Hitler lutar numa só frente quando irrompesse o conflito. O pacto
continha cláusulas secretas sobre a divisão da Polônia e sobre o
estabelecimento de esferas de influência soviéticas e alemãs nos países
bálticos e na Finlândia. Seis dias depois, Hitler solicitou à Polônia o envio
de um embaixador plenipotenciário para tratar de assuntos territoriais e não
foi atendido. Ordenou, então, a invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939.
Dois dias depois, o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha.
Guerra na
Europa. Depois do ataque alemão, tropas soviéticas invadiram a parte oriental
da Polônia, que, conforme o pacto feito por Hitler e Stalin, ficou dividida
entre a Alemanha e a União Soviética. Os exércitos alemães voltaram-se, então,
para oeste, enquanto os franceses abrigavam-se na linha Maginot, sistema de
fortificações de concreto que se estendia ao longo da fronteira franco-alemã.
Em 30 de novembro, a União Soviética invadiu a Finlândia.
Em 9 de abril
de 1940, tropas nazistas ocuparam a Dinamarca. Em seguida, Hitler desencadeou
uma "guerra relâmpago" (Blitzkrieg) e tomou os principais portos da
Noruega, enquanto sua aviação pousava em Oslo. No mesmo dia instalou-se na
capital norueguesa um governo "colaboracionista", encabeçado por
Vidkun Quisling. As forças aliadas acorreram em socorro da Noruega, mas Hitler
enviou grandes reforços para vencer a resistência. Em junho, os aliados tiveram
que deixar o país, e o rei Haakon refugiou-se na Inglaterra.
Batalha da
França. Os acontecimentos nos países nórdicos converteram-se em problema de
menor importância para as potências ocidentais quando, em 10 de maio de 1940,
foram surpreendidas pelo ataque de Hitler aos Países Baixos e à Bélgica. As
forças aliadas rapidamente se deslocaram para a fronteira franco-belga,
enfrentando os alemães, que pretendiam invadir a França pelo norte. Em 14 de
maio, terminou a conquista dos Países Baixos e, no dia 27 do mesmo mês, a
Bélgica foi dominada. Isoladas, as tropas britânicas tiveram que ser evacuadas
apressadamente, numa gigantesca operação, das praias de Dunquerque, perdendo
todo seu equipamento.
Em 10 de
junho, Mussolini decidiu entrar na guerra. O alto comando francês foi obrigado
a enviar tropas para a fronteira italiana e a defesa do país tornou-se
impossível. No dia 14 de junho, os alemães tomaram Paris e um grupo de
políticos e oficiais de tendência fascista constituiu um novo governo (o
chamado governo de Vichy), sob a chefia do marechal Philippe Pétain, herói
francês da primeira guerra mundial.
No dia 17, a
França firmou um armistício com a Alemanha. De Londres, entretanto, o general
Charles de Gaulle, pelo rádio, exortava os franceses a continuarem a
resistência contra os invasores alemães. Restava à Alemanha vencer o Reino
Unido e os nazistas moveram sua artilharia pesada para as proximidades do porto
francês de Calais, para dali bombardear a costa inglesa.
Durante agosto
e setembro de 1940, a Luftwaffe alemã iniciou um grande ataque aéreo contra a
ilha, com o objetivo de debilitar o Reino Unido, para uma posterior invasão
através do canal da Mancha. O bombardeio causou imensos danos às cidades e às
defesas do país. No dia 7 de setembro, teve início uma terrível ofensiva contra
Londres, com grandes perdas para a população civil.
Apesar da
inferioridade numérica, os britânicos tinham a seu favor um sistema de detecção
por radar e um caça, o Spitfire, superior a qualquer avião alemão. Os
bombardeios continuaram a devastar o país até 1941; mas a Royal Air Force (RAF)
britânica acabou se impondo e Hitler adiou indefinidamente a invasão. Pela
primeira vez, o avanço alemão havia sido freado, o que teve enorme valor
simbólico.
Frente
oriental. O fracasso no Reino Unido levou Hitler a mudar de planos e atacar a
União Soviética (plano Barba-Roxa). Antes resolveu consolidar seu domínio na
Europa, voltando-se contra os Balcãs.
A Romênia já
havia sido dominada em meados de 1940. A tentativa de invasão da Grécia pela
Itália, iniciada em outubro de 1940, encontrou forte resistência, o que fez com
que a Alemanha precisasse socorrer sua aliada. Em março de 1941, os exércitos
alemães ocuparam a Bulgária e trataram de organizar um governo satélite na
Iugoslávia, em 17 de abril. Em seguida, parte da Grécia foi ocupada pelos
italianos. Com a ocupação da ilha de Creta, entre 20 e 30 de maio, os alemães
deram por concluída a campanha dos Balcãs.
Em junho de
1941, Hitler rompeu o pacto de não-agressão com os soviéticos, ao mesmo tempo
em que procurava atrair as simpatias do Reino Unido e dos Estados Unidos, por
assumir o comando da campanha contra o comunismo. No dia 22 declarou guerra à
União Soviética, no que foi seguido pela Itália, Romênia, e, mais tarde, pela
Finlândia e pela Hungria. O Reino Unido e os Estados Unidos imediatamente
apoiaram Stalin, mas a campanha nazista foi de início bem-sucedida.
As unidades
alemãs conquistaram o norte do país e sitiaram Leningrado, enquanto pelo centro
e ao sul se aproximavam de Moscou, dominando quase toda a Ucrânia. Em novembro,
a contra-ofensiva soviética, com a ajuda do rigoroso inverno, conseguiu impedir
a queda de Moscou, forçando as unidades motorizadas de Hitler a empreenderem a
retirada. Na primavera de 1942, o exército soviético conseguiu recuperar grande
parte do território ocupado.
Resistência
européia. A "nova ordem" que Hitler impusera ao continente europeu
apoiava-se na utilização de todos os recursos econômicos dos países ocupados, e
o operariado era forçado a trabalhar na produção de material bélico. A
população civil, que inicialmente parecia conformada, aos poucos começou a se
organizar, por todo o continente, em pequenos mas decididos grupos de
patriotas, para resistir à sistemática exploração nazista.
Assim, França,
Noruega, Bélgica, Países Baixos, Itália, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Grécia e
a parte da União Soviética ainda ocupada pelos alemães viram surgir grupos que
continuamente hostilizavam o inimigo, o que levou o comando nazista a adotar
medidas de repressão, incluindo o massacre de civis. Findo o conflito, os
culpados por esses delitos foram julgados no tribunal de Nuremberg por crimes
contra a humanidade.
Guerra no
Pacífico. Os Estados Unidos se mantiveram neutros de início, mas começaram em
1940 a cuidar de sua defesa. Em 1941, o Congresso americano autorizou um
sistema de empréstimo e arrendamento (lend-lease), para facilitar as remessas
de material bélico ao Reino Unido. A Alemanha passou a torpedear os navios
americanos, a fim de impedir a ajuda, o que levou os Estados Unidos a armar
seus navios e a comboiá-los com vasos de guerra. Em agosto o presidente
americano Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill
assinaram a Carta do Atlântico, que estreitava ainda mais a colaboração
britânico-americana.
Enquanto isso,
o Japão prosseguia em sua ofensiva na Ásia. Em 1941, o governo francês de Vichy
permitiu o estabelecimento de bases nipônicas na Indochina, colocando em perigo
as colônias britânicas e americanas do Pacífico. Rapidamente, essas duas
potências cortaram as relações comerciais com o Japão, com o que tornaram mais
crítica a situação da rivalidade mercantil há muito existente no Pacífico.
Os japoneses solicitaram
que se celebrasse uma conferência com os Estados Unidos, para discutir
pacificamente as divergências. Os dois delegados ainda não tinham deixado
Washington quando, no dia 7 de dezembro de 1941, os japoneses bombardearam a
base americana de Pearl Harbor, no Havaí, que representava um grande perigo
para eles, pois a aviação e a esquadra ali estacionadas poderiam, a qualquer
momento, atacar o Japão. No ataque, os americanos perderam grande parte de sua
força naval.
No dia
seguinte, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão e no dia 11 à Alemanha e
à Itália. Em janeiro de 1942, 26 nações lutavam contra os países do Eixo. Uma
aliança celebrou a união das forças dessas nações, que passaram a chamar-se
Nações Unidas.
Batalha de
Stalingrado. Na frente russa, Hitler recuperava-se do contra-ataque soviético
de 1941, organizando uma nova e grande ofensiva. Seu objetivo agora era a
região petrolífera do Cáucaso. As forças nazistas penetraram na Criméia, que
conquistaram facilmente. Em seguida, no verão de 1942, novamente atiraram-se
contra Stalingrado (depois Volgogrado) que, em agosto, foi sitiada por um
exército de 340.000 homens. A batalha que se seguiu foi uma das maiores da
guerra, com enormes baixas de ambos os lados.
A importância
estratégica da cidade devia-se a sua posição na bacia do Volga, cujo domínio
daria fácil acesso à região petrolífera do Cáucaso. Por isso, o comando alemão
concentrou nessa batalha uma enorme quantidade de homens e material bélico.
Logo na primeira investida, os tanques da Wehrmacht alemã romperam as linhas de
defesa soviéticas e chegaram às portas da cidade. A ofensiva, intensificada nos
meses de setembro e outubro, permitiu que os alemães penetrassem na cidade após
sangrentos combates.
Hitler
assegurava que não havia força militar na terra capaz de expulsar os alemães de
Stalingrado, mas, ainda assim, a cidade resistia. O objetivo da Wehrmacht era
desarticular as tropas soviéticas e empurrá-las até as margens do Volga, para
aí destruí-las. A cidade converteu-se num monte de ruínas, mas não pôde ser
conquistada.
Em novembro, a
ofensiva germânica contra Stalingrado foi detida. Imediatamente, o exército
soviético atacou, comandado pelo marechal Georgi Konstantinovitch Jukov. Em 23
de novembro, os corpos soviéticos das frentes sul e norte, apoiados pelas
forças do setor de Stalingrado, avançaram e cercaram as divisões alemãs que,
durante todo o mês de dezembro, foram submetidas a severos bombardeios de
aviação e artilharia.
Finalmente, em
10 de janeiro de 1943, os soviéticos iniciaram o extermínio dos invasores e, em
vinte dias de combates, os alemães foram vencidos. Nesse último assalto
morreram cerca de 200.000 homens de ambos os lados, e mais de noventa mil
alemães caíram prisioneiros, entre eles o marechal Friedrich von Paulus, comandante
do setor de Stalingrado. Era a primeira grande derrota alemã e o curso da
guerra começou a mudar.
Guerra no
Mediterrâneo. Os italianos lançaram no início de 1940 uma ofensiva na África,
com o objetivo de conquistar o Egito e foram totalmente batidos pelos
britânicos. Em socorro dos italianos veio o corpo africano (Afrikakorps)
alemão, do marechal Erwin Rommel, que empurrou os ingleses de volta. Em julho
de 1942, a ofensiva alemã contra o Egito foi detida na batalha de al-Alamein.
Nesse momento, terminaram as esperanças da Alemanha de conseguir uma vitória
rápida na África, mesmo porque as tropas de Rommel estavam exaustas e
acossadas.
Em meados de
outubro de 1942, chegaram reforços aliados ao norte da África. A superioridade
numérica sobre as tropas alemãs era enorme e, em novembro, Rommel ordenou a
retirada. As tropas alemãs recuaram gradualmente até Túnis, onde capitularam em
maio de 1943. A derrota na África tirou de Hitler a possibilidade de atacar a
América e modificou radicalmente o panorama da guerra.
Primeiras
vitórias aliadas no Pacífico. Com as perdas sofridas pela aviação e pela
marinha dos Estados Unidos no bombardeio de Pearl Harbor, o Japão conquistara
superioridade bélica no Pacífico. Pôde assim invadir as Filipinas, forçando o
exército do general Douglas MacArthur a retirar-se para a Austrália, em abril
de 1942. Os japoneses ocuparam as Filipinas e a Tailândia e lançaram uma
ofensiva contra a Birmânia (hoje Myanmar), tomando Rangum (hoje Yangon), apesar
do esforço dos aliados. Sucessivamente ocuparam então as colônias holandesas de
Bornéu, Java e Sumatra.
Quando
tentaram a conquista da Nova Guiné, procurando interceptar as linhas de
comunicação aliadas, os japoneses foram derrotados nas decisivas batalhas
aeronavais de mar de Coral e de Midway, em maio e junho de 1942. Em 7 de
agosto, os aliados retomaram a iniciativa no Pacífico; os americanos
desembarcaram em Guadalcanal, a fim de ocupar as Ilhas Salomão, e, apesar da
feroz resistência dos japoneses, conseguiram finalmente tomar o objetivo.
Nessa altura,
a guerra no Pacífico mudara de curso. O Japão havia perdido seus porta-aviões
de primeira linha e seus melhores pilotos. Em pouco tempo, as forças navais dos
japoneses e dos aliados estavam igualadas. A estratégia americana no Pacífico
consistia em utilizar forças navais e anfíbias para avançar pelas cadeias de
ilhas até o Japão, enquanto forças terrestres, em menor escala, cooperavam com
os chineses e os britânicos no continente asiático.
Invasão da
Itália. Vencida a campanha da África, o general Dwight Eisenhower,
comandante-supremo das forças aliadas, invadiu a Sicília, em julho de 1943,
preparando a conquista da Itália. Os pára-quedistas aliados desceram sobre a
ilha, seguidos pelo desembarque da infantaria. As forças italianas no sul
ofereceram pouca resistência. No norte, porém, os alemães lutaram tenazmente
para proteger o estreito de Messina, só tomado pelos aliados um mês depois.
Simultaneamente
à campanha da Sicília, aviões aliados começaram o bombardeio da Itália. Após um
forte ataque aéreo a Roma, o conselho fascista expulsou Mussolini do governo,
na noite de 24 para 25 de julho de 1943, e o rei Vítor Manuel III convocou o
marechal Pietro Badoglio para chefiar o governo.
O novo
ministro recebeu ordens de afastar todos os fascistas da administração pública
e de negociar a paz com os aliados. A política aliada, contudo, consistia em
não aceitar propostas de paz e insistir na capitulação do inimigo.
A capitulação
incondicional da Itália foi assinada secretamente em 3 de setembro, mas só veio
a ser anunciada no dia 8. Os alemães, que ainda ocupavam o país, prosseguiram
na guerra. Reforçaram suas defesas no norte e no centro da Itália e continuaram
lutando contra as tropas aliadas até o fim da guerra.
As tropas
americanas tomaram Roma em junho de 1944. Na primavera de 1945, os exércitos
aliados capturaram Bolonha e avançaram até a fronteira com a Suíça. Em 29 de
abril, os oficiais alemães solicitaram o armistício e, a 2 de maio, um exército
de mais de um milhão de homens rendeu-se incondicionalmente. Terminava aí a
campanha da Itália.
Ofensiva
soviética. Enquanto a luta na Itália se desenrolava, a guerra na União
Soviética chegava a seu terceiro ano, sem grandes modificações. Em 15 de julho,
o exército soviético assumiu pela primeira vez a ofensiva e, em setembro e
outubro, avançou cerca de 900km e cruzou o rio Dnieper. Pelo sul, o avanço
também foi muito rápido, alcançando o mar Negro. A ofensiva soviética de
inverno fez com que os alemães se retirassem para novas posições na retaguarda.
O Exército
Vermelho atacou depois em direção à Ucrânia, libertou Kiev e avançou para
Odessa, no sul. No norte, a ofensiva chegou até a antiga fronteira da Polônia e
conseguiu isolar a Alemanha da Finlândia. Apesar das vitórias aliadas, Hitler
decidiu continuar a guerra, na esperança de que a invenção de novas armas lhe
permitisse aniquilar o inimigo.
Invasão da
Europa. Em 1941, Hitler concentrou sua aviação na frente soviética, o que
permitiu à força aérea britânica, livre do perigo da invasão, o ataque ao
continente europeu. Com o auxílio da aviação americana, foram feitos ataques
sistemáticos, dia e noite, aos grandes centros da Alemanha. O bombardeio de
Berlim começou no outono de 1943, com bombas incendiárias e explosivas. No
início de 1944, as forças aéreas aliadas contavam com um potencial bélico
impressionante e os bombardeios sucediam-se com intensidade cada vez maior.
No verão de
1944, os alemães começaram a usar as famosas bombas voadoras, que eram foguetes
pilotados automaticamente. À primeira série de foguetes, denominada V-1,
seguiu-se a das bombas V-2, supersônicas. Grande quantidade desses engenhos de
guerra foi lançada sobre o Reino Unido, mas a invasão aliada no continente não
se deteve. O próprio Eisenhower observaria mais tarde que, se tivessem sido
empregadas antes, essas "armas secretas" poderiam ter mudado o curso
da guerra.
Numa
conferência em Teerã, em novembro de 1943, Roosevelt, Churchill e Stalin
decidiram o ataque à Europa ocupada. Em cumprimento às resoluções da
conferência, em 6 de junho de 1944 (o dia D), 156.000 homens desembarcaram nas
praias da Normandia, após atravessar o canal da Mancha, na maior operação
anfíbia da história. Pára-quedistas britânicos e americanos desceram por trás
das linhas alemãs na França e destruíram vias de comunicação e postos militares
inimigos. As tropas invasoras entrincheiraram-se em abrigos improvisados na
costa e dali lançaram uma grande ofensiva, com o apoio de tanques, artilharia
pesada, aviação e o fogo dos navios, contra as fortificações alemãs. As tropas
americanas avançaram rapidamente em direção a oeste e, em 27 de junho, tomaram
o importante porto de Cherburgo.
Depois desses
êxitos iniciais, a frente estabilizou-se. O avanço aliado tornou-se mais lento,
pois as forças alemãs organizaram uma resistência firme, aproveitando as
defesas naturais da província da Normandia. Em 26 de julho, os americanos
concentraram suas forças e lançaram um forte ataque, perto do povoado de
Saint-Lô, conseguindo romper as linhas inimigas. Os alemães tiveram então de se
retirar em toda a frente de batalha.
Em agosto, os
aliados realizaram um novo desembarque no sul da França e encontraram pouca
resistência. O novo exército moveu-se rapidamente e juntou-se a outras forças
expedicionárias. Ao mesmo tempo, as organizações clandestinas de patriotas
franceses somaram-se às forças aliadas e, por toda parte, surgiram grupos
armados que atacavam os alemães pela retaguarda.
Batalha da
Alemanha. Derrotadas, as tropas alemãs estacionadas na França retiraram-se para
a linha Siegfried, grande muralha de ferro e concreto construída entre 1936 e
1939 para fazer frente à linha Maginot dos franceses, e que representava a
última palavra em engenharia militar. Em alguns lugares, contava com sessenta
fortes bem armados em cada quilômetro de extensão, e ao longo de toda a linha
havia arame farpado, armadilhas para tanques e vários outros meios de defesa.
Em meados de
setembro, os aliados, que até então haviam evitado um ataque frontal à linha,
realizaram uma poderosa ofensiva contra Aachen, uma das mais importantes praças
fortificadas do sistema. Em fins de outubro, a cidade, em ruínas, capitulou, e
Eisenhower penetrou com suas forças pela brecha. Os alemães ainda tentaram uma
contra-ofensiva na Bélgica, com o objetivo de cortar as linhas de abastecimento
aliadas. O ataque, deflagrado em 16 de dezembro, teve êxito inicial mas
finalmente foi detido, na última tentativa do exército germânico de reverter a
sorte da guerra.
A ofensiva
final das forças de Eisenhower foi facilitada pelo ataque soviético na frente
oriental. A 1º de abril de 1944, os exércitos aliados haviam cruzado o Reno e
forçado a rendição de mais de 300.000 inimigos, inclusive trinta generais. A
frente rompeu-se, e os exércitos aliados chegaram até as fronteiras da Áustria
e da Tchecoslováquia. No fim de abril, estavam às portas de Berlim.
Enquanto isso,
as tropas soviéticas ocupavam a Finlândia, a Romênia e a Bulgária, e o marechal
Tito tomava o poder na Iugoslávia. O último satélite da Alemanha nos Balcãs a
cair foi a Hungria, que em fevereiro de 1945 capitulou após encarniçada luta.
Os exércitos de Stalin, em seguida, expulsaram os alemães da Letônia, Estônia e
Lituânia, enquanto se preparavam para uma grande ofensiva contra Varsóvia.
O ataque a Varsóvia
iniciou-se em 12 de janeiro de 1945. Rapidamente, as tropas alemãs recuaram
250km e perderam Varsóvia, Koenisberg, Dantzig (hoje Gdansk) e toda a Prússia
oriental. A ofensiva prosseguiu em março, e teve início um período de
bombardeio aéreo sobre a Alemanha como jamais se vira.
As tropas
americanas avançaram na Áustria e estabeleceram contato com o exército aliado
que marchava pelo norte. No fim de março, iniciou-se um grande ataque soviético
a Berlim: o Exército Vermelho cruzou o rio Oder, ao mesmo tempo em que
americanos e britânicos chegavam a cerca de setenta quilômetros da capital
alemã. No fim de abril, a vanguarda das tropas soviéticas ocupou os subúrbios
de Berlim e todos os edifícios do governo, enquanto Hitler ainda dava ordens de
sua fortaleza subterrânea no edifício da chancelaria.
Em 30 de
abril, o Führer nomeou o almirante Karl Dönitz como seu sucessor e, em seguida,
suicidou-se. Dönitz tentou continuar a guerra, mas os chefes militares se
negaram a obedecê-lo e deram início à rendição em massa. No dia 2 de maio, os
soviéticos dominaram a capital e, cinco dias mais tarde, o governo alemão
rendeu-se aos aliados. Estava encerrada a batalha da Europa; a luta prosseguia
no Pacífico.
Batalha da
Ásia. No verão de 1942, os japoneses detinham ricos territórios e importantes
posições na Ásia. Seu império estendera-se enormemente e o governo nipônico
precisava proteger os novos domínios. Os constantes ataques americanos a seus
navios ameaçavam as linhas de suprimento. Os japoneses precisavam estabelecer
bases militares na Nova Guiné e nas ilhas Salomão, no que foram impedidos pelos
aliados.
Em meados de
1943, os aliados já haviam acumulado material e forças suficientes para tomar a
iniciativa. O exército do general americano MacArthur conseguiu progredir ao
longo da costa a oeste da Nova Guiné e chegou ao golfo de Huon, após combates
nas selvas que romperam as últimas defesas japonesas.
MacArthur
continuou avançando e, em dezembro de 1943, chegou à ilha de Nova Bretanha. A
esquadra do almirante Chester W. Nimitz, por sua vez, com a missão de preparar
o ataque ao território japonês, cercou as ilhas Gilbert (hoje parte de
Kiribati) e, mais tarde, as ilhas Marshall, que capitularam em janeiro de 1944.
Os americanos avançaram com dificuldade sobre as ilhas Marianas e, em outubro,
ocuparam as ilhas Palau.
As Marianas
foram imediatamente convertidas em base de operação de grandes aviões de
bombardeio, que iniciaram o ataque aéreo ao Japão, cujas cidades, indústrias e
centros militares foram severamente castigados. O objetivo seguinte da
estratégia aliada era a reconquista das Filipinas. Depois de longo bombardeio
aéreo e naval, as tropas de MacArthur desembarcaram e tomaram a ilha de Leyte.
A esquadra japonesa veio ao encontro da americana e foi destruída, depois de
três dias de combate. Em março de 1944, Manila se rendeu. Em março e junho do
ano seguinte, os Estados Unidos capturaram as ilhas de Iwo Jima e Okinawa,
depois de lutas sangrentas.
As forças
aliadas achavam-se agora em condições de atacar o território japonês. O alto
comando aliado, desejoso de abreviar a guerra no Oriente, em vista da expansão
soviética pela Coréia, e ciente das baixas que uma invasão tradicional
provocaria, decidiu utilizar uma nova arma. No dia 6 de agosto de 1945, um
avião americano deixou cair sobre a cidade japonesa de Hiroxima a primeira
bomba atômica, que destruiu sessenta por cento de sua área. Oitenta mil pessoas
morreram queimadas ou em conseqüência da radiação, e outras setenta mil ficaram
gravemente feridas.
Dois dias depois,
em cumprimento a um acordo prévio com os Estados Unidos, a União Soviética
declarou guerra ao Japão e moveu suas forças para atacá-lo pela Manchúria. Em 9
de agosto, os Estados Unidos lançaram uma segunda bomba nuclear sobre Nagasaki,
que também sofreu enorme devastação. Os japoneses, ante essa demonstração de
força, se renderam formalmente em 2 de setembro de 1945. A cerimônia de
rendição ocorreu a bordo do encouraçado Missouri, na baía de Tóquio.
América Latina
e a guerra. Logo após a eclosão do conflito na Europa, em setembro de 1939,
realizou-se no Panamá uma reunião de chanceleres dos países americanos, em que
ficou acertada a neutralidade do continente. Contudo, a invasão da França pelos
alemães trouxe inquietação às nações do Novo Mundo, que se reuniram novamente,
em Havana, para estudar a situação. Na conferência, aprovou-se um dispositivo
de segurança continental, pelo qual um país agredido contaria com o apoio
incondicional de todas as outras nações americanas do hemisfério.
Em 1941, o
ataque japonês a Pearl Harbor foi visto como uma violação clara dos princípios
aprovados na Conferência de Havana e, em poucos dias, Costa Rica, Cuba, El
Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá e República Dominicana
declararam guerra ao Eixo, enquanto Colômbia, Equador, México e Venezuela
rompiam relações diplomáticas com os países totalitários.
Por sugestão
do Chile, organizou-se a Conferência dos Ministros do Exterior do Rio de
Janeiro, em janeiro de 1942, em que ficou assentada a ruptura de relações
diplomáticas dos países da América com o Eixo. As nações americanas se
ofereceram para enviar tropas à frente de batalha.
O Brasil, que
suspendera as relações diplomáticas com os governos totalitários em janeiro de
1942, declarou-lhes guerra em agosto, e organizou uma força expedicionária que
tomou parte ativa na campanha da Itália. O México declarou guerra ao Eixo em
junho de 1942 e contribuiu com tropas, principalmente com sua aviação, que
combateram nas Filipinas e em Formosa. As ofertas dos outros países não foram
aceitas pelo comando aliado, em vista da dificuldade do treinamento dos
soldados em curto prazo.
Em fevereiro
de 1945, celebrou-se uma assembléia especial de ministros do Exterior no
México, para tratar de assuntos da guerra e do pós-guerra. Foi quando se
reafirmou o princípio da Conferência de Havana (1940), de segurança coletiva
continental, e foram assentadas as bases de uma nova organização dos estados
americanos.
Até 1942, as
tradições brasileiras sempre preservaram a propriedade privada, mesmo quando
pertencesse a pessoa de nacionalidade inimiga. Naquele ano, porém, o governo,
querendo acompanhar os aliados, promulgou a lei constitucional número 5, de 10
de março, que declarou o estado de emergência e suspendeu as garantias
atribuídas à propriedade e à liberdade de pessoas físicas ou jurídicas de
países estrangeiros beligerantes. Assim, foi feito o arresto dos bens dos
súditos do Eixo, de cuja liquidação foi incumbida, depois da vitória, a
Comissão de Reparações de Guerra (CRG), que também tratou das indenizações
pleiteadas pelos nacionais.
Conseqüências
da guerra. De todos os conflitos registrados na história, a segunda guerra
mundial foi o de maiores e mais profundas conseqüências. Calcula-se que de 35 a
60 milhões de pessoas foram mortas, entre elas um grande número de civis. Os
bombardeios maciços de cidades e instalações industriais causaram imensas
perdas materiais. A capacidade ofensiva das novas armas e táticas de guerra
(transportes e bombardeios aéreos, porta-aviões, unidades de pára-quedistas,
tanques com canhões potentes, bombas com autopropulsores -- como os foguetes
V-1 e V-2 que os alemães lançaram sobre Londres -- e bombas atômicas) explica
as grandes destruições e matanças produzidas sobretudo na União Soviética,
Alemanha, Japão, França e Reino Unido.
Durante o
conflito, a guerra psicológica também atingiu alto grau de eficiência. A
propaganda foi usada extensivamente, em todas as suas formas, tanto durante o
conflito quanto após o cessamento das hostilidades.
As conferências
de paz de Teerã, em 1943, de Yalta e de Potsdam, ambas em 1945, mudaram o mapa
do mundo. Nelas foram firmadas as bases de um novo período histórico, no qual a
velha Europa cedeu sua hegemonia às novas superpotências, que se consolidaram
durante a guerra e depois dela: os Estados Unidos e a União Soviética. Esses
países demonstraram ser os únicos com capacidade industrial e financeira para
acumular um arsenal de armas nucleares de segunda geração (bombas de
hidrogênio) e mísseis de alcance intercontinental para transportá-las.
No decurso da
guerra e no imediato pós-guerra, a União Soviética anexou os três países
bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), territórios romenos, poloneses,
finlandeses e japoneses. Ao mesmo tempo, estabeleceu um "cinturão de
segurança" em suas fronteiras quando instalou, à sombra de suas forças
armadas, regimes comunistas na Alemanha oriental, Polônia, Tchecoslováquia,
Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslávia e Albânia.
Os Estados
Unidos que, ao contrário dos países europeus e do Japão, não sofreram
bombardeios em seu território, puderam durante a guerra expandir em proporções
imensas seu já gigantesco parque industrial, para equipar seus exércitos e os
de seus aliados. Esse poderio econômico resultou em considerável ampliação da
sua influência política, sobretudo no hemisfério ocidental e no Japão.
Politicamente,
o mundo cindiu-se, no pós-guerra, em duas poderosas facções: a democracia
ocidental, em suas variadas formas, e o comunismo soviético, que só viria a
decair décadas depois, no fim do século XX, com a extinção da União Soviética e
a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI).
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