domingo, 19 de maio de 2013

México




Três componentes principais configuram a fisionomia do México, o mais populoso país de língua espanhola, uma terra de contrastes e de vigorosa personalidade: o estilo de vida e o poder econômico de seu vizinho do norte, os Estados Unidos; a a colonização hispânica, que lhe legou a língua e a religião; e o enraizamento de muitos elementos de sua cultura em antigas civilizações pré-colombianas, como a asteca e a maia.
Com uma área de 1.958.201km2, o México situa-se na parte meridional da América do Norte e na parte ocidental da América Central, que começa a leste do istmo de Tehuantepec. O território mexicano limita-se ao norte com os Estados Unidos -- numa longa linha de 3.326km, constituída por trechos retilíneos em sua metade ocidental e pelo curso do rio Grande do Norte (ou Bravo) na oriental, de Ciudad Juárez até a foz; ao sul e a oeste, com o oceano Pacífico; a leste com o México e o mar do Caribe; e a sudeste com Belize e Guatemala. A forma triangular afunila-se até o istmo de Tehuantepec, e o território se estende ainda, no extremo sudeste do país, na península de Yucatán, que separa o golfo do México do mar do Caribe. A noroeste do território mexicano, entra pelo oceano Pacífico a estreita e longa península da Baixa Califórnia, separada do continente por um braço de mar, o golfo da Califórnia.
Geografia física
Geologia e relevo. O território mexicano é predominantemente montanhoso. Duas grandes cordilheiras, a serra Madre Oriental e a serra Madre Ocidental, atravessam o país de norte a sul, paralelamente à costa do golfo do México e à do oceano Pacífico. Entre essas cadeias montanhosas se encontra uma região de planaltos que ocupa aproximadamente três quartos do território. Essa região fragmenta-se em diversas bacias e bolsões, cujas águas quase nunca dispõem de saída para o mar.
A porção meridional do planalto Mexicano, chamada também planalto de Anáhuac, é formada por vales e bacias de altitude média considerável: os vales do México, onde se situa a capital do país, e de Puebla se acham a mais de 2.200m, e o de Toluca a 2.600m. Mais para o norte e para o oeste, a altitude média das bacias diminui. O Bajío, a oeste, e o Salado de San Luis, na parte central do planalto, estão a cerca de 1.600m, e as bacias setentrionais raramente ultrapassam 1.000m de altitude.
A faixa vulcânica, ou cordilheira Neovulcânica, atravessa o México de leste a oeste, e fecha pelo sul o planalto Mexicano. Pertencem à cordilheira Neovulcânica as maiores altitudes do território mexicano, todas vulcânicas, formadas no fim do período terciário: o pico de Orizaba, ou Citlaltéptl, com 5.610m, o Popocatépetl, com 5.452m, que estava em atividade na época da conquista espanhola, e o Iztaccíhuatl, com 5.286m. Registra-se intensa atividade sísmica e vulcânica na região. Em 1943, numa área de campos de cultivo do estado de Michoacán, surgiu um novo vulcão, o Paricutin, cujo cone, após vários anos de atividade, alcançou  2.808m.
A vertente meridional da cordilheira Neovulcânica desce abruptamente até o sulco formado pelo vale do rio Balsas, que desemboca no Pacífico. Ao sul da depressão de Balsas, o terreno sobe de novo e forma a serra Madre do Sul e a serra Madre de Oaxaca.
Considerado pela maioria dos geógrafos como o limite entre a América do Norte e a Central, o istmo de Tehuantepec é uma zona de colinas de pouca elevação. A leste do istmo se erguem a serra Madre de Chiapas e a cordilheira do Soconusco, que entra na vizinha Guatemala, margeando a costa do Pacífico. O vulcão Tacaná, na fronteira entre os dois países, tem altitude de 4.095m.
A península de Yucatán é constituída por uma grande plataforma calcária plana situada quase ao nível do mar, entre o golfo do México e o mar do Caribe. Faz parte da planície litorânea que, a partir da foz do rio Grande do Norte (Bravo), margeia o golfo e configura uma costa monótona, baixa e pantanosa.
No noroeste do território mexicano está a grande e acidentada península da Baixa Califórnia, onde a serra de São Pedro Mártir atinge, no espinhaço da Encantada, 3.069m de altura. Entre a península e o continente alarga-se o golfo da Califórnia, em cuja margem oriental se encontra uma ampla planície, ocupada em sua maior parte pelo deserto de Sonora.
Entre a planície costeira, que se estreita progressivamente de norte a sul, e o planalto Mexicano, estende-se ao longo de 1.250km a cadeia montanhosa da serra Madre Ocidental, grande e de difícil acesso, que alcança em alguns lugares mais de três mil metros de altitude. A serra Madre Oriental, que separa o planalto das terras baixas do golfo do México, embora também muito alta, é mais acessível às vias de comunicação que a Ocidental.
Clima. O trópico de Câncer divide o território mexicano em duas partes de superfície semelhante. A maior parte do México situa-se na faixa desértica que, em todo o planeta, aparece em latitudes próximas a esse trópico. Apesar disso, as altas temperaturas atingidas pelas águas superficiais do Pacífico e do golfo do México fazem com que, ao longo do verão, massas de ar úmido invadam o país e provoquem chuvas nas terras baixas tropicais e nos planaltos temperados e frios do interior. Nas terras quentes, a estação chuvosa pode ser muito prolongada.
No inverno, frentes de ar frio e seco de origem polar entram pelo norte e pelo centro do território e provocam geadas nas terras interiores do norte, bem como tempo frio e seco na região central. A primavera costuma ser quente e seca, com ventos dominantes do sudoeste no planalto do Anáhuac, que elevam as temperaturas até as máximas anuais.
As diferenças sazonais de temperatura são notáveis no norte e no centro do país e muito pequenas no sul tropical. No inverno geadas castigam as terras áridas do noroeste, que no verão alcançam temperaturas muito elevadas. No planalto central, as temperaturas de inverno são mais suaves, da mesma forma que as de verão. Devido às diferenças de altitude, distinguem-se no México meridional as terras quentes, temperadas e frias, que em poucos quilômetros determinam mudanças bruscas na paisagem vegetal e nas espécies cultivadas.
Hidrografia. Apesar de sua considerável extensão territorial, o México não conta com grandes rios navegáveis. Três grandes conjuntos estruturam a circulação das águas superficiais: a bacia do Atlântico, a do Pacífico e os bolsões do planalto, que são bacias interiores desprovidas de drenagem organizada.
O rio mais importante da bacia atlântica é o Grande do Norte (Bravo), que constitui a fronteira com os Estados Unidos ao longo de 1.455km. De caudal irregular, foi submetido a grandes obras de correção através de convênios internacionais, que possibilitaram seu aproveitamento para a irrigação de vastas extensões de terras agrícolas. Recebe as águas do Conchos, que nasce na serra Madre Ocidental e permite a irrigação das terras áridas de Chihuahua, e também as do Salado e do San Juan. O sistema Tula-Montezuma-Pánuco recolhe, com seus afluentes, as águas que correm pela vertente setentrional do planalto, às quais se unem, graças a canais artificiais, as da bacia lacustre do vale do México. O rio Papaloapan, com cerca de 450km de extensão, recolhe as águas da parte sudeste do planalto. Sobre seu afluente -- o rio Tonto -- foi construída a represa Miguel Alemán, que permitiu ampliar os campos irrigados. Os rios Grijalva e o Usumacinta nascem na Guatemala e desembocam na baía de Campeche após percursos de 650km e 1.000km, respectivamente. A represa de Malpaso, construída em 1964 sobre o Grijalva, evitou as periódicas inundações da planície aluvial.
Os rios que desembocam no golfo da Califórnia pertencem à vertente do Pacífico. São o Colorado -- que tem no México os últimos 140km de seu percurso -- o Sonora, o Yaqui e o Fuerte, todos intensamente aproveitados para irrigar as secas terras do noroeste. O rio Lerma percorre a região do Bajío antes de desembocar no lago de Chapala, que por sua vez deságua no Pacífico por meio do rio Grande de Santiago. O Balsas, com 771km de extensão, e seu afluente, o Tlapaneco, recebem as águas ao sul da cordilheira Neovulcânica. A represa do Infiernillo regula o fluxo de suas águas e proporciona a produção de grande quantidade de energia elétrica.
Os rios Nazas, com 580km de extensão, e Aguanaval, com 500km, formam bacias interiores depois de irrigar os campos da região de La Laguna, perto de Torreón.
Flora e fauna. A altitude e a maior ou menor regularidade das chuvas determinam os variados tipos de vegetação presentes no México. Nas terras quentes da costa e no leste da península de Yucatán cresce uma vegetação tropical exuberante. Espécies de madeiras valiosas, como o mogno e o cedro vermelho, são encontradas na parte meridional de Yucatán e nas planícies de Tabasco e Chiapas, além do sapotizeiro, de cuja árvore se extrai a matéria-prima da goma de mascar. Nas zonas menos expostas aos ventos úmidos, a cobertura vegetal vai-se reduzindo até o norte do país e torna-se desértica nas planícies de Sonora, na Baixa Califórnia, e no interior dos grandes bolsões do planalto.
No norte da Baixa Califórnia, as escassas chuvas de inverno determinam uma vegetação baixa, o chaparral. Mais ao sul, o deserto adota diversas formas, desde a completa ausência de cobertura vegetal, até as associações de grandes cactos, plantas espinhosas e gramíneas, que crescem rapidamente nas raras descargas chuvosas. É freqüente a presença de arbustos resistentes à seca, como o mezquite, espécie de acácia americana que pode atingir grande porte.
No México encontram-se espécies animais correspondentes às distintas zonas biogeográficas do continente americano. No planalto e nas serras Madre Ocidental e Oriental vivem diversas espécies de predadores, como lobos, onças, coiotes, ursos e raposas. Mamíferos aquáticos, como a lontra, vivem nos rios e lagos do interior, enquanto no litoral há muitos patos, pelicanos e outras aves aquáticas. Na serra de Chiapas se encontra o quetzal, ave muito formosa, característica da região centro-americana. Os bosques tropicais têm fauna muito variada.
População
Tipos raciais e línguas. O México é um país muito heterogêneo no aspecto étnico. Calcula-se que um quarto da população tem características étnicas índias puras, e entre um e 15% de raça branca. A maior parte dos mexicanos é formada de mestiços dessas duas raças. Encontram-se também núcleos de habitantes de origem asiática e africana, embora em proporção muito menor.
O idioma oficial do México é o espanhol, que apresenta no país grande quantidade de falares próprios. Milhões de índios usam os idiomas de seus antepassados, ainda que a maioria conheça também o castelhano. Conservam sua língua própria comunidades uto-astecas do planalto Mexicano, os mixtecas do estado de Oaxaca, os zapotecas do istmo de Tehuantepec, os maias de Chiapas e Yucatán e outros grupos menores.
Estrutura demográfica. Calcula-se que a população do território mexicano no momento da conquista alcançava cerca de sete milhões de habitantes. Em poucos anos, as guerras, os maus-tratos e as epidemias trazidas pelos europeus reduziram esse número a menos da metade. Ao longo do século XVIII se registrou um notável crescimento da população da colônia, que, no momento da independência, havia recuperado o nível do começo do século XVI. Cem anos mais tarde, a população havia duplicado.
Desde o começo da década de 1930, a estabilidade política, o crescimento econômico e a melhoria das condições sanitárias impulsionaram um espetacular aumento demográfico. A natalidade continuou muito alta durante a segunda metade do século XX, assim como foi alto o crescimento vegetativo. Além disso, atingiram-se índices de expectativa de vida similares aos dos países mais desenvolvidos. Na década de 1970 aumentou a consciência de que a alta taxa de crescimento demográfico não poderia manter-se a longo prazo. Os programas de educação e planejamento familiar tiveram razoável aceitação, o que reduziu lentamente o crescimento da população, sobretudo nas grandes cidades. Apesar disso, a maior parte da população ainda é formada por crianças e jovens.
Distribuição e movimentos demográficos. Desde antes da conquista, a população mexicana concentrou-se fundamentalmente no planalto meridional, onde o clima e a fertilidade dos solos permitiam uma agricultura de elevada produtividade. Durante o domínio espanhol, a descoberta de riquezas minerais em Guanajuato, San Luis Potosí e outros pontos provocou um deslocamento da população para as terras mais secas situadas ao norte do planalto. Nas últimas décadas do século XIX, as estradas de ferro permitiram o aproveitamento das possibilidades pecuárias e agrícolas do distante norte e da pouco acessível região sul.
Após a revolução da década de 1910, as obras de irrigação no norte e noroeste atraíram agricultores para zonas antes desertas. Mesmo assim, manteve-se o desequilíbrio na distribuição populacional. O vale do México é muito urbanizado e o planalto do Anáhuac apresenta alta densidade demográfica, enquanto os  estados do noroeste do país, Yucatán e o sul apresentam densidades muito baixas.
No início da década de 1930, dois terços da população viviam no campo e o terço restante nas cidades. Em apenas meio século, inverteram-se essas proporções, mas mesmo assim a população rural aumentou em termos absolutos no período. O crescimento demográfico nas grandes cidades tem-se mostrado superior às possibilidades de geração de emprego e à oferta de serviços públicos e infra-estrutura. O impressionante crescimento da Cidade do México, capital política, econômica e cultural do país, transformou-a numa das áreas mais densamente povoadas do mundo. Guadalajara, a oeste, é também uma grande cidade, com rápido desenvolvimento industrial. Monterrey é a capital econômica do norte e grande centro de indústria pesada. Essas três cidades mexicanas concentravam nas últimas décadas do século XX mais de um quarto da população do país.
Tradicionalmente, os Estados Unidos recebem uma volumosa corrente migratória, tanto de caráter temporário quanto definitivo. A partir de 1964, como aumentassem muito as dificuldades para a entrada em território americano, a emigração tornou-se clandestina, impulsionada pela busca de emprego e de melhores condições de vida. Milhões de mexicanos vivem ilegalmente nos Estados Unidos.
Na faixa fronteiriça entre os dois países, diante das cidades americanas de San Diego, El Paso, Laredo e Brownsville se erguem, no lado mexicano, Tijuana, Ciudad Juárez, Novo Laredo e Matamoros, cujo rápido crescimento se deve ao turismo americano e ao intercâmbio de mão-de-obra. Uma parte considerável da população desses núcleos mexicanos comparece diariamente a seus locais de trabalho nos Estados Unidos. Além disso, foram assinados convênios internacionais para a criação de zonas francas no sul da fronteira, onde rapidamente se instalaram indústrias de capital estrangeiro que empregam mão-de-obra mexicana e gozam de vantagens fiscais para exportar sua produção para os Estados Unidos.
Os novos e modernos campos irrigados de Sonora e Sinaloa atraíram uma numerosa população para seus núcleos urbanos. As zonas petrolíferas das margens do golfo do México também registraram crescimento demográfico, e os centros industriais criados pelo governo fizeram surgir, em diversos pontos, cidades inteiramente planejadas. Apesar do desenvolvimento de novos núcleos demográficos, o México continua a ostentar o contraste de país de grandes desertos ao lado de enormes aglomerados humanos. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A estabilidade política, a variedade de recursos naturais e a afluência de capitais estrangeiros, sobretudo americanos, possibilitaram o crescimento da economia mexicana a partir da década de 1940. O vertiginoso crescimento da população nesse período foi amplamente superado pelo aumento da produção, o que tornou o sistema econômico mexicano um dos mais sólidos e diversificados da América Latina, com reflexos na elevação do nível médio de vida da população. A intervenção estatal no sistema produtivo é bastante acentuada. São estatizados setores inteiros, como o do petróleo (desde 1938) e o da energia elétrica (desde 1960).
Agricultura e pecuária. A aridez torna improdutiva grande parte do território mexicano; o restante tem relevo demasiadamente irregular para aproveitamento agrícola. As zonas que permitem o cultivo não ultrapassam 15% do território, embora algumas sejam extraordinariamente férteis e produzam várias safras por ano. No final do século XX, a agricultura absorvia um terço da mão-de-obra, mas seu produto bruto era muito inferior ao da indústria e dos serviços.
Há no México dois setores agrícolas bem diferenciados. O setor de agricultura tradicional de subsistência tem mudado pouco desde séculos: baseia-se no cultivo de pequenas lavouras para consumo próprio, de milho, feijão, abóbora e, nas terras quentes, de algumas frutas tropicais, como o abacate. A legislação agrária tem dificultado a introdução de uma agricultura moderna. A proibição dos latifúndios levou à proliferação de ejidos -- propriedades comunitárias -- e de pequenos sítios ou granjas familiares, incapazes dos investimentos necessários à exploração mecanizada da terra. Em algumas zonas, entretanto, a agricultura intensiva conseguiu excelentes resultados.
Os cultivos comerciais, cuja produção se destina ao mercado nacional e internacional, são praticados principalmente nas novas zonas irrigadas do norte (trigo, milho, arroz, hortaliças e algodão), nas planícies costeiras do golfo do México (cana-de-açúcar) e nas terras temperadas e quentes de Veracruz e no sul do país (café).
A pecuária bovina, de grande importância, aproveita os pastos extensivos e também os campos irrigados do norte e as pradarias dos planaltos no centro do país. Nas cercanias das grandes cidades se desenvolve a produção leiteira. Segue-se em importância econômica a criação de suínos e, em menor escala, de ovinos.
Pesca e recursos florestais. A costa mexicana é muito piscosa. A pesca marítima se desenvolveu na segunda metade do século XX, com destaque, pelo volume de capturas, para os portos da Baixa Califórnia. Quase todas as empresas pesqueiras são organizadas em cooperativas. As espécies mais abundantes são os tunídeos, a sardinha e a anchovinha, na costa californiana, enquanto no golfo da Califórnia, no litoral sul do Pacífico e em algumas zonas do golfo do México se pescam camarões, em grande parte destinados à exportação. O potencial pesqueiro, tanto na Baixa Califórnia como no golfo do México, é muito alto.
Grande parte da cobertura arbórea, sobretudo no México central, foi desmatada em excesso, com as seqüelas de erosão, perda de solos e deterioração dos microclimas locais. Mesmo assim, há extensos bosques de pinheiros e cedros, entre outras madeiras, nas partes altas das serras Madre, e bosques tropicais, com abundantes madeiras de lei, em Yucatán, Tehuantepec e no sudeste do país. As principais madeiras exploradas são o pinho e o cedro. O México importa pasta para papel, pois sua produção é insuficiente.
Energia e mineração. A riqueza mineral mexicana é proverbial desde a época da conquista. Apesar do esgotamento de muitas jazidas, ainda são extraídas grandes quantidades de ouro, prata, cobre, chumbo, zinco e manganês. A produção de enxofre, fluorito e barita é de grande importância econômica.
Já no início do século XX, o México tornou-se importante produtor de petróleo. Na década de 1970, novas descobertas e a exploração plena de jazidas já conhecidas tornaram o país um dos primeiros produtores mundiais de derivados de petróleo. A planície do golfo do México e a plataforma continental concentram a produção e as reservas, cuja exploração constitui a maior fonte de divisas do país.
Boa parte da energia elétrica deriva do aproveitamento dos rios Papaloapan, Balsas e Grijalva. O resto vem de centrais térmicas. Há também grandes reservas de carvão, localizadas sobretudo no estado de Coahuila. As maiores jazidas de urânio se encontram em Chihuahua.
Indústria. A produção industrial mexicana começou a sair da fase artesanal no fim do século XIX. O verdadeiro desenvolvimento do setor manufatureiro, no entanto, ocorreu na década de 1940, quando a segunda guerra mundial impôs uma política de substituição das importações de bens de consumo.
Às indústrias têxteis e alimentícias se seguiram, na segunda metade do século XX, grandes indústrias químicas, petroquímicas, siderúrgicas, mecânicas e outras dedicadas à fabricação de bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos. A excessiva concentração industrial na Cidade do México, em Monterrey e Guadalajara levou o governo a criar núcleos de desenvolvimento em outras áreas. Puebla, Querétaro, Toluca e Cuernavaca foram favorecidas pela política de descentralização industrial. Em diversas áreas da costa do golfo, perto das jazidas petrolíferas, foram instaladas refinarias, complexos petroquímicos e indústrias químicas estatais. Na foz do rio Balsas, um importante complexo siderúrgico, operado por empresas estatais e privadas, deu origem à cidade de Lázaro Cárdenas, no estado de Michoacán.
Finanças, comércio e turismo. O sistema financeiro mexicano é comandado pelo Banco do México, que regula a política monetária e de financiamento. Funcionam, além disso, numerosas instituições  de crédito especializadas. Em meio a uma crise financeira, foram estatizados os bancos privados, em 1982. A medida foi suavizada em meados da década, quando se autorizou a propriedade privada de um terço do capital.
O México é, tradicionalmente, exportador de minerais e produtos manufaturados. Nas últimas décadas do século XX, o desenvolvimento da indústria leve começou a modificar a composição das exportações, com crescimento da importância dos produtos industrializados e das importações, entre as quais se destacava, pelo volume, a maquinaria pesada. A partir da década de 1970, os maiores componentes das exportações passaram a ser petróleo, gás natural e seus derivados. O crônico déficit comercial do país foi revertido a partir de 1982, quando o México passou a registrar considerável superávit. Apesar disso, e das divisas provenientes do turismo, a balança de pagamentos ainda é fortemente pressionada pelo serviço da dívida externa, uma das maiores do mundo.
O principal fornecedor do México, e o maior mercado dos produtos mexicanos são os Estados Unidos, de onde provém a maior parte do capital estrangeiro investido no México, assim como da tecnologia empregada nas indústrias mexicanas. Há uma grande dependência econômica dos Estados Unidos, apesar das restrições impostas pelo governo aos investimentos estrangeiros em setores estratégicos e ao permanente esforço para manter o país livre de influência estrangeira.
Nas cidades da fronteira norte, sobretudo em Tijuana e na costa setentrional da Baixa Califórnia, é forte a afluência de turistas americanos, cujos gastos constituem importante fonte de divisas. Também tem importância o turismo cultural, dirigido de preferência à capital, a seus museus e arredores, e às principais cidades históricas, como Cuernavaca, Taxco, Puebla, Cholula e várias outras, assim como aos sítios arqueológicos do país. O turismo de luxo se concentra nas praias do Pacífico sul, como Acapulco, Ixtapa-Zihuatanejo e Porto Vallarta, e da península de Yucatán, como Cancún.
Transportes e comunicações. Na segunda metade do século XX foi construída e ampliada uma extensa rede rodoviária que interliga as grandes e médias cidades de todo o México. Na década de 1960 desenvolveu-se um sistema de rodovias federais de alta velocidade, que ligam a capital a Puebla, Querétaro, Cuernavaca e Toluca. A rodovia pan-americana atravessa o país ao longo de dois mil quilômetros, desde Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos, até Ciudad Cuauhtémoc, na fronteira com a Guatemala, passando pela capital.
A rede básica de ferrovias sofreu poucas mudanças desde a época em que foi construída, nas duas últimas décadas do século XIX. Fortemente centralizada na capital do país, consta de três linhas fundamentais que a ligam ao norte e outra que se dirige para o sul. A rede é explorada pela empresa estatal Ferrocarriles Nacionales de México.
Cerca de metade do comércio exterior é feita por via marítima. Os portos de Tampico, Veracruz e Coatzacoalcos, no golfo do México, Salina Cruz, Acapulco e Manzanillo, no Pacífico, Guaymas, no golfo da Califórnia, e Ensenada, na Baixa Califórnia, são os que registram maior tráfego de mercadorias. Também é importante o carregamento de petroleiros diretamente nas plataformas da baía de Campeche. Uma extensa rede de gasodutos e oleodutos une os centros produtores, processadores e consumidores.
O transporte aéreo é muito desenvolvido. Os primeiros serviços de passageiros e correio foram criados em 1921. Além da capital, as principais cidades e núcleos turísticos dispõem de aeroportos internacionais, e quase todas as cidades de alguma importância estão ligadas entre si por vôos regulares. Do México se pode voar diretamente para vários países da América e da Europa. As maiores cidades mexicanas são servidas por modernos sistemas de telecomunicações nacionais e internacionais. (Para dados econômicos, ver DATAPÉDIA.)
História
México pré-colombiano. As regiões central e meridional do atual território mexicano são densamente povoadas desde longa data, graças ao cultivo, iniciado vários milênios antes da era cristã, do milho, da abóbora e do feijão. Surgiram assim várias culturas, entre elas a olmeca, a maia e as que se sucederam no planalto.
À cultura olmeca pertenciam as primeiras sociedades complexas que, até o ano 1000 a.C., edificaram centros religiosos na planície costeira de Veracruz e Tabasco. O povo maia ergueu, na península de Yucatán e em terras da posterior Guatemala, numerosas cidades independentes, que ocasionalmente formaram confederações. Essa cultura se destacou sobretudo pelo extraordinário desenvolvimento artístico e científico, que atingiu a plenitude entre os séculos IV e X da era cristã.
O planalto central mexicano conheceu diversas civilizações, entre as quais se destacou, por seu caráter unificador, a de Teotihuacan, metrópole comercial, política e religiosa cuja influência cultural se estendeu além do planalto, até a América Central e o norte do México. Teotihuacan foi destruída antes do ano 700, provavelmente por povos toltecas, vindos do norte, que invadiram o planalto e estabeleceram a capital em Tula.
Os séculos VIII e IX foram um período de confusão, no qual as grandes civilizações clássicas centro- americanas tombaram, vítimas de invasores ou de seus próprios conflitos sociais internos. As culturas pós-clássicas tiveram um caráter muito mais bélico do que suas precedentes: edificaram grandes muralhas e fortificações defensivas e cultuaram sobretudo divindades da guerra que exigiam sacrifícios sangrentos.
Ao começar o século XII, os náuatles, povos vindos do norte, se impuseram aos toltecas e estenderam seu poder sobre o planalto, ao mesmo tempo em que assimilavam rapidamente a cultura dos vencidos. Uma tribo náuatle, a asteca, que se fixara desde 1325 em Tenochtitlan, no vale do México, começou uma forte expansão demográfica, econômica e militar.
Pouco antes de completar dois séculos de sua fundação, Tenochtitlan era o centro de uma vasta confederação de povos que se estendia por todo o México central, das margens do golfo até a costa do Pacífico, e cuja influência chegava até às regiões maias da América Central. De mexica, palavra náuatle que designa os astecas que fundaram Tenochtitlan, deriva México, o segundo nome dado à cidade e, mais tarde, à nação inteira de que seria a capital.
Conquista. A costa de Yucatán foi explorada em 1517 por Francisco Fernández de Córdoba e, no ano seguinte, por Juan de Grijalva. Animado pelas notícias, o governador de Cuba, Diego de Velázquez, enviou nova expedição, comandada por Hernán Cortés. A expedição de Cortés chegou a Yucatán e combateu os índios de Tabasco. Antes disso, em abril de 1519, desembarcou na costa do golfo do México e fundou a Villa Rica de Vera Cruz, posteriormente Veracruz. Após vencer os tlaxcaltecas, tradicionais inimigos dos astecas, Cortés os transformou em aliados e avançou até Tenochtitlan. O imperador asteca, Montezuma II, acreditou ver em Cortés e seus homens uma encarnação do antigo herói místico Quetzalcóatl, razão pela qual recebeu o espanhol em sua corte.
Enquanto isso, um poderoso contingente de espanhóis comandados por Pánfilo de Narváez havia desembarcado com o propósito de submeter Cortés, que derrotou seus perseguidores em Zempoala e incorporou os soldados rendidos a seu pequeno exército. Ao regressar à capital asteca, encontrou-a num estado de rebelião. O próprio Montezuma foi morto por seus súditos descontentes.
Na noite de 30 de junho de 1520, conhecida como "a noite triste", os espanhóis tentaram retirar-se de Tenochtitlan, mas foram descobertos e sofreram numerosas baixas. Mesmo assim, conseguiram recuperar-se fora da cidade e algum tempo mais tarde a superioridade técnica lhes permitiu derrotar em Otumba um inimigo muito maior em número. Cortés e seus homens cercaram então Tenochtitlan, que resistiu tenazmente durante vários meses. A cidade caiu em agosto de 1521, e o último imperador asteca, Cuauhtémoc, foi aprisionado. Os principais monumentos e edifícios religiosos foram arrasados e sobre as ruínas se edificou a cidade colonial.
Em poucos anos, os espanhóis se apoderaram não só das terras do que havia sido o império asteca, mas ultrapassaram seu limites pelo sul, onde somente os maias de Yucatán resistiram a sua dominação, e pelo norte, onde o descobrimento de imensas minas de prata em Guanajuato, Zacatecas e San Luis Potosí, em meados do século, acelerou a exploração. No fim do século XVI, o império espanhol estendia seus domínios até o Novo México.
Vice-reino. Era preciso dotar de uma estrutura jurídica o governo dos imensos territórios conquistados. O imperador Carlos V (I da Espanha) nomeou Cortés governador e capitão-geral da Nova Espanha, mas intrigas e rancores entre os conquistadores o levaram à renúncia. O território ficou então submetido às decisões de uma junta de cinco membros. Em 1527 foi nomeado o primeiro bispo do México, frei Juan de Zumárraga, e oito anos mais tarde Antonio de Mendoza tomou posse como primeiro vice-rei da Nova Espanha. As autoridades civis e eclesiásticas prosseguiram na tarefa de assimilação cultural empreendida desde o momento da conquista, o que significou a destruição sistemática da civilização e da religião indígenas e sua substituição pelas da Espanha. A importância da nova colônia foi tal que em 1536 começou a funcionar em sua capital o primeiro prelo do continente americano, e em 1547 a cidade foi elevada a arquidiocese. Quatro anos mais tarde já contava com uma universidade.
Numerosos vice-reis se sucederam, num período caracterizado por turbulência e freqüentes lutas internas entre os próprios conquistadores. As Leis das Índias, emanadas da metrópole, eram freqüentemente descumpridas e a população indígena havia sido reduzida a um estado de servidão semelhante ao feudalismo europeu de séculos passados. Os vice-reis, quando não aderiam à corrupção geral, colidiam com os interesses dos conquistadores e de seus descendentes, enriquecidos com o trabalho dos índios no campo e nas minas de metais preciosos. Logo começou o processo de mestiçagem racial e cultural.
Pouco a pouco instaurou-se uma rígida estrutura administrativa, à semelhança da metrópole espanhola. Foram criadas três audiências no vice-reinado: México, Guadalajara e Guatemala. Em 1572, instalou-se um tribunal da Inquisição. O comércio exterior foi regulamentado com rigor. Veracruz ficou com o monopólio do comércio com a Espanha e Acapulco com o das ilhas Filipinas.
Ao longo do século XVIII, a Nova Espanha conheceu uma época de esplendor. Nos primeiros anos do século veio à luz o primeiro periódico, a Gaceta de México. Em 1767 foram expulsos os jesuítas, fato que, como no resto da América espanhola, repercutiu negativamente na situação de extensas áreas indígenas. Surgiram em muitos povoamentos novos palácios e catedrais e, no fim do século, foram restaurados os caminhos abandonados desde os tempos do império asteca. O comércio interno ganhou impulso, desenvolveram-se as indústrias e foram liberadas as trocas comerciais com a Espanha.
Ao começar o século XIX, a Nova Espanha contava com mais de seis milhões de habitantes. Destes, cerca de um décimo, considerados "espanhóis" (tanto europeus como criollos, nascidos na América), tinham em suas mãos quase toda a riqueza do país.
Independência. Como no resto da América espanhola, os ventos revolucionários europeus e a independência dos Estados Unidos se fizeram sentir, nos últimos anos do século XVIII, sobre a ideologia da burguesia criolla mexicana. Algumas tímidas tentativas de conspiração pró-independência foram rapidamente sufocadas pelas autoridades do vice-reino. No entanto, a ocupação da Espanha pelas tropas napoleônicas, em 1808, criou um vazio de poder, que foi aproveitado pela burguesia da capital mexicana, apoiada num vice-rei de tendências liberais, José de Iturrigaray, para formar uma junta de governo. As classes mais conservadoras, muito poderosas, dissolveram a junta em setembro do mesmo ano, e o vice-rei foi preso e enviado para a Espanha. Em nome de Fernando VII exerceram o poder sucessivamente o marechal de campo Pedro de Garibay e o arcebispo Francisco Javier de Lizana y Beaumont, até que o novo vice-rei, Francisco Javier Venegas, tomou posse em setembro de 1810.
Nas intendências de Valladolid e Guanajuato organizou-se um grupo conspirador que preparava a revolução pró-independência e planejava ao mesmo tempo uma reforma social profunda. Em setembro de 1810, vários dos conjurados foram detidos, mas outros conseguiram escapar. Um destes últimos, o pároco da vila de Dolores, Miguel Hidalgo y Costilla, precipitou o movimento com o chamado "grito de Dolores". Hidalgo conseguiu reunir um exército de camponeses sem-terra e apoderou-se da rica cidade mineira de Guanajuato. As chacinas então ocorridas alijaram a simpatia dos setores liberais criollos, mas o exército de Hidalgo, que já somava oitenta mil homens, venceu as bem armadas tropas realistas. Mais tarde, o general espanhol Félix María Calleja, à frente de dez mil homens, derrotou e perseguiu Hidalgo, que estabeleceu um efêmero governo em Guadalajara, o qual decretou a abolição da escravatura e a devolução de terras aos indígenas. Em julho de 1811, Hidalgo e vários de seus colaboradores foram presos e executados.
A sublevação foi mantida viva durante vários anos por outro sacerdote, o mestiço José María Morelos, que se revelou excelente estrategista. Liderou a luta no sul do território, do qual chegou a dominar boa parte. Convocou em Chilpancingo um congresso que, em novembro de 1813, declarou a independência e promulgou uma constituição. Morelos, pressionado por tropas realistas, tentou retirar-se para o norte do país, mas em novembro de 1815 foi preso em Texmalaca. Sua execução, um mês depois, marcou o começo de um período de relativa estabilidade no vice-reino, no qual somente algumas guerrilhas isoladas perturbaram o domínio espanhol.
O triunfo do golpe de Rafael del Riego na Espanha, nos primeiros dias de 1820, teve como conseqüência paradoxal o ingresso nas fileiras pró-independência das classes altas mais conservadoras, que, com o novo regime espanhol, viam perigar seus privilégios. No sul do país, a guerrilha atuava sob o comando de um novo caudilho, Vicente Guerrero. Contra ela foi enviado um exército liderado por Agustín de Iturbide. Entretanto, os chefes chegaram a um acordo, o plano de Iguala, pelo qual se celebrou a declaração de independência sob um teórico domínio da coroa espanhola e sobre a base do respeito aos privilégios da Igreja Católica. Esse projeto de independência para um México conservador e absolutista reuniu em torno de si as principais forças políticas do país, e o vice-rei espanhol, Juan Ruiz de Apodaca, teve que renunciar. Pelos tratados de Córdoba, Iturbide estipulou com o novo vice-rei liberal, Juan O'Donojú, a retirada sem luta das tropas espanholas e a formação de um governo provisório. O México alcançou por fim a independência, em 28 de setembro de 1821.
A momentânea convergência de interesses entre os principais setores da sociedade mexicana -- oligarquia de latifundiários, burguesia liberal e campesinato sem terras -- durou pouco tempo. Num primeiro momento, pareceu triunfar o projeto absolutista da oligarquia. Após conseguir que grande parte da América Central se incorporasse voluntariamente ao novo estado independente, Iturbide deu um golpe de estado em 18 de maio de 1822, silenciou os elementos liberais do Congresso e se fez proclamar imperador com o nome de Agustín I. A reação de Guerrero, que se lançou de novo à guerrilha, e a sublevação do general Antonio López de Santa Anna em Jalapa, Veracruz, forçaram a abdicação do imperador em março do ano seguinte. Desterrado, Iturbide tentou recuperar o poder um ano mais tarde, mas foi capturado e executado. O Congresso, dominado pelos liberais, aprovou uma constituição republicana e federal. Em 4 de outubro de 1824, prestava juramento o primeiro presidente dos Estados Unidos Mexicanos, o general Guadalupe Victoria.
República: Santa Anna. Os primeiros tempos da nova república foram difíceis. Com a abdicação de Iturbide, os territórios da antiga audiência da Guatemala se separaram do México, com exceção de Chiapas. As lojas maçônicas lutavam entre si pelo poder e em poucos anos sucederam-se vários golpes de estado. Por outro lado, o país não conseguia reanimar a economia e se endividava com o Reino Unido. Em 1825 foi abolida a escravidão. As tensões internas provocaram a expulsão de residentes espanhóis em 1827. Dois anos mais tarde foi rechaçada a invasão de um corpo expedicionário espanhol, que tentou desembarcar em Tampico para reconquistar a antiga colônia. A situação social era instável, e os sucessivos governos não puseram fim à submissão semifeudal das massas campesinas.
Guerrero se ergueu em armas contra o governo, mas após alguns êxitos iniciais, foi derrotado e fuzilado em fevereiro de 1831. O general Santa Anna se revoltou pouco depois e, no ano seguinte, eleito presidente da república, fez reformar a constituição segundo um modelo centralista. Santa Anna dominou a cena política mexicana durante mais de duas décadas. Foi um período de anarquia militar, revoltas e problemas econômicos e sociais. Em 1836, o território do Texas, no qual se havia fixado grande número de colonos procedentes dos Estados Unidos, proclamou sua independência. Santa Anna correu à frente de seu exército para sufocar a rebelião, mas foi derrotado pelo general Samuel Houston em San Jacinto e obrigado a reconhecer a independência do território.
Nove anos mais tarde reiniciou-se a guerra, dessa vez com intervenção direta dos Estados Unidos. Um corpo expedicionário procedente de Nova Orleans ocupou a cidade de Veracruz, de onde avançou até tomar a capital mexicana. Em 2 de fevereiro de 1848, firmou-se o Tratado de Guadalupe Hidalgo, pelo qual o México teve que ceder aos Estados Unidos o Texas, a Alta Califórnia e o Novo México.
Novamente no poder, Santa Anna não foi capaz de controlar a situação de desordem em que se achava o país. Para equilibrar as finanças públicas, não encontrou melhor solução do que a venda de novos territórios aos Estados Unidos por dez milhões de dólares. Isto provocou uma forte reação nacionalista que obrigou o caudilho a abandonar definitivamente o país em 1855.
Benito Juárez e Maximiliano. Após a fuga de Santa Anna, tomou o poder um governo liberal presidido por Juan Álvarez e apoiado por amplos setores populares. Logo destacou-se entre os liberais Benito Juárez, um índio zapoteca que, como governador de Oaxaca, seu estado natal, se distinguira pela honestidade e eficiência. Juárez impôs uma legislação de caráter progressista, que irritou a igreja e os setores mais conservadores e fez recrudescer a oposição ao governo liberal. Este reagiu com a promulgação, em fevereiro de 1857, de uma constituição laica e progressista. Apesar disto, o presidente Ignacio Comonfort, incapaz de enfrentar a excomunhão decretada pelos bispos, renunciou e o partido clerical proclamou presidente o conservador Félix Zuloaga. Um grupo de representantes liberais se reuniu em Querétaro, reafirmou a constituição de 1857 e proclamou Juárez presidente. O país se viu de novo numa revolução civil, a guerra da reforma, que durou três anos.
Em 11 de janeiro de 1861, Juárez entrou triunfante na capital. Os bens da igreja foram desapropriados e as hierarquias eclesiásticas desterradas. Juárez decretou também a suspensão do pagamento da dívida externa durante dois anos, o que foi tomado como pretexto por algumas potências européias para promover uma intervenção militar. Em janeiro de 1862, chegou a Veracruz uma expedição conjunta de britânicos, franceses e espanhóis. O general Juan Prim, chefe das tropas espanholas, negociou com as autoridades mexicanas e logo retirou suas tropas. O contingente britânico também deixou o México, mas as tropas francesas enviadas por Napoleão III não aceitaram negociações e, após uma derrota inicial, foram reforçadas e se apoderaram da capital em 11 de junho de 1863.
Um plebiscito convenientemente convocado pelas tropas de ocupação e seus colaboradores, muito numerosos entre as classes altas, transformou o México em império e ofereceu a coroa ao candidato de Napoleão, o arquiduque austríaco Maximiliano de Habsburgo. Maximiliano I instalou sua corte na Cidade do México em junho de 1864, mas seu relativo liberalismo e respeito pela legislação progressista de Juárez provocaram o distanciamento da igreja e das classes conservadoras, embora nem por isso lograsse ampliar sua base entre os liberais e o povo. Juárez, enquanto isto, se fortaleceu no norte do país; só a presença do corpo expedicionário francês garantia o poder imperial. Quando Napoleão III, em 1867, decidiu retirar suas tropas, Maximiliano ficou a mercê do caudilho liberal. Após ser derrotado em Querétaro, o imperador foi feito prisioneiro e fuzilado nesta mesma cidade. Em 15 de julho de 1867, Benito Juárez fazia sua entrada triunfal na capital mexicana. Seu governo, interrompido por sua morte em julho de 1872, caracterizou-se por uma profunda reforma administrativa, da educação e da justiça; Juárez fincou os alicerces do México como uma nação moderna, laica e progressista.
O "porfiriato". Com a morte de Juárez, de novo começou a discórdia civil. Sebastián Lerdo de Tejada continuou a obra de seu antecessor, mas foi derrotado por uma revolta. O general Porfirio Díaz, que se destacara na luta contra Maximiliano, fez-se proclamar presidente da república em maio de 1877. Seu domínio sobre o México se prolongou durante mais de seis qüinqüênios, embora em 1880 e 1884 Manuel González tenha sido nomeado presidente da república.
Foram anos de progresso material, durante os quais teve início a industrialização do país e consolidou-se o mercado interno, graças à construção de estradas e ferrovias. Esses meios de transporte tornaram acessíveis as terras tropicais do sul, onde se estenderam os cultivos de café e sisal, e as grandes extensões semidesérticas do norte, onde se desenvolveram as fazendas de gado e os campos irrigados. Porfirio Díaz conseguiu dar consistência à imagem do México no exterior, cumpriu escrupulosamente as obrigações internacionais e começou a ser considerado um interlocutor válido pelas grandes potências do momento. No entanto, internamente o porfirismo se apoiou na corrupção generalizada. As grandes massas sem terras não viram melhorar sua situação, enquanto um incipiente proletariado urbano começava a agitar-se nas principais cidades. Sob uma aparente normalidade constitucional, o poder férreo de Díaz conseguiu manter o país livre das discórdias civis durante um longo período, pela primeira vez na história do México independente.
Revolução. As diferenças econômicas entre uma classe alta cada vez mais rica e um povo faminto e analfabeto tornaram-se cada vez maiores até que uma nova reeleição de Porfirio Díaz, tida como fraudulenta, fez alastrar-se pelo país uma forte onda de descontentamento. A revolução explodiu em novembro de 1910. Porfirio Díaz se viu obrigado a seguir para o exílio em maio de 1911, e morreu pouco depois em Paris. Assumiu a presidência da república seu principal oponente, Francisco Madero. Com o assassinato deste, em fevereiro de 1913, subiu ao poder Victoriano Huerta, que ignorou a constituição enquanto o país se afundava na guerra civil; os Estados Unidos, que apoiavam a oposição constitucional contra o golpista Huerta, apoderaram-se temporariamente de Veracruz. Vários caudilhos populares -- Emiliano Zapata, Venustiano Carranza, Álvaro Obregón, Francisco Villa -- pressionaram Huerta, que teve que abandonar o poder em 1914. Uma convenção realizada em Aguascalientes não conseguiu resolver a rivalidade entre os caudilhos revoltosos. Carranza tomou o poder e com o apoio de Obregón derrotou Villa e Zapata; em 1917, promoveu também a redação de uma constituição avançada, mas a situação política estava ainda muito distante da normalidade.
Consolidação política. Após o assassinato de Zapata e a derrota de Carranza pelo general Obregón, um acordo político entre os caudilhos revolucionários sobreviventes proporcionou ao país, por fim, a ansiada paz. Adolfo de la Huerta foi indicado presidente interino e pôs em marcha uma profunda reforma agrária. A Huerta seguiu-se o primeiro presidente plenamente constitucional, Obregón, que impulsionou a divisão de terras e a reorganização do sistema educativo.
Durante o governo do general Plutarco Elías Calles (1924-1928) ocorreu a primeira institucionalização do regime revolucionário. Em 1925, criou-se o Banco do México. Entre 1927 e 1930, entretanto, a aplicação de leis anticlericais levou a uma sangrenta rebelião camponesa, concentrada principalmente no oeste do país.
Embora os princípios revolucionários fossem contrários à reeleição, Obregón se reelegeu em janeiro de 1928, mas foi assassinado pouco antes de tomar posse, o que levou ao poder Emilio Portes Gil. Diante do perigo de um novo período de discórdias, Calles conseguiu reunir os diferentes grupos revolucionários e criou, em 1929, o Partido Nacional Revolucionário, chamado desde 1938 Partido da Revolução Mexicana e, desde 1946, Partido Revolucionário Institucional (PRI). Graças ao apoio desse partido, os líderes puderam suceder-se uns aos outros de forma pacífica e sem provocar grandes traumas na vida civil. Pascual Ortiz Rubio assumiu, em 1930, a presidência da república, e foi substituído três anos mais tarde, devido a suas disputas com Calles, por Abelardo Rodríguez. O general Calles, último sobrevivente das grandes figuras da revolução, exerceu forte influência sobre o processo político até 1935, ano em que foi afastado da vida pública pelo presidente Lázaro Cárdenas, a quem havia ajudado a eleger.
A revolução institucionalizada. Entre 1934 e 1940, o país foi governado por Lázaro Cárdenas, que acentuou o caráter reformista do governo com a nacionalização das ferrovias e da indústria petroleira. Fortaleceu o poder dos sindicatos de trabalhadores e ajudou o governo republicano da Espanha na guerra civil que assolou aquele país de 1936 a 1939. A melhoria nas relações entre a igreja e o estado favoreceu a paz social, e a proximidade dos Estados Unidos contribuiu para a estabilização política. O longo período revolucionário e reformista chegava ao fim. Em 1940, o México já era um país moderno e independente, socialmente progressista e com bases sólidas para empreender um firme desenvolvimento econômico.
O presidente Manuel Ávila Camacho (1940-1946) procurou mais a fixação do sistema do que sua renovação. Melhorou as relações com a igreja e  alinhou o México com as potências aliadas na segunda guerra mundial. A principal contribuição do México aos aliados foram as matérias-primas para a indústria bélica americana. As dificuldades de abastecimento externo obrigaram a acelerar o processo de substituição de importações por artigos de produção nacional, o que favoreceu o desenvolvimento da indústria leve.
Miguel Alemán (1946-1952) concentrou seus esforços no estímulo a novas fontes de riqueza. Durante seu governo praticamente ficou paralisada a reforma agrária, embora tenha prosseguido com vigor a industrialização do país. Sucederam-lhe Adolfo Ruiz Cortines (1952-1958) e Adolfo López Mateos (1958-1964). O primeiro buscou uma estabilização das finanças públicas, desequilibradas no regime anterior, e outorgou o voto feminino (1955); o segundo promoveu maior crescimento e nacionalizou a indústria elétrica.
Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970) conseguiu em seu  governo um rápido crescimento econômico num quadro de inflação reduzida. Mas a partir de julho de 1968 teve de enfrentar um movimento estudantil de protesto de força crescente, que culminou em 2 de outubro -- pouco antes do início dos Jogos Olímpicos no país -- com uma matança de estudantes na praça das Três Culturas, em Tlatelolco. Luís Echeverría (1970-1976) tentou converter o México em vanguarda política dos países do Terceiro Mundo e adotou uma retórica cada vez mais radical. Aumentou desmesuradamente os gastos públicos, o que se traduziu numa crescente inflação e num forte aumento da dívida externa. Isso provocou uma drástica desvalorização do peso, em agosto de 1976, após 22 anos de estabilidade cambial.
José López Portillo (1976-1982) manteve uma política de austeridade durante os primeiros anos de governo, com o que reduziu o déficit e a inflação. Aproveitou os altos preços internacionais do petróleo para promover fortemente a indústria petrolífera e aumentar mais uma vez a despesa pública. Além disso, quadruplicou a dívida externa do país. Diante da escalada inflacionária, o peso se desvalorizou novamente em 1982, em meio a uma aguda fuga de capitais. O governo se viu obrigado a renegociar os pagamentos da dívida externa e estatizou os bancos, sem com isso conseguir pôr fim à crise.
Miguel de la Madrid Hurtado (1982-1988) reduziu o gasto público numa tentativa de diminuir a inflação, mas o elevado serviço da dívida externa, as conseqüências de um devastador terremoto em 1985 e a abrupta queda do preço do petróleo dificultaram o êxito de sua tentativa. Ainda que o crescimento econômico tenha praticamente cessado, as finanças nacionais foram consideravelmente saneadas.
Carlos Salinas de Gortari assumiu a presidência em 1988, depois das eleições mais disputadas na história do país, e iniciou um programa destinado a reativar o crescimento sem provocar um ressurgimento da inflação. Deu início a um programa de desestatização e privatizou três siderúrgicas deficitárias. Em 1991, foi aprovada a emenda que derrubou a lei que bania o ensino religioso e proibia os sacerdotes de votar. Em setembro de 1992, Salinas reatou com o Vaticano e pôs fim a um afastamento de 125 anos. A 1º de janeiro de 1994, dia em que entrou em vigor o acordo do NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte), grupamento econômico que reunia México, Estados Unidos e Canadá, um grupo guerrilheiro do estado de Chiapas iniciou um movimento armado reprimido com vigor pelo governo. Em 23 de março de 1994, o candidato à sucessão presidencial pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), Luis Donaldo Colosio Murrieta, foi assassinado em Tijuana, após um comício. Nas eleições de 21 de agosto, venceu seu correligionário Ernesto Zedilla, que tomou posse em 1º de dezembro. Logo depois, porém, uma forte desvalorização do peso precipitou uma fuga dos capitais estrangeiros que vinham sustentando a recuperação econômica do país.
Instituições políticas
A constituição de 1917 define o México como uma república federativa, democrática e representativa. O poder executivo compete ao presidente da república, eleito por sufrágio universal para um mandato não renovável de seis anos. O presidente goza de amplos poderes na política interna e externa, reforçados na prática pelo peculiar funcionamento do sistema político mexicano, baseado no predomínio do  PRI sobre o aparelho do estado e a sociedade.
O poder legislativo cabe ao Congresso, formado pelo Senado e pela Câmara de Deputados. Os senadores são eleitos, dois por cada estado e pelo distrito federal, para períodos de seis anos. Os deputados, em número de 500, são eleitos para mandatos de três anos, 300 por votação direta e 200 pela proporção de votos obtida por cada partido em nível nacional. Nem senadores nem deputados podem ser reeleitos para mandatos consecutivos.
No topo do poder judiciário está a Suprema Corte de Justiça, cujos membros são designados pelo executivo e devem ser ratificados pelo Senado. A reforma da constituição requer o voto favorável de dois terços do Congresso e a aprovação da maioria dos representantes dos estados.
O México se compõe de 31 estados e um distrito federal, no qual se encontra a capital da nação.
Sociedade
Educação e saúde. É objetivo declarado do governo federal erradicar o analfabetismo e assegurar pelo menos a educação primária a todos os mexicanos. A escola é obrigatória entre seis e 14 anos de idade. As escolas públicas, de rendimento deficiente, são financiadas pelo governo federal. Quase três quartos de toda a rede pública primária localiza-se na zona rural, onde praticamente não existem escolas secundárias.
Das quase cinqüenta universidades mexicanas, dez estão na Cidade do México. A Universidade Nacional Autônoma do México, o Instituto Politécnico Nacional e o Instituto Tecnológico de Monterrey acham-se entre as instituições educacionais mexicanas de renome internacional.
O nível de atendimento sanitário no México ainda é deficiente, embora tenha alcançado alguns avanços, a partir de meados do século XX. Houve uma diminuição geral das doenças infecciosas e parasitárias, mas o país ainda não alcançou o nível dos países mais adiantados, sobretudo devido às deficiências alimentares dos setores mais pobres. A mortalidade infantil, que era de pouco mais de dez por cento em 1960, nas décadas seguintes reduziu-se à metade. A partir de 1943 foi implantado um sistema de seguridade social que proporciona assistência médica, aposentadoria e outros benefícios a um número cada vez maior, com predominância dos trabalhadores urbanos assalariados.
Religião. A constituição mexicana protege a liberdade de culto. O estado mantém algumas limitações legais à liberdade de atuação dos sacerdotes e ministros religiosos, que na prática nem sempre são estritamente obedecidas. Apesar do caráter laico do estado e da sociedade em geral, persiste no México uma grande religiosidade popular, expressa em festas e costumes profundamente enraizados e em devoções populares, como o culto à Virgem de Guadalupe. A imensa maioria da população mexicana declara-se católica. Há grandes contingentes de protestantes e, em número inferior, judeus e adeptos de outras religiões. Persistem entre os indígenas crenças religiosas pré-colombianas, em sincretismo com as cristãs. (Para dados sobre sociedade, ver DATAPÉDIA.)
Cultura
Literatura. O esplendor do Século de Ouro das letras hispânicas alcançou também o vice-reino da Nova Espanha. Nascido no México, o dramaturgo Pedro Ruiz de Alarcón realizou sua obra na metrópole. Mas a figura mais destacada entre todas as que brilharam no vice-reino no campo das letras foi sóror Juana Ines de la Cruz. O teatro, a prosa e sobretudo a obra poética dessa mulher inteligente, culta e intuitiva elevam sua figura a uma altura não atingida por ninguém na Nova Espanha de sua época. Contemporâneo de sóror Juana, Carlos de Sigüenza y Góngora ao talento literário adicionou um importante trabalho científico.
Nos últimos tempos da colônia surgiu uma imprensa dinâmica apoiada em publicações como o Diário de México e El Pensador Mexicano. José Antonio Alzate e o médico José Ignacio Bartolache são figuras literárias destacadas dessa época. José Joaquín Fernández de Lizardi escreveu El periquillo sarniento (1816; O periquito sarnento), considerada a primeira novela de temática e ambiente mexicano.
A figura do poeta Manuel Gutiérrez Nájera dominou o panorama literário do século XIX. Mas foi a partir do início do século XX que o México começou a oferecer uma contribuição de primeira ordem à cultura literária em língua espanhola. O grande esforço educativo realizado e a extensão da cultura a setores populares cada vez mais amplos refletiram-se na criação de um mercado literário florescente, baseado numa variada produção editorial. Pensadores como José Vasconcelos, Alfonso Reyes, Antonio Caso e Octavio Paz, este ganhador do Prêmio Nobel de literatura em 1990, influenciaram sucessivas gerações de mexicanos. As obras do romancista Mariano Azuela retratam a sociedade do porfiriato e da revolução.
No campo da poesia destacaram-se Amado Nervo, José Gorostiza, Carlos Pellicer, José Emilio Pacheco e muitos outros. O romance alcançou a maturidade na segunda metade do século XX, graças sobretudo a Carlos Fuentes e Juan Rulfo, cujo Pedro Páramo (1955) é considerado uma das obras-primas da narrativa em castelhano. Muitos outros escritores contribuíram para renovar a narrativa mexicana, entre eles Juan José Arreola, Sergio Galindo, Vicente Lenero, Rosario Castellanos, Juan García Ponce e Fernando del Paso. Vicente Lenero e Emilio Carballido se destacaram entre os autores dramáticos.
Artes plásticas. O patrimônio artístico mexicano conta com a enorme riqueza herdada das antigas civilizações indígenas. Apesar da destruição sistemática dos monumentos e símbolos pré-colombianos efetuada nos tempos da colônia, os sítios arqueológicos pesquisados e por pesquisar são numerosíssimos e de grande interesse.
A atividade arquitetônica, sobretudo de edifícios religiosos, foi intensa a partir da conquista. A arte colonial é fruto não só do traslado das formas plásticas européias para outro continente, mas também de sua adaptação à mentalidade e às tradições profundas de suas terras de adoção. Franciscanos, dominicanos, agostinianos e jesuítas criaram estilos construtivos característicos. No século XVII foram erguidas na Nova Espanha trinta catedrais e quinze mil igrejas, que contribuíram para configurar a personalidade das cidades e aldeias mexicanas.
O barroco mexicano do século XVIII, muito bem caracterizado, levou ao extremo a decoração deslumbrante de fachadas e interiores. Escultura, pintura e ourivesaria foram postas a serviço dessa arte que tanto arraigou-se em terras mexicanas.
O século XIX foi uma etapa pouco brilhante da arte mexicana, que de forma geral se limitou a imitar academicamente os movimentos e estilos europeus. Foi no período pós-revolucionário que surgiram os grandes mestres da pintura de cavalete e muralistas que fizeram da arte mexicana uma das mais originais do mundo: David Alfaro Siqueiros, José Clemente Orozco e Diego Rivera dedicaram grande parte de seu talento ao desenvolvimento da pintura mural, na qual expressaram suas convicções políticas. Rufino Tamayo e Pedro Coronel se dedicaram à pintura de cavalete, com um enfoque mais internacional, logo acentuado por artistas como José Luis Cuevas.
Entre os arquitetos do século XX salientam-se José Villagrán, Mario Pani e Carlos Lazo, este último coordenador da construção da Cidade Universitária do México. Mais austero e pessoal em suas obras foi Luis Barragán, que marcou a arquitetura mexicana a partir da década de 1960.
Cinema. Em 1896 Salvador Toscano Barragán promoveu a projeção pública de filmes dos irmãos Lumière. Antes de finalizar o século, filmou Don Juan Tenorio e nos primeiros anos do século XX realizou um documentário jornalístico de primeira categoria, sobre a revolução. A partir da década de 1920, o cinema mexicano produziu filmes de ficção e documentários de intensa expressividade. O cinema sonoro se desenvolveu com autores como Fernando de Fuentes e Alexandro Galindo.
Na década de 1940, o cinema mexicano conheceu sua melhor época. Grandes atores, como Pedro Armendáriz, Mario Moreno Cantinflas, Jorge Negrete, Dolores del Rio e Maria Félix se tornaram famosos em todo o mundo hispânico, dos dois lados do Atlântico. Destacou-se especialmente o trabalho do ator e realizador Emilio Indio Fernández, e o do fotógrafo Gabriel Figueroa.
Na década de 1960, o panorama cinematográfico pareceu animar-se com a entrada de novos diretores, como Luis Alcoriza e Jomi García Ascot. No entanto, o cinema mexicano havia perdido os mercados de língua espanhola. A indústria cinematográfica viveu uma forte crise na década de 1970, o que não impediu a atuação de importantes cineastas como Felipe Cazals, José Estrada, Alberto Isaac, Jaime Humberto Hermosillo e Arturo Ripstein. Na década de 1980 a produção de obras comerciais de pouco valor artístico convivia com a de filmes de excelente qualidade, muitos subvencionados pelo governo. A indústria cinematográfica mexicana também se beneficiou com a
filmagem, em território mexicano, de muitos filmes estrangeiros.
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