domingo, 19 de maio de 2013

Itália





Da mesma forma que o subsolo das antigas cidades da Itália esconde incontáveis tesouros arqueológicos, o povo italiano, em sua forma de pensar e viver, em suas tradições e sua cultura, está profundamente impregnado de milênios de civilização. O peso da história não impede, entretanto, que a Itália seja uma das nações mais dinâmicas da Europa.
A Itália situa-se entre os mares Adriático, Tirreno e Jônico. O país limita-se ao norte com a Áustria; a leste, com a Eslovênia e o mar Adriático; ao sul, com os mares Jônico e Mediterrâneo; e a oeste com os mares Tirreno, Mediterrâneo e da Ligúria; a noroeste com a França e a Suíça.
O território italiano, com 301.303km2, compreende a península itálica e as ilhas da Sicília, Sardenha e outras menores. San Marino, com 62km2, e a cidade do Vaticano, com 44ha, não são considerados na área total. A capital do país é Roma, principal cidade da península, situada na Itália média, entre o sul, pobre e com excedentes de mão-de-obra, e o norte, rico e industrializado.
Geografia física
Geologia e relevo. A península itálica formou-se no fim da era cenozóica, mediante o dobramento dos Apeninos, com intensa atividade vulcânica, da Toscana à Campania, e soerguimento dos planaltos calcários na Apulia. A planície do Pó se formou mais tarde, com a deposição de aluviões entre os Alpes e os Apeninos.
Duas grandes cadeias de montanhas cortam o país: os Alpes, que se elevam como fronteira natural com a França, Suíça, Áustria e Eslovênia; e os Apeninos, que se prolongam até a Sicília. No passo de Cadibona, próximo à costa do golfo de Gênova, encontram-se as duas cadeias. A cordilheira alpina é como um grande arco, que se estende da costa lígure à adriática. Divide-se em Alpes Ocidentais, Centrais e Orientais. Os Alpes Ocidentais vão do passo de Cadibona ao vale de Aosta e descem bruscamente sobre a planície do Piemonte. Nele se encontram as maiores montanhas puramente italianas, como o Gran Paradiso (4.061m) e o monte Viso (3.841m). Os Alpes Centrais vão do vale de Aosta até o passo de Brennero, na fronteira com a Suíça, onde se situa o monte Branco, o mais alto da Europa ocidental, e ainda o Rosa e o Matterhorn. Nos cumes nevados de Adamello (3.556m), Cevedale (3.769m), e Palla Bianca (3.736m) há extensos vales glaciários, que drenam para o rio Pó. Nos Alpes Orientais, entre o passo de Brennero e a costa adriática, destacam-se os Alpes Dolomíticos, de escarpas agrestes. Os cumes alcançam pouco mais de 3.000m.
Os Apeninos se ligam aos Alpes pelo oeste e formam como que a ossatura da península itálica. A cadeia se estende da Ligúria à Sicília. As montanhas não têm grandes altitudes, mas nos Abruzzi a erosão criou picos como o Gran Sasso d'Italia (2.914m). No extremo sul encontram-se as cadeias La Sila (granítica e mais antiga que os Apeninos) e Aspromonte, que atingem quase dois mil metros. Na Sardenha, o maciço de Gennargenta atinge 1.834m, e os montes Limbara 1.362m. Entre os vulcões italianos destacam-se o Vesúvio, perto de Nápoles, a 1.132m, que em 79 da era cristã soterrou Pompéia e Herculano, e o Etna, na Sicília, a 3.200m.
Apesar de estreita, a península tem terras planas. A mais extensa é a planície do Pó, com 500km de extensão de oeste a leste, e largura entre 75 e 180km, de norte a sul. Entre os Alpes e os Apeninos setentrionais fica a planície padano-veneziana. Seguem-se o Tavoliere (tabuleiro), na Apulia, a Pontine e a Campania Romana, no Lácio, a Maremma e a do baixo vale do Arno, na Toscana, e as de Catânia, na Sicília, e Campidano, na Sardenha.
Clima. A Itália apresenta duas grandes zonas climáticas: a continental, que compreende as montanhas e vales alpinos e a grande planície do Pó; e a mediterrânea, formada pela península e pelas ilhas. Dada a grande extensão norte-sul, as variações climáticas são comuns: o clima é subtropical mediterrâneo no sul; na planície padano-veneziana, é temperado marítimo, como o da Europa ocidental.
O clima dos Alpes é típico das altas regiões montanhosas. Varia muito de acordo com a altitude, desde as temperaturas moderadas dos vales profundos e bem protegidos até os níveis térmicos extremamente baixos dos picos, cobertos por neves eternas. Na região alpina, as chuvas são abundantes e bem distribuídas ao longo do ano. Observa-se o efeito regulador das massas de água dos lagos alpinos em suas margens, onde crescem oliveiras, ciprestes e até limoeiros.
O verão na Itália é quente. As temperaturas no norte e no sul quase se igualam, a não ser pelas chuvas e umidade do ar. No sul, os dias são quentes e luminosos, mas extremamente secos. A estiagem pode prolongar-se por cinco meses e até mais; quando isso ocorre, as chuvas caem em violentos aguaceiros.
Na planície do Pó, o inverno é frio, com períodos de densa neblina. O verão é cálido e permite cultivar  cereais, como o arroz. As chuvas, abundantes durante a primavera e o outono, não diminuem no verão. Por ser ilha, a Sicília tem clima suave no inverno; já a Sardenha sofre periodicamente a influência do forte vento mistral, que vem do noroeste. O siroco, sufocante vento sudoeste procedente do Saara, afeta a península e as ilhas no verão.
Hidrografia. Os rios italianos são relativamente curtos. O maior deles, o Pó, tem apenas 643km. Nasce no monte Viso e desemboca no Adriático, onde forma um delta de cinco braços. O Adige, o segundo em extensão, com 408km, o Brenta e o Piave nascem na cadeia alpina e desembocam no Adriático; o volume atinge o máximo na primavera, quando se derretem as neves das montanhas. Dos Apeninos, correm para o Adriático, o Reno (220km), o Savio e o Rubicão. Outros rios caudalosos são o Arno (241km), em cujas margens está Florença, e o Tibre (405km), que banha Roma. Na Sicília destacam-se o Simeto e o Salso, e na Sardenha o Tirso.
Os lagos pré-alpinos da Lombardia, na região norte -- Garda (370km2), Maggiore (212km2), Como (145km2), Lugano, Iseo --, são de grande interesse turístico pela beleza da paisagem. Na península, há lagos que ocupam crateras de vulcões extintos (Trasimeno, Bolsena, Vico e Bracciano).
Flora e fauna. Os milhares de anos de civilização alteraram profundamente a fisionomia original da vegetação. No entanto, algumas áreas da Toscana e da Campania, extremamente urbanizadas, são tidas como modelos de harmonia entre o homem e a natureza. Os carvalhos, faias, azinheiras e pinheiros foram substituídos, em muitos lugares, por culturas típicas mediterrâneas, como vinhedos, olivais e cereais. Nos planaltos e colinas da Itália central e meridional encontra-se a garrigue ou estepe arbustiva mediterrânea, enquanto na Sardenha o revestimento florístico, mais denso, constitui o maquis. Na Sardenha, Sicília e no sudeste da península abundam as paisagens desnudas e degradadas.
Nas zonas montanhosas ficam os parques nacionais, que conservam parte da fauna natural: veados, linces, cabritos monteses, gazelas, arminhos e ursos pardos, na região alpina; em outras áreas, javalis, lobos e coiotes. São numerosos os roedores -- lebres, coelhos selvagens, esquilos, marmotas e porcos-espinhos. Há também carnívoros - gatos-do-mato, fuinhas e doninhas. No verão, as principais aves migratórias são o gavião e a andorinha; no outono, o estorninho, a cotovia e a gaivota. Em maiores altitudes encontram-se falcões, águias e outras aves de rapina. Reservas biológicas, no Gran Paradiso, nos Abruzzos, e em Stelvio e Circeo, protegem as espécies ameaçadas de extinção.
População
É grande a variedade de tipos humanos na Itália. Nas regiões montanhosas prevalece o tipo alpino, de estatura média ou alta, claro, cabelos castanhos ou alourados, olhos azuis-cinzentos ou verdes; no sul predomina o tipo mediterrâneo -- mais baixo, moreno, cabelos e olhos escuros.
A língua da imensa maioria da população é o italiano, que deriva fundamentalmente do dialeto culto toscano, embora tenha perdido, no resto do país, o sotaque típico daquela região. Os dialetos do norte revelam influência do francês e do alemão; o sardo, dialeto da Sardenha, é um idioma diferenciado  e afim ao catalão. As principais minorias étnico-lingüísticas são os franco-provençais do vale de Aosta, que falam francês, e os tiroleses do Alto-Adige, que tem como idioma o alemão. Os gregos e albaneses da Calábria e da Sicília são núcleos reduzidos, cuja importância só tende a diminuir.
A densidade demográfica da Itália é bastante inferior à de outros países europeus, como Reino Unido e Países Baixos. A taxa de natalidade está em queda constante desde o século XIX; a taxa de mortalidade também diminui e é uma das mais baixas do mundo. O final do século XIX foi marcado por intensa emigração, que se estendeu até o começo da primeira guerra mundial -- principalmente para Estados Unidos, Argentina, Brasil, Austrália e Canadá. Dificuldades econômicas e a ascensão do fascismo reduziram esse fluxo, que recomeçou após a segunda guerra mundial, sobretudo para os países do norte da Europa.   Internamente, permanece a migração de trabalhadores do atrasado Mezzogiorno (sul) para o norte industrializado, das ilhas para o continente, e de leste para oeste (do Vêneto para a Lombardia, e da Úmbria para a Toscana e Roma). (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A economia italiana passou por transformações marcantes no século XX. Até 1931, mais da metade da população ativa do país ocupava-se de atividades primárias; na década de 1960, o número de trabalhadores na indústria superava em muito o de agricultores.
Após enfrentar as dificuldades da década de 1970, com a crise do petróleo, instabilidade política e outros fatores, a economia italiana entrou num ritmo estável e moderado de expansão, com a inflação sob controle e os primeiros resultados do esforço nacional de saneamento da economia e das estruturas sociais, conhecido como il risanamento. Na área política, um saudável espírito prático tomou conta dos partidos, que passaram a discutir problemas concretos, como eliminar a poluição ambiental, reduzir a despesa pública e acabar com o déficit do orçamento nacional.
Depois de internacionalizar a economia e realizar parcerias com os concorrentes estrangeiros, o país enfrentou com tranqüilidade acordos internacionais,  compra de tecnologia e outras práticas condenadas no passado. A antiga habilidade artesanal que ganhou fama em certos setores -- calçados, tecidos, malharia, máquinas, mobiliário  se aliou à tecnologia de ponta e tornou possível fabricar produtos de alta qualidade e design sofisticado, a preços competitivos.
A estatização é uma forte característica da economia italiana. O Ministério das Participações Estatais, criado em 1956, controla diretamente as empresas públicas e sociedades de capital majoritariamente estatal, por meio de órgãos como o Instituto para Reconstrução Industrial (IRI), a Companhia Nacional de Derivados de Petróleo (ENI) e a Companhia Nacional de Energia Elétrica (ENE), que dão suporte financeiro à indústria pesada e controlam ramos vitais da economia, como siderurgia, bancos, construção naval, petróleo e gás natural, equipamento eletrônico, transportes, eletricidade, telefonia, telecomunicações, produtos químicos e cimento.
Agricultura e pecuária. A Itália é o terceiro país da Europa em área agrícola, mas só obtém rendimento elevado em áreas de solos férteis, climas brandos ou terrenos irrigados. O país é auto-suficiente em trigo, o cereal mais cultivado no país. Embora a maior área de trigais esteja na Sicília, os principais produtores são Emilia-Romagna, Lombardia, Vêneto, Marche e Piemonte. O milho é cultivado no verão na planície padano-veneziana. A Itália é o maior produtor europeu de arroz, cultivado no Piemonte e oeste da Lombardia. No Mezzogiorno cultivam-se olivais e cítricos. Há vinhedos em todas as grandes regiões da Itália. As principais áreas vinícolas são Monti del Chianti, na Toscana; Asti, no Piemonte; Orvieto, na Úmbria; e Marsala, no oeste da Sicília. A produção de carne e leite é insuficiente para o mercado interno, o que obriga o país a importar. A maior concentração de gado está na planície setentrional. Lombardia e Emilia-Romagna respondem pela maior produção de queijos e criam o maior rebanho suíno do país.
Pesca e recursos florestais. A maior parte do movimento dos barcos pesqueiros se faz a partir dos portos do Adriático. Enguias e outras espécies muito apreciadas são capturadas nas zonas pantanosas, como o delta do Pó e a laguna de Veneza. A principal atividade pesqueira (atuns, sardinhas, enxovas, cavalas e outros peixes pequenos) se desenvolve nos mares circunvizinhos à península, em pequenas embarcações. A pesca em grande escala é feita nas costas da Mauritânia (norte da África) e da Terra Nova (Canadá).
As reservas florestais ocupam vinte por cento da superfície do país. As principais regiões de extrativismo florestal são a Ligúria, a Toscana e o Trentino-Alto Adige.
Energia e mineração. A industrialização da Itália acarretou carência de combustíveis. As grandes usinas hidrelétricas, que aproveitaram o potencial dos Alpes, foram o primeiro passo para resolver o problema energético do país. Dois terços de toda a energia da Itália são gerados no norte. Parte da energia hidráulica vem de represas instaladas nos Abruzzos, Sardenha e Sicília. Centrais termelétricas complementam a produção. Uma usina aproveita o gás vulcânico de Larderello, no sul da Toscana. Há usinas termonucleares em Latina, Garigliano e Trino Vercellese. As reservas e a exploração do metano tendem a diminuir no vale do Pó e aumentar na Basilicata e na Sicília. O petróleo é extraído no sul da Sicília e na Basilicata.
O subsolo italiano é pobre em minerais metálicos e carvão. O minério de ferro é de boa qualidade; as principais jazidas ficam na ilha de Elba e no vale de Aosta. A mineração de chumbo e zinco se processa sobretudo em La Argentiera, no noroeste da Sardenha, com excedentes exportáveis. O mercúrio é explorado na região de Monte Amiata, na Toscana. O enxofre vem da Sicília, a bauxita da Apúlia e o sal da Toscana. Extraem-se também manganês, arsênico e antimônio.
Indústria. A indústria italiana está distribuída desigualmente por suas várias regiões. Dentre as modernas regiões italianas, o noroeste -- que compreende o Piemonte, a Lombardia, a Ligúria e o vale de Aosta -- comanda a economia do país. A área industrial mais importante é o triângulo Milão-Turim-Gênova. Lá se encontram boa parte dos solos férteis do país e metade das indústrias em funcionamento. A energia elétrica é abundante e barata, já que os vales alpinos próximos foram bem aproveitados para a construção de usinas hidrelétricas. O intercâmbio com o exterior faz-se através dos túneis dos Alpes e do  porto de Gênova. A oferta de alimentos é garantida por uma agricultura intensiva e altamente irrigada. Milão, segunda cidade da Itália, é também o maior centro industrial e o principal entroncamento das vias de transporte do país. Em torno da cidade se desenvolveu um importante parque industrial, com indústrias mecânicas, de máquinas-ferramenta e material elétrico, metalúrgicas, têxteis, de cimento, vidro, borracha, anilinas e produtos farmacêuticos.
O centro-nordeste se estende da fronteira com a Áustria até Roma. Compreende as Três Venezas (Trentino-Alto Adige, Vêneto e Friuli-Venezia Giulia), a Emilia-Romagna, a Toscana, a Úmbria, as Marche e o norte do Lácio. Do ponto de vista da industrialização, essa região vem atraindo grande atenção desde a segunda metade da década de 1980, quando começou a se transformar no que os italianos hoje conhecem como "a terceira Itália" -- um importante aglomerado de prósperas cidades médias.
O sul da Itália, ou Mezzogiorno, é a região menos desenvolvida do país. Compreende a parte meridional do Lácio (a partir de Roma), os Abruzzos, Molise, Campânia, Apúlia, Basilicata, Calábria e as ilhas da Sicília e da Sardenha. De seus habitantes, conhecidos como meridionali, mais da metade trabalha na agricultura e menos de um quarto tem empregos industriais. A renda per capita equivale à metade da média encontrada no triângulo industrial do norte. Nápoles e Bari abrigam indústrias de petróleo, aço, alimentos, confecções e estaleiros. Mais de quarenta por cento da população economicamente ativa trabalha na indústria, enquanto somente a metade desse percentual está ocupada na agricultura. Dentre os setores industriais, o de mecânica é o mais importante, tanto em número de empregados como em valor da produção. Dois quintos das fábricas estão na Lombardia (principalmente na província de Milão), Piemonte e Ligúria. A mecânica pesada é forte em Sesto San Giovanni e Gênova, que também centraliza os estaleiros navais da costa da Ligúria. Dois terços dos navios construídos na Itália são lançados no trecho entre Pietra Ligure e La Spezia.
O principal centro da indústria automobilística é Turim, mas há fábricas também em Milão, Brescia e Desio. A indústria de máquinas elétricas também é importante no triângulo industrial. O potencial da planície padano-veneziana atraiu indústrias de máquinas, bicicletas, motocicletas e eletrodomésticos.
Finanças e comércio. O balanço cambial da Itália, embora desfavorável, equilibra-se com a receita do turismo, remessas de emigrantes e serviços diversos. Na pauta de importações destacam-se produtos alimentícios, metais e minerais, maquinaria e equipamentos, combustíveis e têxteis. Os principais fornecedores são a Alemanha, França, Estados Unidos e Países Baixos. As exportações mais importantes são máquinas e equipamento de transporte, massas alimentícias, produtos químicos, roupas, tecidos, fibras, ferro e aço.
Transportes e comunicações. A maior parte das importações da Itália entra no país por via marítima, e a frota mercante italiana é uma das maiores do mundo. Há também intenso movimento de passageiros e carga entre o continente e as ilhas. A navegação de cabotagem é intensa ao longo de toda a costa. Os portos mais importantes são os de Gênova, La Spezia e Livorno, na costa da Ligúria; Civitavecchia, Nápoles, Reggio di Calabria, Messina e Palermo, no mar Tirreno; Cagliari, na Sardenha; e Brindisi, Bari, Ancona, Veneza e Trieste, no Adriático.
A malha ferroviária é em grande parte estatal. Quase todo o sistema emprega a tração elétrica, e noventa por cento das estradas de ferro têm bitola internacional. As rodovias ligam as principais cidades do continente italiano e da Sicília, e se comunicam com os sistemas viários da França, Suíça e Áustria, através de túneis imensos, um deles sob o monte Branco. O transporte aéreo civil é controlado pela estatal Alitalia. Os aeroportos mais movimentados são os de Roma e Milão. O estado controla a telefonia e o serviço de correios e telégrafos. Embora exista um sistema oficial de rádio e televisão, empresas privadas também operam no ramo. (Para dados econômicos, ver DATAPÉDIA.)
História
A pré-história da península itálica se caracteriza por invasões de povos do norte. A distribuição desigual dessas vagas invasoras deu lugar a diferentes culturas regionais. As civilizações de Molfetta, Stentinello e Remedello apareceram no período neolítico; logo a seguir, a Itália entrou na proto-história, com a civilização das terramaras, no segundo milênio a.C., entre a idade do bronze e a do ferro, e cujo nome deriva do tipo de povoamento -- estações terrestres construídas sobre estacas, em zonas de lagos, com plataformas e cabanas de madeira -- que se estabeleceu na planície norte e se prolongou a sudeste, na costa oriental. Esses povos falavam dialetos indo-europeus, cremavam os mortos, cultivavam a cevada e o trigo, trabalhavam o metal e, ao que tudo indica, já conheciam o vinho.
Primeiros povoadores. A partir de aproximadamente 1100 a.C., a introdução do ferro superou a cultura do bronze, com o afluxo de uma nova onda de invasores: os vilanovianos (nome derivado do sítio arqueológico de Vilanova, perto de Bolonha). Quando chegaram à península, já encontraram uma população bem diversificada, formada por grupos indo-europeus presentes desde o período calcolítico (lígures, enganos, elímios e outros). Ao dominarem os vilanovianos, no século IX a.C., os etruscos fizeram a Itália se abrir para novas formas de cultura. Exploraram os minerais da Toscana e da ilha de Elba, criaram uma indústria de metais e tecidos, que comercializaram na região do Mediterrâneo. No século VIII a.C., controlavam rotas marítimas até o estreito de Messina. Nos séculos VII e VI a.C., dividiam o controle do Tirreno com Cartago e Massília.
A partir do século VIII a.C., os gregos começaram a colonizar o sul da península. Fundaram Nápoles e Paestum (atual Pesto) e estabeleceram vários núcleos na costa meridional e na jônica (Metaponto, Locros, Síbaris, Crotona, Reggio e outros), que vieram a formar a chamada Magna Grécia. Logo começaram as guerras; em 540 a.C., os etruscos aliaram-se aos cartagineses e derrotaram os gregos na batalha de Alália. A influência grega, contudo, esteve presente do século VIII ao século VI a.C., num vasto território que compreendia desde a Magna Grécia até a Apúlia e o Piceno, devido às relações comerciais. A partir de 474 a.C., a hegemonia etrusca limitou-se à planície padana (Bolonha etrusca). Com a revolta da aristocracia latina no fim do século VI a.C., formou-se uma república oligárquica e patrícia, que substituiu o regime monárquico dos etruscos. Alicerçado no campo, onde viviam os poderosos, o estado romano do século V a. C. representou um rompimento com as tradições etruscas em relação às atividades urbanas e ao comércio por via marítima.
Hegemonia de Roma. O Império Romano só veio a consolidar-se completamente em 42 a.C., após enfrentar lutas internas, dominar diversos povos (etruscos, volscos, latinos, samnitas) e submeter os invasores. O sistema imperial alterou profundamente a organização da Itália, com a diminuição dos poderes do Senado e a criação de diversos cargos intermediários (prefeitos, cônsules e outros). Pouco a pouco, os municípios perderam autonomia para prepostos dos governadores, que controlavam as finanças e se encarregavam de cobrar altíssimos impostos.
Dentre as invasões ocorridas no final do império, destacam-se a dos visigodos, comandados por Alarico (c.370-410), e a dos hunos, sob o comando do célebre Átila (452), que morreu antes de poder anexar os territórios que conquistara. No ano 476, Rômulo Augústulo, último imperador romano do Ocidente, foi deposto por Odoacro, rei dos hérulos. O governo passou para o Império Romano do Oriente; em Constantinopla, o imperador Zenão reconheceu a autoridade de Odoacro, que desejava governar como vice-rei da Itália e rei dos godos. Em 493, o chefe ostrogodo Teodorico venceu Odoacro. A instalação do reino ostrogodo na Itália não acarretou ruptura com a cultura romana. Teodorico preservou as antigas instituições, sem violentar o sistema de vida do povo. Sua morte, contudo, trouxe dificuldades para o reino, que caminhava para a estabilidade. O imperador bizantino Justiniano enviou então Belisário para reconquistar a Itália. Em 555, com a queda do último reduto gótico, a Itália caiu sob domínio bizantino.
Os lombardos, chefiados por Alboíno, invadiram a Itália em 568. Com o tempo, assimilaram grande parte do que restava da civilização romana, inclusive o idioma, principalmente em conseqüência da adoção do cristianismo, em meados do século VII. A paz dos lombardos com Bizâncio foi celebrada em 680. A partir de então, o equilíbrio da Itália passou a depender das relações do estado lombardo com o papa. O rei lombardo Astolfo, que reinou de 749 a 756, enfrentou duas expedições francas e teve de ceder terras ao papa. O acontecimento mais significativo, porém, foi a criação de um estado pontifício independente de Bizâncio e sob a proteção do rei franco. Pouco a pouco o papa foi substituindo o poder do imperador na Itália não lombarda. O papa Estêvão II pedira auxílio a Pepino o Breve, rei dos francos, a quem conferiu o título de patrício dos romanos, em troca do exarcado de Ravena e do ducado de Roma. Com a morte de Astolfo, Estêvão tentou obter os territórios mas Pepino o fez renunciar a tais pretensões.
Novos ataques dos lombardos levaram à intervenção dos francos, dessa vez sob Carlos Magno. Coroado  pelo papa Leão III, no ano 800, Carlos Magno criou o Sacro Império Romano-Germânico, cuja estrutura político-religiosa dominou a Europa até o Renascimento. O período que se seguiu a sua morte caracterizou-se pela desagregação do poder carolíngio na Itália e pelos constantes ataques dos sarracenos. Após conquistarem a Sicília, que ficou três séculos sob domínio árabe, os muçulmanos estabeleceram-se na península. Roma foi parcialmente saqueada no ano 846. Consolidaram-se, no entanto, os estados pontifícios no centro da Itália. No norte, estabeleceu-se um sistema feudal semelhante ao da Europa central.
Comunas. A partir do início do século XI, as freqüentes tensões entre o papado e o imperador em torno de questões do poder temporal, debilitaram o sistema feudal em todo o território italiano. Por essa época várias cidades tinham-se tornado prósperas devido ao comércio com o Oriente. O movimento comunal, que ganhou força a partir de 1080 no norte e centro da península, marcou durante muitos séculos a vida política da Itália. Veneza se transformou numa poderosa república, que comerciava com Constantinopla e o Mediterrâneo oriental; Amalfi, uma das principais cidades comerciais do Mediterrâneo, conseguiu eliminar os piratas do mar Tirreno; Gênova e Pisa se revelaram como potências marítimas. A partir do século XI, as comunas transformaram-se em cidades-estados; a assembléia-geral deu lugar a um conselho e à magistratura dos cônsules (proprietários de terras e comerciantes ricos). A cidade-estado absorveu as cidadelas rurais e as pequenas propriedades.
Interessados em manter a independência da igreja frente ao poder temporal, os papas entraram freqüentemente em choque com o imperador, devido às intromissões nas eleições papais e na nomeação dos bispos. Tomou corpo assim a questão das investiduras, que só se resolveu em 1122, com a concordata de Worms. A partir de 1155, a monarquia centralizada da família Hohenstaufen dominou o reino da Itália. Frederico I Barba-Roxa tornou-se imperador e reclamou para si os direitos reais usurpados pelas comunas, bispos e nobres. A resistência de Milão foi esmagada em 1162 e o papa Alexandre III aliou-se às cidades antiimperiais. Logo depois formaram-se as ligas veronesa (1164) e lombarda (1167). Após muitas lutas e revoltas, fez-se a paz com o papa em 1177. O filho e herdeiro de Frederico, Henrique VI, casou-se com a herdeira da Sicília, Constança, e conquistou o reino normando em 1194. Após sua morte, Constança renunciou em favor do filho menor, Frederico, coroado em 1212, após a morte do rei alemão Oto IV, que fora sagrado imperador em 1209. Ao contrário do que prometera ao papa, Frederico II não separou o reino da Sicília do império, e por isso foi excomungado e enfrentou a oposição da igreja até sua morte em 1250; em 1263, o papa Clemente IV investiu o francês Carlos de Anjou na Sicília e marcou o fim do período Hohenstaufen.
Domínio francês. O período em que a Itália esteve submetida aos franceses foi marcado por muitas lutas e pela oposição a Carlos de Anjou, e culminou com uma série de rebeliões e conflitos sociais no sul da península. A derrota final de Carlos de Anjou deu-se em Messina, e cresceu um movimento comprometido com as classes populares. Por essa época, os papas normalmente pertenciam a poderosas famílias italianas, que assim consolidavam seu poder.
Com a Itália sob a intervenção dos Valois, a ingerência dos papas nos assuntos franceses deu margem a conflitos com Filipe IV, o que levou à desintegração do poder papal na península; em 1303, os papas trocaram Roma por Avignon, na França. O poderoso Amadeu VI, conde de Savóia, restabeleceu a autoridade papal e em 1357, o papa retornou a Roma.
Renascimento. Em 1455, foi formada a Liga Italiana, ratificada pelo papa Nicolau V e que se tornou garantia para os estados menores. Livre de grandes guerras, a Itália gozou um período de prosperidade, em que todas as artes floresceram e os vários estados se aproximaram, em nome de interesses comuns. As instituições políticas, de caráter despótico, procuraram exercer autoridade direta sobre os estados da igreja. Por volta de 1490, a península experimentou o período de maior prosperidade, que marcou a fase mais brilhante da história italiana -- o Renascimento.
Por volta de 1500, começou novo período de lutas internas e renovadas intervenções estrangeiras: com Carlos VIII, herdeiro da casa de Anjou, e Luís XII da França, estabeleceu-se novo domínio dos franceses, expulsos em 1504. Em 1508 o papa Júlio II formou a Liga de Cambrai e pôs fim ao domínio territorial de Veneza. Em 1512 os suíços, membros da Santa Liga criada pelo papa, ocuparam a Lombardia e expulsaram os últimos franceses. No mesmo ano, a Liga restaurou o poder dos Medici em Florença. Os franceses voltaram à carga em 1515, quando Francisco I reconquistou o ducado de Milão, mas Carlos da Áustria, que já dominava os reinos espanhóis, foi coroado imperador do Sacro Império em 1519. Em 1530, após conquistar Milão e saquear Roma, tornou-se senhor da Itália.
Inquisição. Durante a supremacia espanhola, o reino italiano entrou em crescente declínio econômico. A guerra intermitente com a França recrudesceu. Carlos V entregou a Itália ao filho, o futuro Filipe II da Espanha, e transferiu todos os direitos imperiais sobre o território para aquele país. Em 1542, a Inquisição foi estabelecida em Roma e sufocou qualquer oposição política aos papas. Os estados ainda lutavam por manter seus privilégios. Contudo, a Itália sofreu os efeitos econômicos da descoberta do Novo Mundo, e perdeu a supremacia financeira e naval.
Entre 1713 e 1748 estabeleceu-se o domínio austríaco, marcado pelos conflitos entre Habsburgos e Bourbons. No período entre 1748 e 1792, os principais governantes da Itália procuraram remediar a miséria da população, a riqueza excessiva do clero e os abusos do privilégio senhorial. A expulsão dos jesuítas de Nápoles (1767) e o fim do tributo anual ao papa simbolizaram a emancipação dos governantes seculares em relação ao papado. As obras de intelectuais e cientistas e a popularidade da maçonaria indicaram nova fermentação política na Itália, às vésperas da revolução francesa.
Período napoleônico. O Diretório, que governava a França após a revolução, escolheu Napoleão Bonaparte para comandar as forças da Itália. Este, em rápida campanha, derrotou as forças piemontesas e conquistou Parma, Módena, Milão e Nápoles; logo depois, invadiu os territórios papais em Bolonha e Ferrara. Em meio a rebeliões, Napoleão reorganizou a península e criou as repúblicas Cisalpina (ao norte), Cispadana (Reggio nell' Emilia, Módena e Bolonha) e Partenopéia (Nápoles). Por um breve período, exércitos austro-russos derrotaram os franceses e derrubaram as repúblicas, novamente restauradas por Napoleão a partir de 1800.
Em maio de 1804, após a proclamação do primeiro império francês, Napoleão foi coroado rei em Milão e anexou Parma ao império. Ameaçadas de perderem a independência, as principais cidades tentaram juntar-se a uma coalizão anglo-austro-russa, mas depois de várias derrotas foram forçadas a reconhecer a presença de Napoleão, a entrega da Veneza austríaca ao rei da Itália e a ocupação da Ístria e da Dalmácia. Em 1808, após divergências com o papado, Napoleão ocupou Roma e proclamou o fim do poder temporal do papa. Roma foi anexada ao império como sua segunda cidade. Logo em seguida, reformas políticas instituíram o código napoleônico, um sistema comum de administração, rudimentos de educação pública e serviço militar obrigatório.
Risorgimento. A partir da batalha de Leipzig, em 1813, começou a invasão austríaca, com a ajuda de grupos patrióticos que acreditavam na independência após a derrota dos franceses. Os austríacos ocuparam a Lombardia mas não entregaram o poder aos patriotas, mais uma vez desiludidos. Com a restauração, os estados que haviam formado o reino da Itália foram tomados pela agitação revolucionária, organizada em sociedades secretas, como os carbonários e os federados. Movimentos revolucionários em Nápoles e Palermo (1820) e no Piemonte (1821) foram sufocados pelos austríacos. A influência da sociedade Jovem Itália, fundada em 1831 por Giuseppe Mazzini, espalhou-se rapidamente: propunha uma insurreição nacional que unificasse a Itália como república, mas o programa fracassou. Com a eleição do papa Pio IX, em 1846, começou a crise do Risorgimento. O novo papa aprovou reformas liberais que ameaçaram os austríacos e deram exemplo para outros estados. Logo a Toscana, a Sardenha e o Piemonte fizeram concessões democráticas, como a liberdade de imprensa.
O surto de liberalismo encorajou a revolução na Sicília, que em 1848 se proclamou independente da monarquia Bourbon. Logo depois, os soberanos da Toscana e do Piemonte outorgaram constituições a seus estados. Milão se rebelou e expulsou o exército austríaco; outra revolução, em Veneza, restaurou a república. Carlos Alberto, rei do Piemonte, acuou os austríacos e lhes declarou guerra.
A situação ficou fora de controle. Carlos Alberto abdicou em 1849, e seu sucessor, Vítor Emanuel II, apressou-se em firmar a paz. A Itália ficou à disposição dos austríacos. O exército popular de Giuseppe Garibaldi resistiu por algum tempo às forças francesas enviadas para restaurar o poder papal em Roma, mas a cidade foi logo tomada. O levante na Sicília foi esmagado e Veneza também capitulou. Ainda em 1849, um tratado de paz entre Áustria e Piemonte completou a pacificação.
Unificação da Itália. Em 1850 tornou-se primeiro-ministro do Piemonte Camillo Benso di Cavour, cuja carreira política confundiu-se com a marcha para a unificação da Itália. O Piemonte era o único estado italiano a possuir constituição liberal, e com habilidade política, Cavour conseguiu o apoio francês no secreto Tratado de Plombières e, em abril de 1859, forçou uma aliança franco-piemontesa contra a Áustria. Após as derrotas de Magenta e Solferino, a Áustria assinou a paz em Villafranca e cedeu a Lombardia, com exceção de Mântua e Peschiera, à França, que se comprometeu a repassar o território ao Piemonte. A Toscana, a Emilia-Romagna e os ducados de Parma e Modena somaram-se voluntariamente ao novo reino. Enquanto isso, Garibaldi invadia a Sicília à frente de um grupo de voluntários e expulsava de Nápoles o rei Francisco II. Alarmado com o êxito do caudilho, Cavour ocupou as Marcas e a Úmbria e convenceu Napoleão III a fazer apenas um protesto formal. Concordou que Roma e o Lácio continuariam sob o poder papal, enquanto o restante da Itália tornava-se um reino constitucional. Sem poder contar com o apoio popular, Garibaldi foi forçado a entregar Nápoles e a Sicília ao rei piemontês, a quem reconheceu como o novo monarca da Itália.
A maior parte da Lombardia passou para o Piemonte. Depois de um breve afastamento da chefia do governo, em 1860 Cavour ofereceu Nice e a Savóia à França em troca da unificação das províncias do norte e assegurou por plebiscito a união das províncias do centro e sul (exceto Roma e a Sicília) ao Piemonte. Em 17 de março de 1861, o Parlamento reunido em Turim proclamou formalmente o reino da Itália. A anexação de Veneza, em 1866, e de Roma, em 1870, completaram a unificação italiana. A Lei de Garantias (1871) assegurou ao papa completa liberdade eclesiástica.
De 1870 a 1914, os sucessivos governos trataram de implantar um programa de modernização econômica, administrativa e militar. Para equilibrar a situação financeira, o ministério formado em 1869 por Giovanni Lanza e Quintino Sella tratou de diminuir os gastos públicos e aumentar os impostos. Com a queda de Sella em 1873, assumiu a chefia do governo Marco Minghetti, que buscou combater a inflação. A ele seguiu-se Agostino Depretis, líder esquerdista do Risorgimento, que dominou a vida política italiana de 1876 até 1887. Hábil negociador, conseguiu realizar um governo estável apesar dos antagonismos, graças à política do "transformismo", que visava incluir nas minorias parlamentares e no gabinete elementos de extrema esquerda e extrema direita. Precavendo-se contra a possibilidade de um ataque da França, Depretis assinou a Tríplice Aliança, que uniu Itália, Alemanha e Áustria-Hungria, mas o fracasso da expedição colonizadora à Etiópia em 1887, na qual morreram 500 soldados italianos, determinou sua renúncia.
Depretis foi sucedido por Francesco Crispi, cujo governo inaugurou uma nova fase na política italiana, caracterizada por uma linha autoritária no plano interno e por uma ideologia expansionista que se expressou pelo estabelecimento de protetorados na África, por uma crescente hostilidade à França e por uma progressiva aproximação com a Alemanha. Foi substituído por Antonio di Rudinì, que renovou por mais 12 anos a Tríplice Aliança.
Primeira guerra mundial. Ao gabinete Rudinì sucedeu o do ex-ministro das Finanças de Crispi, Giovanni Giolitti, que adotou uma linha mais progressista e dominou a cena política do início do século XX até a primeira guerra mundial. Continuou as reformas internas, deu certa liberdade aos incipientes movimentos operários, criou uma avançada legislação social e protegeu a indústria do norte. Com algumas concessões, obteve apoio dos grupos católicos, e em 1913 instaurou o sufrágio universal. Foi sucedido por Antonio Salandra, político de direita, após demissão forçada.
A Itália proclamou-se neutra na primeira guerra mundial, mas depois se uniu aos aliados pelo Tratado de Londres, por interesse em terras do império austro-húngaro. Derrotados em Caporetto em 1917, os italianos resistiram e obtiveram ampla vitória em Vittorio Veneto (1918), mas os resultados foram decepcionantes: a conferência de Paris só concedeu à Itália uma parte dos territórios prometidos (o Trentino-Alto Adige). A intranqüilidade social se instalou, e as eleições de 1919 deram a vitória aos democrata-cristãos. Apesar de majoritários, os socialistas se recusaram a participar do governo e apoiaram uma série de greves, com ocupação de fábricas. Em 1920, a Itália celebrou com a Iugoslávia o Tratado de Rapallo, pelo qual ganhou quase toda a Dalmácia; ainda assim, a opinião pública não se satisfez. A burguesia, preocupada com o avanço do movimento operário, começou a apoiar maciçamente o movimento fascista, cujo líder, Benito Mussolini, encabeçou em 1922 uma marcha contra Roma, com o objetivo de tomar o poder. O rei Vítor Emanuel III, que sucedera ao pai, Humberto I, em 1900, depois de seu assassínio por um anarquista, convidou Mussolini a formar novo ministério.
Fascismo. Em 1924, com práticas duvidosas, Mussolini revalidou o poder nas urnas. A oposição questionou os resultados; o deputado socialista Giacomo Matteotti denunciou no Parlamento a violência fascista e pouco depois foi assassinado. Logo no início de 1925, o governo fascista modificou totalmente a estrutura e o funcionamento dos órgãos do estado. Todo o poder ficou concentrado nas mãos de Mussolini, que só nominalmente era responsável perante o rei. A Câmara dos Deputados foi substituída pela Câmara Fascista e de Corporações, com membros nomeados. Certas liberdades foram abolidas, como o direito de greve, expressão e associação. A oposição teve de emigrar ou agir na clandestinidade. Os comunistas pagaram caro por fomentar greves e infiltrar-se nas associações operárias fascistas. O líder do Partido Comunista Italiano (PCI), Antonio Gramsci, preso em 1926, morreu após 11 anos de prisão. Mas a existência ininterrupta do PCI e a luta clandestina criaram as condições para torná-lo um grande partido após a queda do fascismo. A estrutura do partido fascista se sobrepôs à do estado. Em 1929, o Tratado de Latrão restabeleceu a paz entre a Igreja Católica e o estado italiano: Mussolini concedeu ao papa a soberania sobre o estado do Vaticano e privilégios à igreja.
Segunda guerra mundial. A política expansionista que Mussolini levou a efeito na África, a partir da conquista da Etiópia, criou dificuldades com as democracias ocidentais, sobretudo França e Reino Unido. Após a invasão da Albânia, Mussolini se aproximou da Alemanha nacional-socialista durante a guerra civil espanhola. Ao iniciar-se a segunda guerra mundial, Mussolini declarou guerra aos aliados e empreendeu a conquista da Grécia.
A guerra representou uma sucessão de derrotas para o exército italiano, e o descontentamento interno cresceu. Em 1943, o Grande Conselho Fascista destituiu Mussolini, e Vítor Emanuel III nomeou chefe do governo o marechal Pietro Badoglio, que firmou com os aliados o armistício, em 3 de setembro do mesmo ano. Em abril de 1945, o líder fascista caiu em mãos dos partigiani (membros da resistência italiana), que o executaram, e no mesmo mês, as tropas alemãs capitularam ante os aliados.
República. Os resultados da guerra foram desastrosos para a Itália. Em 1946, Vítor Emanuel III abdicou em favor do filho, Humberto II, mas um plebiscito substituiu a monarquia pela república. O democrata-cristão Alcide De Gasperi, considerado o político italiano mais capaz desde Cavour, formou um governo de coalizão. As eleições para a Assembléia Constituinte deram vitória aos democrata-cristãos. Em janeiro de 1948 entrou em vigor a constituição republicana, e Luigi Einaudi foi eleito presidente da república. No ano seguinte a Itália participou da fundação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e tornou-se membro do Conselho da Europa.
Após De Gasperi, sucederam-se gabinetes de curta duração: Giuseppe Pella, Amintore Fanfani, Mario Scelba e Antonio Segni. Em 1963, o democrata-cristão Aldo Moro formou um governo de centro-esquerda e manteve-se no poder até 1968. Seguiram-se vários governos de coalizão: Mariano Rumor, Emilio Colombo (que fez aprovar a lei do divórcio, apesar da  oposição do Vaticano), Giulio Andreotti, novamente Rumor, Aldo Moro, Andreotti. Em 1978, Moro foi seqüestrado e morto pelas Brigadas Vermelhas, grupo terrorista de esquerda. No mesmo ano chegou à presidência o socialista Sandro Pertini, veterano da resistência contra o fascismo, que negociou com o Vaticano nova concordata, quando a Igreja Católica deixou de ser oficial.
Em 1979, Francesco Cossiga sucedeu a Andreotti como primeiro-ministro, mas renunciou em 1980. Seguiram-se Arnaldo Forlani, Giovanni Spadolini, Amintore Fanfani e Bettino Craxi, o primeiro socialista a governar o país. Nas eleições presidenciais, Francesco Cossiga sucedeu a Pertini. O governo Craxi sobreviveu às graves crises políticas que marcaram a década de 1980, principalmente a do navio Achille Lauro, quando o primeiro-ministro se recusou a entregar aos Estados Unidos os terroristas árabes responsáveis pelo seqüestro do barco e o negociador Abul Abas, enviado pelo líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat.
No começo da década de 1990, a Itália enfrentou três grandes desafios: os problemas econômicos, a luta contra a Máfia e o combate à corrupção. A dívida interna obrigou o governo a cortar os gastos públicos e iniciar privatizações. Na guerra contra a Máfia, em resposta ao assassínio de juízes e a atentados a bomba, a polícia prendeu vários líderes do crime organizado. No combate à corrupção, a "operação Mãos Limpas", iniciada em 1992, condenou dezenas de empresários, funcionários públicos e políticos.
Dois anos depois, o direitista Silvio Berlusconi, dono do segundo conglomerado de comunicações do país, fez uma aparição súbita e meteórica pela cena política italiana. Eleito primeiro-ministro, Berlusconi assumiu o cargo em maio, quando quando se divulgavam graves denúncias de extorsão, chantagem, roubos e falsificações contra a classe política que há décadas dominava o poder. Também atingido por um escândalo, que envolvia o grupo empresarial por ele controlado, Berlusconi passou a ser investigado pela "operação Mãos Limpas" e acabou renunciando ao cargo de primeiro-ministro em dezembro de 1994.
Incapaz de encontrar um sucessor para Berlusconi que obtivesse maioria no Congresso, o presidente Oscar Scalfaro nomeou um governo provisório formado por elementos que não pertenciam ao governo e liderado pelo economista Lamberto Dini, conhecido por suas tendências direitistas. Seu programa de governo incluía a solução para o enorme déficit italiano, mudanças na concessão de pensões e um novo sistema eleitoral regional.
Instituições políticas
A constituição italiana de 1948 estabelece como regime político a democracia parlamentar, com divisão de poderes. O Parlamento é composto da Câmara dos Deputados e do Senado. Os deputados (630) e senadores (315) são eleitos por cinco anos; há sete senadores vitalícios -- ex-presidentes da república e mais cinco personalidades nomeadas pelo chefe de estado, por seus méritos no campo das ciências ou das artes. Em 1993, emendas constitucionais determinaram que 75% dos senadores e deputados fossem eleitos por voto majoritário e os restantes segundo um sistema de representação proporcional. Embora os cidadãos possam votar com 18 anos, só os maiores de 25 anos podem votar para o Senado.
O presidente da república é eleito por um colégio eleitoral formado pelas duas câmaras do Parlamento e por 58 representantes regionais, e tem mandato de sete anos. Como chefe de estado, nomeia o primeiro-ministro, mas a indicação requer aprovação parlamentar. O presidente da república não pode ser destituído pelo Parlamento, que, no entanto, tem o poder de demitir o primeiro-ministro.
Dois grandes partidos, o Democrata Cristão e o PCI, passaram a dominar a cena política depois da segunda guerra, mas a Democracia Cristã, sozinha ou em coalizão com partidos menores, sempre esteve à frente do governo.
Politicamente, a Itália está dividida em vinte regiões administrativas, que correspondem em termos gerais à divisão histórica do país antes da unificação. Cinco delas possuem maior autonomia e um sistema administrativo mais complexo: Valle d'Aosta, Trentino-Alto Adige, Friuli-Venezia Giulia, por serem regiões de fronteira com características lingüísticas e sociais diferenciadas, e as grandes ilhas da Sicília e Sardenha. As regiões estão subdivididas em províncias e municípios.
Sociedade
Mais de noventa por cento da população italiana é declaradamente católica romana, mas na segunda metade do século XX observou-se um declínio no número de católicos praticantes. Em 1984 deixou de haver qualquer religião oficial, aboliu-se o ensino religioso compulsório nas escolas públicas e foram reduzidas as contribuições financeiras oficiais à igreja. Em 1967 foi fundada a Federação das Igrejas Evangélicas da Itália, que congrega luteranos, batistas, metodistas e membros de outras denominações.
A constituição garante a liberdade de arte, ciência e ensino, a existência de escolas particulares e a autonomia universitária. A educação é compulsória entre os seis e os 14 anos. O sistema escolar começa no jardim da infância, para crianças de três a seis anos. O primeiro grau destina-se a crianças do seis aos 11 anos, e o segundo grau dos 11 ao 14, mas os alunos interessados em educação musical são encaminhados diretamente aos conservatórios. A educação pós-secundária não é obrigatória e engloba uma vasta gama de escolas técnicas, de comércio, arte, pedagogia e escolas preparatórias para os cursos universitários clássicos e científicos. O ensino superior é público em sua grande maioria.
A Itália possui um sistema bastante amplo de previdência social, que cobre a grande maioria da população. Todos os serviços sociais e benefícios em casos de doença, acidente, deficiência, velhice e desemprego, são prestados por diversas repartições públicas, das quais a maior é o Instituto Nacional da Previdência Social. Existe uma ampla rede de saúde pública financiada pelo governo e baseada em unidades sanitárias locais. (Para dados sobre sociedade, ver DATAPÉDIA.)
Cultura
A Itália é pródiga em tesouros de arte, criados sobretudo durante o Renascimento. Esses tesouros estão presentes tanto nas pequenas cidades medievais quanto nos grandes centros culturais, como Florença, Roma e Veneza, onde a fortuna de poderosas famílias pôde sustentar todo um florescimento das artes.
Música. As primeiras manifestações musicais registradas na Itália surgiram na igreja, nos primeiros séculos do cristianismo. Sua base é o cantochão (cantus planus). A primeira figura de destaque foi são Gregório Magno, papa entre os anos 590 e 604, que deu à música uma organização convincente, fundou uma escola de canto e mandou escrever o antifonário. No século XI, a figura mais importante foi Guido d'Arezzo, que sistematizou a notação musical.
A Renascença do século XIII marcou o início da fusão entre a música erudita e a profana. Surgiram a ballata (associação de música e poesia), cujo grande representante foi Niccolò da Perugia, e o madrigal, estruturado por Giovanni da Cascia. Nos séculos XV e XVI surgiram vários gêneros musicais na Itália. A influência flamenga foi marcante na obra de Adriaan Willaert, que fundou a escola instrumental de Veneza e deixou missas, motetes, salmos, hinos e madrigais. Os gêneros mais típicos do século XVI foram a frottola, o madrigal e a vilanella. Na música religiosa surgiu a polifonia, que alcançou a realização mais plena com Palestrina.
No século XVII  as manifestações profanas expressaram-se por meio da ópera, de que foi pioneiro Jacopo Peri. Na música instrumental multiplicaram-se as sonatas, suítes, cantatas e concerti grossi, enquanto o oratório tornou-se o novo gênero na música religiosa. O organista Girolamo Frescobaldi fez florescer a tocata. Na escola de Veneza, Claudio Monteverdi deu maior dramaticidade à ópera, mas a ópera napolitana, com Alessandro Scarlatti, teve maior vigor lírico. No gênero bufo, destacou-se Giovan Battista Pergolese.
No oratório, os maiores nomes da época foram Giacomo Carissimi e Alessandro Stradella, a quem se deve também o pioneirismo das cantatas de câmera e dos primeiros concerti grossi. Arcangelo Corelli, Felice Dall'Abaco, Tomaso Albinoni e sobretudo Antonio Vivaldi foram os destaques nos concertos grossos. Sua influência foi marcante na obra de Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Haendel e outros. Nas obras de Francesco Maria Veracini, Giuseppe Tartini e Domenico Scarlatti, o estilo instrumental do rococó alcançou expressão inigualável. O violoncelista Luigi Boccherini  introduziu o quinteto nas orquestras de câmara, com a adição de um segundo violoncelo.
No século XVIII, o teatro dominou a cena musical com força total, com destaque para Domenico Cimarosa. Niccolò Jommelli, Tommaso Traetta e Niccolò Piccinni anteciparam o estilo de Gluck. No Romantismo do século XIX, o destaque na música instrumental foi Niccolò Paganini, o maior virtuose do violino de todos os tempos. As figuras que realmente marcaram o estilo musical italiano nesse século foram os operistas Gioacchino Rossini, Vincenzo Bellini, Gaetano Donizetti, que se destacou em todos os gêneros operísticos, e Giuseppe Verdi, cuja obra reflete todo o cenário social e político da Itália na época do Risorgimento, graças às constantes alusões ao patriotismo. O verismo, estilo que afirmou o direito do artista de representar a realidade de forma absoluta, está representado na ópera italiana por Pietro Mascagni,  Ruggero Leoncavallo, Umberto Giordano e Giacomo Puccini.
O início do século XX caracterizou-se como período neoclássico, com tentativas de retorno à música instrumental. O único compositor posterior a Puccini a se tornar conhecido internacionalmente foi Ottorino Respighi, cuja obra une os elementos tradicionais a uma certa tendência ao modernismo. Luigi Dallapiccola foi o primeiro representante do dodecafonismo na Itália e Luigi Russolo tornou-se o maior nome da música concreta.
Arquitetura, escultura e pintura. No século IV, a decoração das catacumbas marcou as origens da pintura e escultura ocidentais. Com o reconhecimento oficial do cristianismo, iniciou-se a construção de santuários por toda a Itália, com destaque para as basílicas. A principal foi a antiga basílica de São Pedro, erguida no Vaticano no ano 344 e hoje desaparecida. A catedral de Ravenna, em estilo bizantino, foi erguida em 390. A igreja de San Giovanni Evangelista, o mausoléu de Galla Placidia e o batistério dos Ortodoxos datam do século V. A igreja de San Vitale é a última obra-prima da arte antiga em Ravenna.
A partir do século VIII, o mosaico renasceu na Itália; até 840, a igreja acolheu muitos artistas orientais. A arquitetura sofreu influência lombarda, principalmente em Pavia, Monza e Milão. Na pintura, o mosaico com fundo de ouro predominou até o século IX, e os afrescos mantiveram a tradição romana ao lado da grega. A escultura mais notável do período é o famoso altar de ouro de Sant'Ambrogio (Milão), assinado por Vuolvinius, que resume a arte carolíngia.
Dos séculos XI a XIII, a fusão dos estilos antigos e novos da cristandade do Ocidente e do Oriente se traduziu em novas e poderosas formas arquitetônicas: a nova basílica ambrosiana em Milão, o conjunto de Pisa, o batistério de Parma, a igreja de San Miniato em Florença. A escultura fundiu tendências rústicas com experiências mais sofisticadas. A pintura denota antecedentes carolíngios. Em Verona, foi construída a basílica de San Lorenzo, cuja fachada representa o último estágio ornamental lombardo. A basílica de San Marco, em Veneza, é um dos mais ricos tesouros da cristandade; seus mosaicos foram completados e restaurados continuamente, até o século XIX.
Na Toscana, a igreja de San Miniato (século XI) resume toda a arquitetura românica florentina. Em Pisa e Lucca, o tema da pintura é o crucifixo; em Florença e Siena, a madona. Em Roma floresceram o mosaico e a arte dos marmoristas, com destaque para Jacopo de Lorenzo e seu filho Cosma. A assimilação das formas lombardas revela-se na igreja de Santa Maria di Castello (1121) e o reencontro com a tradição basilical na de Santa Maria Maggiore (século XII).
No século XIII, os estilos se transformaram em toda a Itália, em virtude da pregação franciscana. Formou-se em Roma uma escola de mosaicistas e afresquistas, em que sobressaíram-se Pietro Cavallini e Jacopo Torriti. O pintor mais importante foi Giovanni Gualtieri Cimabue, que executou todos os afrescos da igreja, entre 1277 e 1281. A reação gótica, que penetrou na Itália pelo Lácio e pela Sicília, mostra-se nas abadias de Fossanova e de Casamar. A renovação da escultura deveu-se a Nicola Pisano e seu filho Giovanni, a partir de 1270. Na arte da miniatura, a influência grega se manteve, sobretudo na Lombardia.
No século XIV, o santuário de Assis, a igreja de San Domenico em Perugia e a capela de Santa Maria della Spina, em Pisa, foram exemplos do estilo gótico difundido em toda a Itália. A obra mais singular da época é o Duomo de Florença (catedral de Santa Maria del Fiore), cuja direção foi entregue a Arnolfo di Cambio e depois a Giotto, que iniciou a construção do célebre campanário. Filippo Brunelleschi, na terceira fase, construiu a cúpula.
A grande figura da pintura foi Giotto, que deu maior expressão ao estilo figurativo. Na capela Bardi de Santa Croce (1317-1323) está a versão definitiva da lenda de são Francisco de Assis, por Giotto. Em Siena estão as obras-primas de Duccio di Buoninsegna e Pietro Lorenzetti. Em Florença, destacaram-se na pintura monumental Giovanni da Milano, Altichiero e Giusto Menabuoi. Gentile da Fabriano e Antonio Pisano foram os mestres na escola fundada por Altichiero.
Renascimento: o Quattrocento. Com a volta do papado para Roma, as principais cidades italianas voltaram a receber encomendas de arte. A obra de Antonello da Messina integrou a Itália ao desenvolvimento da arte ocidental. Em Florença, Brunelleschi inaugurou um novo estilo arquitetônico. Destacaram-se também Leon Battista Alberti e os irmãos Bernardo e Antonio Rosselino. Donatello, uma das mais complexas figuras da arte italiana, influenciou arquitetos, decoradores e escultores. Na pintura, firmaram-se Masaccio, Domenico Veneziano, Andrea del Castagno e Antonio Pollaiuolo, este também notável escultor. Os principais pintores foram Stefano di Giovanni, dito il Sasseta, Giovanni di Paolo e sobretudo Piero della Francesca.
Durante o quattrocento, Roma se tornou o centro da arquitetura e para lá acorreram artistas de todas as regiões, especialmente da Toscana. Na arquitetura assistiu-se à fusão do gótico e do estilo árabe; na pintura, as ligações com a Espanha, França e Flandres se manifestam claramente e Antonello da Messina representou a fusão dos estilos italiano e flamengo. Em Florença, sobressaíram-se Lorenzo Monaco e fra Angelico. Desenvolveu-se também a ilustração de livros litúrgicos. Em Veneza, os artistas florentinos trazidos pelos doges influenciaram a arte de Antonio Vivarini. Os Bellini (Jacopo e seus filhos Gentile e Giovanni) definiram a pintura veneziana.
Leonardo da Vinci, aluno de Verrochio, foi o herdeiro de todas as aspirações do quattrocento florentino em todas as artes. Produziu pouco e de sua pintura subsistem só raras obras, várias delas inacabadas. Afora Leonardo, Sandro Botticelli é o maior pintor florentino da época; sua linguagem valoriza os contornos em detrimento da atmosfera. Inicialmente influenciado por Verrochio, tornou-se depois pintor de alegorias mitológicas intensamente poéticas.
O Cinquecento. Na primeira década do século XV, Florença ressurgiu como centro de arte, mas a escola romana, desenvolvida em torno de Rafael, cresceu em importância. O primeiro grande arquiteto foi Donato Bramante, com quem o classicismo voltou a dominar o efeito de conjunto. Rafael Sanzio, pintor, escultor e arquiteto, tem como ponto alto de sua obra os trabalhos do Vaticano. Como arquiteto, procurou acentuar o valor pictórico das estruturas de harmoniosa geometria. A extraordinária personalidade de Michelangelo Buonarroti afirmou o ideal neoplatônico da beleza e opôs o espiritual ao material, numa linha que diverge completamente da pintura de Leonardo e Rafael e da arquitetura de Bramante. Pintor, escultor, arquiteto e poeta, foi um dos maiores artistas de todos os tempos.
Sob a influência de Leonardo, o norte da Itália foi palco de movimentos paralelos ao classicismo romano, com destaque para a arquitetura de Bartolomeo Suardi, a pintura de Bernardino Luini, Gaudenzio Ferrari, fra Bartolomeo e Andrea del Sarto e a escultura de Jacopo Sansovino (ou Jacopo Tatti), Vincenzo Scamozzi e Michele Sanmicheli. Com a revolução "luminista", a pintura de Giovanni Bellini foi ampliada por Ticiano, que deu continuidade e prestígio à pintura veneziana em toda a Europa. Antonio Allegri, o Correggio, foi um temperamento voluptuoso. Isolado em Parma, captou como nenhum outro a ternura do erotismo.
O maneirismo, tendência surgida com a Contra-Reforma, difundiu-se por toda a Europa a partir de 1540. O escultor Benvenuto Cellini foi a grande personalidade do período. Na pintura, destacaram-se Jacopo da Pontormo e Agnolo Tori. Em Veneza, o maneirismo arquitetônico está representado na obra de Palladio. A crise na pintura foi superada pelo gênio de Ticiano na velhice e por Tintoretto, Veronese e Bassano. A Roma de meados do século voltou-se para as grandes decorações pintadas, em que se destacou Daniele da Volterra, o mais imaginoso dos discípulos de Michelangelo.
O barroco. A arquitetura foi a arte que melhor caracterizou o estilo barroco, no período de 1620 a 1750. Sua vitalidade transbordante deu asas ao gênio de Gian Lorenzo Bernini, cuja primeira obra importante é o baldaquino de São Pedro, sob a cúpula de Michelangelo. Francesco Borromini foi o único arquiteto puro entre os mestres do barroco. Michelangelo Caravaggio realizou a revolução pictórica do século, por meio do vigoroso sentimento realista, em composições grandiosas, como as de Santa Maria del Popolo, em Roma.
Séculos XIX e XX. A criatividade dos artistas plásticos italianos pareceu eclipsar-se durante o século XIX, quando a França passou a dominar a cena artística. No início do século XX o movimento futurista, fundado em 1909 pelo escritor Filippo Tommaso Marinetti, abriu uma nova etapa de experiências e indagações para a arte italiana, que tomou novo impulso. Na pintura, a tendência foi expressada por Giacomo Balla, Carlo Carrà, Umberto Boccioni e Gino Severini, enquanto a pintura metafísica de Giorgio de Chirico trilhou caminho totalmente oposto. Giorgio Morandi pintou naturezas-mortas extremamente expressivas. Outros renovadores foram Amedeo Modigliani, célebre por suas figuras longilíneas, Alberto Magnelli e Massimo Campigli. Na escultura destacaram-se Medardo Rosso, Umberto Boccioni e Marino Marini. A partir de 1948, a arte italiana foi revitalizada com as bienais de Veneza, que contribuíram para divulgar na Itália as principais realizações da arte moderna.
Cinema. Com um dos melhores cinemas do mundo, a Itália tem uma filmografia vasta e variada, que abrange desde a comédia ao drama. Em pleno pós-guerra surgiu o movimento denominado neo-realismo, que teve como expressões principais Vittorio de Sica, Luchino Visconti e Roberto Rosselini. Outros nomes de peso sucederam a esses mestres, como Pietro Germi, Giuseppe De Santis e Alberto Lattuada. O neo-realismo celebrizou também alguns atores de valor, como Aldo Fabrizi, Anna Magnani, Silvana Mangano e Raf Vallone.
Na comédia, destacaram-se De Sica, Mario Monicelli e Germi. Para atrair o grande público, o cinema italiano continuou a explorar o filão da comédia regional, como são exemplos os filmes de Luigi Comencini, que também teve seus atores e atrizes de primeira linha, entre eles o próprio De Sica e duas das principais divas do cinema italiano, Gina Lollobrigida e Sophia Loren. Da série de comédias saiu um cineasta, Dino Risi, que se notabilizou na comédia dramática. O grande comediante do período pós-guerra foi Totò (Antonio de Curtis Gagliardi), que atuou em dezenas de filmes.
Federico Fellini, um dos expoentes do cinema mundial, foi autor de obras-primas. Outros cineastas que merecem citação especial são os irmãos Vittorio e Paolo Taviani, Visconti, Bernardo Bertolucci, Francesco Rosi, Mario Monicelli, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Mauro Bolognini e Gillo Pontecorvo.

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